Cufa e Frente Nacional Antirracista lançam campanha Favelas com Yanomamis para construir dois polos de saúde para atender os indígenas, em Roraima

Campanha tem como meta arrecadar R$ 3 milhões e previsão de lançamento da Pedra Fundamental em 1º de março.

Convocada pela Cufa Roraima, que já atua na região há mais de 10 anos, para uma missão capitaneada pela Central Única das Favelas (Cufa) e pela Frente Nacional Antirracista, chegou à capital do estado, Boa Vista, no dia 24 de janeiro, uma comitiva composta pelo fundador da instituição e CEO da Favela Holding Celso Athayde, pelo presidente da Cufa Preto Zezé, pela paraibana e copresidenta Kalyne Lima e o baiano diretor nacional da logística Marcio Lima.

Depois de cumprir uma agenda com autoridades, incluindo o prefeito Arthur Henrique e o  governador Antonio Denarium, com a equipe da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e, sobretudo, após a visita a Surucucu, região importante de muita concentração de Yanomamis, a comitiva decidiu lançar a campanha Favelas com Yanomamis, que foi anunciada na última quinta-feira (26), durante coletiva para imprensa.

A motivação da campanha foi o diagnóstico. Além da fome, outro grande problema enfrentado pelos povos indígenas é a falta de acesso à saúde, pois se encontram a mais de uma hora de avião da capital, Boa Vista.

A Cufa e a Frente Nacional Antirracista pretendem construir dois polos de saúde, um em Surucucu, outro em local a definir, a fim de atender a população Yanomami e outros indígenas que não conseguem ter acesso aos centros hospitalares da capital. A campanha deve mobilizar parceiros e a sociedade civil com o objetivo de arrecadar R$ 3 milhões.

“Ao chegar nos locais, verificamos que antes da fome, a questão da saúde indígena, segundo as pessoas que conversamos, está precária há muito tempo. Junto a isso ainda tem as mudanças climáticas. As chuvas intensas impedem que consigam os alimentos,  comprometendo a nutrição, principalmente, de crianças e idosos, já que a prioridade, pela lógica indígena, são dos homens que saem para caçar. Depois as mães, que cuidam das crianças e das aldeias, e, por último, as crianças”, explicou Kalyne Lima, copresidente da Cufa.

A mobilização para a arrecadação da campanha Favelas com Yanomamis começa hoje (27) e segue até 27 de fevereiro, com a previsão da pedra fundamental dos pólos de saúde ser lançada no dia 1º de março.

“A questão da fome é algo que agrava todas as outras situações e produziu as cenas que chocaram a todos nós. O acesso é outro desafio que se impõe, já que em alguns locais só é possível chegar por via aérea, como foi o caso da nossa visita”, disse Preto Zezé, presidente da Cufa Nacional.

Para a arrecadação, as instituições esperam contar, mais uma vez, com a ajuda da sociedade civil e da sua rede de parceiros locais.”A Cufa já trabalha em Roraima há mais de 10 anos e temos por prática apoiar as Cufas nos seus respectivos estados, cidades e favelas onde existe uma demanda muito grande e onde não há braços suficientes para atender. Vamos ativar e fortalecer aqui mais ainda a nossa rede local. Queremos ajudar a equacionar este grande problema de saúde junto com as autoridades competentes”, explicou Celso Athayde. “Vamos mobilizar a nossa rede de parceiros, que foi tão importante na pandemia e em outros momentos, para cumprir essa nobre missão”, concluiu.

Em resposta às demandas do diagnóstico resultante da escuta, a Cufa apresentou, na coletiva de imprensa realizada ontem (26), as seguintes iniciativas:

A – Fortalecimento das ações da Cufa Roraima, já que além das favelas que já recebem apoio desde antes da pandemia, existe a situação dos imigrantes venezuelanos que somam mais de 115 mil pessoas no estado de Roraima;

B- Realização de uma campanha nacional com os parceiros, durante o período de 27/01 a 27/02, para mobilização de recursos para construção de dois polos de saúde, um na região do Surucucu e outro a ser escolhido após nova escuta e diálogo com o território e a Funai. O compromisso é  iniciar as obras no dia 1 de março;

C – Independentemente da performance da campanha, a Cufa e a FN se comprometem a honrar o compromisso da construção dos dois polos, caso a campanha não tenha atingido sua meta integral de R$ 3 milhões.

As afirmações acima foram inseridas em uma carta da Cufa e da Frente Nacional Antirracista assinada durante a coletiva.

Além da questão de saúde, a comitiva percebeu outros problemas, como a dificuldade de acesso a água tratada, a necessidade de redes de mosqueteiros, a falta de equipamento médico hospitalar e de medicamentos, como dipirona e paracetamol, além da necessidade de 100 recipientes (tambores de 50 litros) para envio de combustível para abastecerem os helicópteros e operacionalizar o transporte de alimentos.

“Nessa visita, vimos que muitos outros problemas podem acontecer. A demanda dessa gente é muito grande. Nossos parceiros da ONG Água Camelo, por exemplo, estão levando 50 kits de tratamento de água para os Yanomamis”, disse Preto Zezé. “O acesso à água tratada e potável funciona como um tratamento preventivo, evitando mais problemas de saúde no futuro”, concluiu.

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