Câncer de colo do útero: dados alarmantes pedem atenção
Por Dra. Karina Tafner, Ginecologista e Obstetra; Médica Assistente do ambulatório de Reprodução Assistida da Santa Casa (FCMSCSP); Especialista em Endocrinologia Ginecológica e Reprodução Humana pela Santa Casa; Especialista em Reprodução Assistida pela FEBRASGO
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 80% da população mundial será acometida por pelo menos um dos tipos de HPV ao longo da vida, e mais de 630 milhões de homens e mulheres (1:10 pessoas) estão infectados. No Brasil, acredita-se que haja de 9 a 10 milhões de infectados por esse vírus e que, a cada ano, 700 mil novos casos ocorram.
Segundo o INCA, aproximadamente uma mulher morre a cada 60 minutos de câncer de colo de útero no Brasil: são 16.370 mil novos casos e 8.079 mortes a cada ano. O câncer de colo de útero é o 3º mais comum entre mulheres no Brasil. Estima-se que para cada ano do biênio 2018/2019 haverá um risco de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres.
Diante deste cenário alarmante, é fundamental conhecer e prevenir a doença. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), o câncer de colo do útero tem início com alterações na região cervical chamadas de neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Essa neoplasia no útero tem como característica um desenvolvimento lento, que sofre interferências da angiogênese do colo do útero (quando as células tumorais estimulam a formação dos novos vasos sanguíneos necessários para o fornecimento dos nutrientes essenciais para seu crescimento acelerado).
O câncer de colo do útero pode ser dos seguintes tipos: carcinoma de células escamosas, que representa 70 a 80% dos casos; adenocarcinoma, de células pequenas e o sarcoma uterino, que é um tumor formado a partir de músculos, gorduras e tecidos fibrosos. Esse tipo de câncer uterino geralmente é descoberto quando já está em um estágio avançado. A realização de exames preventivos, como o Papanicolau, aumenta as chances de um diagnóstico precoce e de cura. A colposcopia e a biópsia são exames que também podem ser realizados para o diagnóstico.
Para o tratamento do câncer de colo do útero podem ser realizados três tipos de procedimentos: cirurgia (tais como a criocirurgia, cirurgia a laser, conização, histerectomia, traquelectomia, extração pélvica ou dissecção dos linfonodos pélvicos), quimioterapia e radioterapia. A vacinação preventiva está disponível para a população pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos. O câncer de colo de útero tem quase 100% de prevenção com vacinação, diagnóstico e tratamento.