Copa do Mundo deve turbinar o marketing da Black Friday

Porém, especialista alerta para que as pessoas não consumam sem pensar apontando gatilhos utilizados para impulso de compra
A Black Friday em 2022 terá movimentações diferenciadas. E o mercado não poderia comemorar mais o fato da grande sexta-feira de compras, dia 25 de novembro, ocorrer na mesma semana em que começa a Copa do Mundo, no dia 20. Isso, pela ciência do marketing, vai estimular ainda mais as pessoas a consumirem, o que também acende o sinal de alerta para que compras não sejam feitas por impulso e de forma a acarretar dívidas desnecessárias.
Segundo a especialista e pesquisadora em marketing e neuromarketing Shirlei Camargo a confluência das datas apresentará ofertas específicas para o consumidor, aliadas a opções condizentes com o período, como sofás e televisores, que deverão estar entre as principais preferências na Black Friday 2022.
“O pano de fundo das empresas será a Copa, que deverá ganhar ações ao vivo nos canais de televisão, como ocorreu ano passado com a Magalu, chamando as pessoas para as lojas na Black Friday ou também no You Tube, estratégia utilizada pelas Lojas Americanas que ficou no ar durante 4 horas fazendo um rodízio de diversas celebridades da internet”, aponta Shirlei, que também é mestre e doutora na área. Ela lembra que os best sellers desse ano envolverão o conforto para as pessoas assistirem aos jogos da Copa, com o marketing se apropriando do momento em diferentes frentes.
A consolidação das vendas pelos canais de redes sociais e aplicativos é outra tendência para 2022. “Esses são canais de comunicação muito rápidos e atingem diretamente o público. Os movimentos do ano passado serão potencializados, buscando o maior número de vendas, principalmente pelo WhatsApp, por agilizar muito a questão da compra”, destaca.
Consumidor pensa que está fazendo um grande negócio, mas não está
Para evitar cair em golpes ou fraudes sobre os preços praticados na Black Friday, Shirlei indica que o consumidor fique atento a descontos muito elevados e mantenha o pé atrás antes de comprar para verificar se realmente é o site da empresa, por exemplo.
“Ter cuidados com compras por meio de links que vem pelo WhatsApp é primordial. Se alguém enviar um link de uma super promoção, não clique. Entre no site da loja, confira se tem o desenho de um cadeado fechado na linha onde aparece o endereço do site, analise se o site não é falso (normalmente os golpistas comentem erros de português e digitação e a qualidade das imagens costuma ser ruim). Outra tática é utilizar o site “Posso confiar”. O consumidor deve copiar o endereço suspeito, entrar nessa plataforma, colar no lugar indicado e pedir para pesquisar. Em segundos será indicado se o site é confiável ou não”, ensina Shirlei.
No que se refere ao comportamento do consumidor, é importante a organização para o ato da compra. Começar a listar já em outubro os produtos nos quais está interessado facilita e ajuda a não cair em tentações.
Dicas ao consumidor são sempre bem-vindas
Uma boa dica, segundo a especialista, é comprar apenas o que está planejado no orçamento. Por isso, liste apenas o que é prioritário comprar e determine quanto quer gastar. “Monitorar o preço por um tempo e pesquisar para verificar se realmente está comprando com desconto é essencial e traz resultados”, ensina.
Outra orientação é não cair nos chamados vieses, muito conhecidos no neuromarketing – tratam-se de gatilhos que buscam facilitar nossas decisões, mas que nos colocam em enrascadas. Confira os principais:
– Viés da escassez: se apresenta em chamadas como “só hoje” e “últimas unidades”. Frases que dão uma sensação muito ruim para o ser humano. Portanto, evite comprar “empurrado” por essas chamadas, que tendem a fazer com que a compra seja feita sem muita racionalização.
– Viés da conformidade social: a pessoa é levada a comprar porque está todo mundo comprando e é estimulada por um “efeito de manada”. Antes de ir atrás dos demais, fique de olho no seu orçamento.
– Viés da ancoragem: é quando se coloca um produto perto de outro com valor alto, dando a sensação de que, ao levar o produto mais barato, está se fazendo um bom negócio. Se a pessoa estiver com a lista de monitoramento de preço, vai saber se de fato aquele valor é justo. Afinal, ter a sensação de que se está fazendo uma boa compra nem sempre condiz com a realidade.
Sobre a Professora Shirlei Camargo – Reconhecida pela excelência acadêmica e atuação no mercado profissional, a Professora Shirlei Camargo conta com habilidades que a diferenciam ao aliar conhecimentos da ciência do marketing e empreendedorismo. É mestre e doutora em Marketing pela UFPR, com formação em Design e especialização na FAE Business School. Também atua como palestrante e consultora, estabelecendo pontes entre as mais diversas abordagens para o mercado consumidor. Atualmente, ministra aulas junto aos cursos de Administração e Ciências Contábeis da UFPR, faz mestrado em Neuromarketing na Escuela Superior de Comunicación y Marketing (ESCO), da Espanha, e foi professora do Centro Universitário Internacional (Uninter). Publica artigos científicos e para imprensa e, entre seus trabalhos acadêmicos, foi premiado pela Emerald Literati Awards de 2019. É coautora dos livros “Introdução ao Neuromarketing: desvendando o cérebro do consumidor”, “O cidadão é rei!: marketing e atendimento em serviços públicos” e “Varejo Digital 5.0”, ambos de 2022. Já passou por empresas como grupo Boticário (previsão de vendas) e Record Internacional (ministrando treinamentos).

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