Cultura e memória precisandodo olhar do poder público
Falta de material de serviço, atendimento ao público improvisado, funcionários limitados na sua competência profissional, estresse do público que procura o serviço, improvisações, danos materiais de peças não conservadas. Enfim, serviço público sem o menor controle de qualidade e total desrespeito à cultura, à memória e ao patrimônio editorial e documental da sociedade cearense.
Há mais de dois anos atendendo em um galpão da Antiga Rede Ferroviária Federal no Ceará – RFFESA – na Praça Castro Carreira – Estação – o Arquivo Público do Estado do Ceará chegou ao “fundo do poço”, conforme afirmou uma senhora que buscava informações de um parente militar, ao perceber que as suas necessidades não seriam atendidas tão rápidas como informou a ela um dos Cartórios instalados no centro de Fortaleza.
Apesar da paciência, esforço e até dedicação dos funcionários, é impossível atender bem no atual ambiente. As demandas dos cartórios, para surpresa de muitos, são elevadas, para corrigir erros e busca de cópia de documento pedido. Os funcionários são obrigados a sair do ambiente de trabalho para tirar cópia de documento arquivado em um shopping na praça. Em algumas vezes esse serviço é feito na estrutura da Biblioteca Pública, mas também sempre está com defeito ou sem toner, conforme reclamações.
Três em um
Nesse desconfortável galpão da antiga Rede Ferroviária atualmente funcionam três importantes setores para a memória do Estado do Ceará: A Biblioteca Pública Estadual Menezes Pimentel; Arquivo Público do Estado e o Museu (também improvisado) da história da ferrovia cearense.
Em todos esses setores pode-se colher dados sobre os danos irreparáveis da conservação da nossa história. Primeiro, o sumiço de peças – fotos e até equipamentos relevantes – da história da ferrovia, conforme também fonte que prefere não se identificar. Segundo, o manuseio improvisado do material que está no lugar improvisado e o que ficou no prédio sede do arquivo, também no Centro, rua Senador Alencar. Terceiro, a situação da Biblioteca Estadual.
Desde o início desse ano, a hemeroteca (coleções de jornais, revistas, etc.) já se encontra no prédio sede totalmente reformada na Avenida Leste Oeste, vizinho ao Cento Cultual Dragão do Mar. O prédio foi totalmente reformado, no entanto, conforme fonte da repartição, os móveis “foram totalmente destruídos pela construtora”, portanto, a impossibilidade de transferir os serviços definitivamente para o prédio sede.
Desilusão
O grande problema é a desilusão dos funcionários dedicados ao serviço de alta qualificação técnica que tinham inúmeros projetos de catalogação, restauração, conservação, etc., de peças quase que totalmente destruídas. Muitos jornais que já estavam em péssimas condições de uso em pesquisa, depois desse vai e vem, tiveram que ir para o “porão”, quer dizer indisponível à pesquisa.
Afora os funcionários e pesquisadores que se queixam das dificuldades de obter os serviços nesses órgãos, nenhuma fonte da Secretaria de Cultura soube informar sobre o atendimento normal dos serviços em data certa.