Clube de Amassadores
Por Linda Lemos
O Ceará tem proeminente história como celeiro de associativismo cultural (Grupo Outeiros,1813 a 1817; Padaria Espiritual, 1892 a 1898; Grupo Clã, 1942 a 1980; Grupo SIN, Clube dos Poetas Cearenses, 1969 a 1980) sendo alguns de vida efêmera, outros com longa duração como o caso do Instituto Histórico, Geográfico e Antopológico do Ceará e Academia Cearense de Letras, que permanecem até os dias atuais.
Em 2024, surge mais uma agremiação no Ceará, Clube de Amassadores, formado por escritores e artistas de ambos os sexos, faixa etária variando de jovens a nonagenários, escritores veteranos e neófitos, integrantes de diversas academias, em movimento denominado Integração de Academias Literárias – IAL, que é uma Confraria Cultural Cearense, para fazer jus ao historiador maranguapense, Paulo Roberto Neves Pereira (In Memoriam), que nos idos 2019, usou o termo pela primeira vez, quando tomou posse na Confederação de Letras e Artes do Brasil – CONCLAB, entidade cujo objetivo e missão é capacitar, credenciar, reconhecer e honrar os cientistas, poetas, escritores, artistas plásticos, atores, comediantes e demais manifestações das Ciências, Letras e Artes de todo o Brasil. Paulo Neves criou, em 15 de abril de 2022, o grupo de Whats App denominado Confraria Cultural e Deus, com 84 membros, envolvendo acadêmicos da Almece, Acla, UBT, Alace, ICC, Aneji, ALB, Conclab, Divine Academie, AFLSC e demais pessoas de todos os estados do Brasil. Registre-se, sou Acadêmica Correspondente da CONCLAB, certificado assinado em 20 de dezembro de 2022.
No dia 09 de novembro de 2024, às 9:00h, no Palácio da Luz, sede da Academia Cearense de Letras, o Clube de Amassadores lança a Coletânea Pão de Letras na
Terra da Luz, com a participação de 58 colaboradores, que resgataram a memória da Padaria Espiritual, através dos padeiros efetivos ou correspondentes, entre outros relevantes aspectos da agremiação, tipo hino, estatuto, bandeira, estandarte, selo identificação de túmulos dos padeiros e o próprio espírito norteador do movimento cultural do século XIX. Honrando os trajes da Belle Epoque, as mulheres usaram chapéus, enquanto os homens, exibiram boinas, cartolas e flor na lapela, dando um colorido especial ao dia no qual se celebrava os 132 anos de fundação da Padaria Espiritual, com a apresentação de robusta pesquisa sobre a agremiação, instalada, oficialmente, em 30 de maio de 1892.
A Padaria Espiritual originou-se do espírito revolucionário de um grupo de jovens, cujo interesse comum era protestar contra a burguesia, o clero, a polícia e tudo que fosse tradicional, conforme consta no seu Programa de Instalação. Uma sociedade irreverente, revolucionária e iconoclausta. (Pedro Nava, 1903-1984) que, através das letras, externava suas idéias. O grêmio artístico-literário lançou o periódico “O Pão”, a eucaristia daquelas almas cheias de fé e de amor pela arte, segundo palavras de Manuel Soriano de Albuquerque (1877-1914) tendo circulado até 31 de outubro de 1896, num total de 36 edições, fora 12 livros que os jovens “padeiros”, artistas e escritores, publicaram.
As primeiras reuniões aconteceram no Café Java, com apoio do conhecido proprietário Mané Côco. As demais, na Rua Formosa no 105, n0 106, em seguida n0 11 da mesma rua (atual Barão do Rio Branco), abrigando 34 integrantes ao longo de seis anos, tendo acontecido a última reunião em 20 de dezembro de 1898, na casa do escritor farmacêutico Rodolfo Teófilo, com a participação de apenas sete membros.
Deseja-se vida longa ao Clube de Amassadores, ao mesmo tempo em que parabeniza-se as organizadoras da Coletânea Pão de Letras na Terra da Luz, Ana Maria Nascimento, Jacqueline Teles, Regina Fiúza e Artemíza Correia.
Maria Linda Lemos Bezerra
Presidente Emérita da Academia de Letras Juvenal Galeno
Sócia Honorária da Academia de Ciências, Letras e Artes – ACLA de Columinjuba