Conflito na Venezuela: a tradição do Brasil é a mediação e a paz!
O Brasil não pode sofrer retaliação da Venezuela por mandar ajuda humanitária à população que sofre com a fome em decorrência da crise naquele país. Essa crise política deve ser tratada com bastante critério, haja vista que se trata da soberania de um país onde, embora tenha havido eleição, setores da oposição apontam fraudes e excessos por parte de seguidores do governo e do próprio Maduro, presidente eleito em 2018.
Quando se trata de um movimento político capitaneado por um líder da oposição venezuelana, neste caso o Sr. Juan Guaidó, reconhecido por mais de 14 países no mundo como presidente interino, ao levar ajuda humanitária às vítimas da crise econômica, não fica bem transparente, ser necessário iniciativa como essa, tendo em vista a atual situação. O que intriga é que Maduro ainda tem apoio popular e autorizar um opositor declarado a entrar no país levando alimentos, não deixa de afrontar as autoridades venezuelanas. Daí porque essa ajuda deveria ser disponibilizada de forma isenta, preferencialmente via organismos multilaterais, sem a presença do líder da oposição, até para resguardar a confiança nessa atitude humanitária. O que se percebe com facilidade é a manobra política que se aproveita da situação atual. A posição dos EUA sobre o assunto conspira para o campo da intervenção militar e o total isolamento do governo de Maduro, tendo em vista a sua parceria com a China e Rússia, bem como fica evidenciado aqui no Brasil, após o presidente Temer assumir, que foram já leiloadas as nossas reservas do pré-sal às empresas americanas e europeias, a preço de banana, como se fez com a privatização da Companhia Vale do Rio Doce – VALE, protagonista da grande tragédia humana e ambiental em Minas Gerais.
É por todos sabido que a Venezuela é rica em petróleo e, mais do que isso, detém uma das maiores reservas petrolíferas do planeta, e isso pode ser um dos fatores causais para que as potências mundiais cresçam seus olhos, considerando também a sua situação geopolítica.
O Brasil atravessa nesse momento a maior crise diplomática desde a guerra do Paraguai, com desdobramentos imprevisíveis para nosso país, pois, após da eleição do presidente Bolsonaro, tomou rumos surpreendentes com discurso agressivo e aproximação direta com os países de linha radical que se recusam a discutir questões humanísticas, tais como, terras indígenas, direitos humanos, questões climáticas e ambientais, etc.
Neste contexto preocupante a pergunta que se faz, entre tantas, diz respeito ao estado de Roraima: como fica o acordo comercial entre Brasil e Venezuela, no que tange ao abastecimento energético proporcionado pela Venezuela, se o Brasil desempenhar o papel de marionete dos EUA e ceder seu território para ações militares dos norte-americanos? Esse estado brasileiro de Roraima é dependente da energia vinda do país vizinho é o único Estado do país que não é ligado ao Sistema Integrado Nacional (SIN). Se o presidente Maduro mandar cortar o fornecimento o caos naquela região do norte do Brasil vai ser total e quem vai sofrer com isso é a população. A solução seria a construção do Linhão de Tucuruí, o que demanda tempo e problemas com área indígena.
A esperança de todas as pessoas de bom senso é a de que o Brasil não vai permitir que seu território seja usado pelas forças militares dos EUA para atacar a Venezuela.
É conveniente o diálogo entre todas as forças políticas venezuelanas tanto governistas quanto oposicionistas visando um entendimento que organize já eleições livres e acompanhadas por observadores da ONU.
A esperança do povo brasileiro é de confiar no espírito dos militares venezuelanos e brasileiros, no sentido de que represálias e retaliações não aconteçam. Uma decisão equivocada mancharia a História dos dois países sul-americanos e, de há muito tempo, parceiros que necessitam nos dias de hoje tranquilizar o seu povo pela paz na região.
Será pedir o impossível? A tradição diplomática brasileira encontra na postura das Forças Armadas nacionais a intermediação dos conflitos nas fronteiras de nosso continente, evitando e protegendo seus habitantes da violência e da ameaça do começo de uma nova guerra.