Descartado para História
Ezio Rodrigues (Palestrinha)
Nessa temporada que se encerrou em novembro, o torcedor tricolor teve muitos motivos para sorrir. Mesmo depois de ter perdido o Campeonato Cearense para o arqui-rival Ceará; o Fortaleza retorna em 2019 para Série A do Brasileirão, depois de 12 anos. E o grande responsável pela volta do orgulho de ser leão, foi o técnico Rogério Ceni.
Nascido em Pato Branco, cidade que fica ao sudoeste do Paraná, Rogério Mücke Ceni foi goleiro revelado pelo Sinop/MT em 1990. No mesmo ano foi vendido ainda jovem ao São Paulo, clube que durante 25 anos consecutivos defendeu e viveu alegrias e tristezas como também acumulou títulos e recordes individuais, por exemplo, hoje ele é o goleiro que mais fez gols no mundo (com 132 gols) e o jogador que mais vezes foi capitão de uma mesma equipe (com 982 jogos).
Com tantos números expressivos como jogador, Rogério Ceni hoje treinador, não teve uma vida fácil nessa nova função. Depois de aposentar as luvas, aceitou a proposta de dirigir o São Paulo, clube a qual se identifica muito. Então o que era pra ser um casamento perfeito se tornou um pesadelo para Rogério. O time ao longo da temporada se desmanchava com a venda dos principais jogadores e os que vinham sendo contratados não tinham bom desempenho como esperado, o esquema tático e a rodagem de jogadores deixavam torcedor e diretoria insatisfeitos. O resultado de tudo isso foi que em 37 partidas (com 14 vitórias, 13 empates e 10 derrotas) o então treinador foi demitido.
Mas na vida tudo pode mudar, e para Rogério Ceni não foi diferente. No final de outubro pra começo de novembro de 2017, o treinador foi contratado pelo presidente do Fortaleza, Marcelo Paz para comandar o time no ano de seu centenário. Naquele momento Rogério viu a oportunidade de dar uma grande guinada na carreira e dar a volta por cima depois do infortúnio no São Paulo.
O começo do primeiro semestre deste ano não foi fácil, mesmo com bom começo de Campeonato Cearense, o time em algumas partidas mostrava ser um pouco inconsistente devido ao método de rodar o elenco que para Rogério Ceni, era importante, pois queria conhecer o potencial do time na qual hoje, estamos muito familiarizados. Mas essa abordagem foi muito arriscada, pois vencer o time rival Ceará e conquistar o título cearense era quase que uma obrigação por parte da torcida e da imprensa local. O título não veio e muitos pediram sua demissão, mas Marcelo Paz confiava em seu trabalho e o resultado não demorou muito a aparecer.
Finalmente a Série B do Brasileirão, a torcida esperava que depois do semestre passado o time pelo menos permanece, mas o que ela viu foi algo que nem mesmo o torcedor mais positivo poderia imaginar. O time era implacável dentro e fora de casa, dominava os adversários com maestria e quando não jogava bem mostrava uma raça que lembrava para muitos, os times que tinha dos anos 2000. Nessa “Jangada Atômica” como torcedor apelidou o tricolor, Rogério Ceni deu uma virada na temporada e conquistou Série B, seu primeiro título como treinador profissional, seus números dentro da competição são de 21 vitórias, 8 empates e 9 derrotas de 38 partidas(sendo 36 como líder do campeonato). Números que fazem o técnico, se não o maior treinador do clube ou um dos melhores em sua história recente. Do resto e outra história caros leitores.