Brasileiro quer renovação no Congresso, mas não lembra em quem votou e deve decidir na véspera
Pesquisa da Quaest para o RenovaBR mostra que familiares são a maior influência na hora de escolher o voto e que eleitores levam mais em conta o preparo do que repasse de recursos para sua região.
A maioria dos Brasileiros está insatisfeita com o trabalho dos deputados e senadores, defende uma alta renovação no Congresso, mas não se lembra em quais parlamentares votou. Também só deve decidir seus candidatos na véspera do pleito. Os dados são da mais recente pesquisa da Quaest, realizada em junho deste ano, sobre a avaliação do Legislativo brasileiro e as eleições para o Congresso. O levantamento revela ainda que a honestidade e o preparo dos candidatos a deputado federal têm mais peso na escolha do que o envio de recursos para a região onde os eleitores vivem. A pesquisa foi encomendada pela escola de formação política, RenovaBR e será apresentada durante a formatura da turma de 2021-2022 nesta quinta-feira, 14, em Brasília.
Ao todo, 66% dos entrevistados desaprovam o trabalho dos deputados, 63% desaprovam o trabalho dos senadores e 86% dos brasileiros consideram que seria bom que o Congresso tivesse uma alta renovação neste ano. Os dados chamam atenção pois, na eleição de 2018, a Câmara dos Deputados teve a maior renovação desde a redemocratização, de 47,37% das cadeiras, com um total de 243 deputados que assumiram o primeiro mandato na casa a partir de 2019.
Por outro lado, o levantamento também mostrou que 66% dos brasileiros não se lembram em quem votou para deputado federal em 2018 e 85% ainda não sabem em quem vão votar para deputado. Questionados sobre as características que consideram ideais para escolher um deputado federal, 47% dos eleitores preferem candidatos honestos e que cumprem as promessas. Enquanto 36% dizem que uma pessoa preparada e que conheça sobre políticas públicas é uma das principais características procuradas. Ainda nesse tema, apenas 10% dizem que trazer recurso para sua região é um atributo relevante para a escolha. Quando o assunto é experiência, apenas 2% dos entrevistados indica essa característica como prioritária na hora da escolha de um Deputado Federal.
“O papel do RenovaBR é selecionar os brasileiros que tem vocação para servir a população, mas a decisão será sempre do eleitor. Cabe a nós colocar opções cada vez mais qualificadas e comprometidas com a democracia. O desejo de renovação e de ter políticos mais preparados é uma vontade sim do eleitor brasileiro e é por isso que existe o RenovaBR”, avalia Eduardo Mufarej.
Questionados quando devem decidir em quem votar para a Câmara, 47% dizem que escolhem seus candidatos pelo menos um mês antes da eleição, enquanto 12% respondem que escolhem com 15 dias de antecedência e 36% deixam a escolha para a última semana antes da disputa ou mais tarde.
E é justamente no grupo dos 86% que consideram bom uma alta renovação do Congresso que a indecisão é maior. Apenas 6% das pessoas neste segmento afirmam saber em quem votar, enquanto 87% dos brasileiros que defendem uma alta renovação ainda não sabem quem escolher para a Câmara dos Deputados. Neste extrato da pesquisa, 7% afirmaram que devem votar em branco ou nulo, ou mesmo não devem votar.
“Uma pesquisa é a materialização estatística de conhecimento com dados e evidências. E é dessa forma que o RenovaBR acredita que a política deve ser desenvolvida: com dados e vidências para a tomada de decisão daqueles que representam milhões de brasileiros. E esses dados nos mostram que as pessoas continuam insatisfeitas com o Congresso Nacional e que ainda há um grande caminho para a classe política ser mais
Democracia. O levantamento mostrou ainda que 71% da população brasileira consideram as eleições como o melhor meio para expressar opiniões políticas, apesar de a mesma percentagem dos entrevistados admitir estar insatisfeito com a democracia e 68% dos entrevistados considerarem que a democracia atual é instável.
Família e TV. A pesquisa também sondou quais fatores podem influenciar o voto e constatou que quatro anos após a eleição de 2018, na qual vários políticos conseguiram ser eleitos pela primeira vez graças ao uso das redes sociais na campanha, os familiares ainda são os principais a influenciar na hora de decidir voto para deputado.
49% dos brasileiros admitiram que levam em consideração a opinião de familiares e parentes para decidir em quem votar para deputado, sendo que 22% consideram muito a opinião dos parentes e 27% afirmaram considerar pouco a opinião dos familiares.
De acordo com o estudo, o percentual dos que consideram muito a opinião da família é o dobro dos que consideram muito a opinião de pastores e líderes religiosos, 11% da população. Os números ainda são bem superiores quando comparados com os que dizem considerar muito as opiniões de celebridades de TV e dos influenciadores nas redes sociais para definir seu voto para deputado: apenas 4% da população.
A pesquisa ainda perguntou aos entrevistados sobre como eles buscam se informar sobre política e revelou que a TV ainda é a principal fonte utilizada pelos brasileiros: 46% disseram se informar sobre política por este meio. Em seguida aparecem as redes sociais, com 21%, seguida pelos sites e blogs de notícias, com 12%; amigos familiares e conhecidos, com 9%. Depois dos familiares, 3% disseram se informar por Whatsapp, 3% por jornais impressos e 3% por rádio.
Levando em conta a renda, os brasileiros que ganham acima de cinco salários mínimos são os que proporcionalmente mais utilizam as redes sociais (25%) e os sites de blogs de notícias (21) para se informar sobre política. Já entre os brasileiros com até dois salários mínimos, 18% se informam pelas redes sociais e apenas 7% por meio de blogs e sites de notícias. Esta parcela da população, por sua vez, é que proporcionalmente mais se informa sobre política pela TV: 52%. Na parcela mais rica da população, o uso de TV para se informar é citado por 37% dos entrevistados
O estudo. A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 12 de junho de 2022, e ouviu 1.544 pessoas de 115 municípios por meio de entrevistas presenciais. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%.
RenovaBR. O RenovaBR é uma escola de formação política mantida por cidadãos comuns que acreditam em uma democracia mais saudável, participativa e representativa. Atuar de forma independente em meio aos inúmeros atores, agendas e demandas da política é condição essencial ao nosso trabalho. Assim recebemos contribuições dos mais diversos setores e qualificamos futuras lideranças independentemente de suas origens, crenças e posicionamentos.
Conclusões:
1. Alta insatisfação
2. População desaprova os atuais mandatários