Custo de produção de frangos com alto nível bem-estar é somente 13,4% mais caro que o convencional

Segundo relatório da Proteção Animal Mundial, o custo por quilo de ave viva criada com alto nível de bem-estar é somente R$ 0,38 mais caro.

Pesquisa da Proteção Animal Mundial, organização não-governamental com foco em bem-estar animal, revela que os custos para a criação de frangos com melhores índices de bem-estar são mais baratos do que se estimava. No Brasil, de acordo com os dados levantados pela Universidade de Wageningen, da Holanda, líder mundial em pesquisa agropecuária, o custo para a criação das aves em sistemas com alto nível de bem-estar é 13,4% mais caro do que os sistemas convencionais, uma diferença de R$ 0,38 (€ 0,08) por quilo de ave viva. O baixo custo acaba com desculpas de produtores, varejistas e restaurantes que mantêm bilhões de frangos ao redor do mundo em criações intensivas cruéis com os animais.

Realizado em cinco mercados – Brasil, China, Estados Unidos, Holanda e Tailândia, o estudo considerou três sistemas diferentes de criação: o sistema fechado, que apesar dos péssimos níveis de bem-estar vem crescendo no Brasil; o sistema convencional, o mais comum nas criações brasileiras; e o sistema  com altos índices de bem-estar, como luz natural, mais espaço para os frangos se movimentarem e expressarem seus comportamentos naturais, entre outros. O estudo calculou o custo de produção por quilo da ave viva em todos os sistemas, sendo aproximadamente R$ 2,61 (€ 0,62) para o sistema fechado, R$ 2,70 (€ 0,64) para o convencional e R$ 3,03 (€ 0,72) para o sistema com os melhores níveis de bem-estar.

“Nosso estudo comprova que o sistema com maior bem-estar é economicamente viável. O aumento do custo de produção é muito pequeno e o investimento pode ser recuperado rapidamente. Por um custo tão baixo, não podemos mais negligenciar o bem-estar dos frangos,”, afirma a coordenadora de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial, Paola Rueda, lembrando que anualmente mais de 60 bilhões de frangos são criados para o consumo humano, sendo a maior parte deles em condições precárias, sem nenhum nível de bem-estar.

“A criação industrial intensiva é fonte de sofrimento para os frangos. O crescimento rápido, causa problemas locomotores, dores constantes e sobrecarga no coração e pulmões, entre outros problemas, resultando em perdas para as granjas e, consequentemente, um acréscimo de valor para o consumidor final”, explica Paola, citando que nos Estados Unidos estima-se que são perdidos cerca de US$ 200 milhões por ano devido aos sistemas de criação atuais.

O bem-estar dos frangos também é uma preocupação crescente entre os consumidores finais, que acabam pressionando restaurantes, varejistas e produtores. Segundo pesquisa de 2017 da Proteção Animal Mundial, 79% dos brasileiros acreditam que os animais de fazenda não são bem tratados no Brasil. O levantamento mostra ainda que o tema de bem-estar animal está em alta: 90% das pessoas acredita que proteger animais deveria ser uma prioridade no país. Há também uma predileção por sistemas de criação livre de gaiolas para os animais, por conta da qualidade de vida que este método proporciona aos animais.

“Vemos uma preocupação crescente dos brasileiros com as questões referentes ao bem-estar animal e o impacto disso, tanto para os animais, quanto para os seres humanos. É necessário mudar, com extrema urgência, os sistemas de produção, pelo benefício de todos”, finaliza Paola.

Sobre a Proteção Animal Mundial (World Animal Protection)

A Proteção Animal Mundial move o mundo para proteger os animais por mais de 50 anos. A organização trabalha para melhorar o bem-estar dos animais e evitar seu sofrimento. As atividades da organização incluem trabalhar com empresas para garantir altos padrões de bem-estar para os animais sob seus cuidados; trabalhar com governos e outras partes interessadas para impedir que animais silvestres sejam cruelmente negociados, presos ou mortos; e salvar as vidas dos animais e os meios de subsistência das pessoas que dependem deles em situações de desastre. A organização influencia os tomadores de decisão a colocar os animais na agenda global e inspira as pessoas a mudarem a vida dos animais para melhor. Para mais informações acesse: www.protecaoanimalmundial.org.br.

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