Brasil pode ir de 2% para 25% da produção mundial de lítio
Mineral usado em baterias de carros elétricos, híbridos e de celulares é visto como estratégico para a indústria. Diante de uma maior participação do Brasil na produção mundial de lítio, especialista reforça importância de profissionais da mineração dominarem idiomas estrangeiros
A produção de lítio no Brasil responde atualmente por 2% do que é produzido no mundo, mas essa porcentagem pode chegar a 25% nos próximos anos. O dado é da consultoria A&M Infra e foi divulgado pela Agência Gov.
Além disso, os investimentos ligados a esse mineral vão atingir R$ 15 bilhões até 2030, estima o Ministério de Minas e Energia. O montante, no entanto, pode ser ainda maior, já que só o estado de Minas Gerais (onde está a maior reserva de lítio no país) apresentou a mesma projeção, como também reportado pela publicação.
O lítio é usado, por exemplo, na produção de baterias de carros elétricos, híbridos e de celulares, em foguetes, em medicamentos, na metalurgia, em cerâmicas e vidrarias. Trata-se de um mineral estratégico para a indústria e para a transição energética.
“O Brasil, com suas reservas significativas de lítio, principalmente em Minas Gerais e, mais recentemente, no Nordeste do país, está bem posicionado para se tornar um dos líderes mundiais na produção. As principais potencialidades do lítio brasileiro incluem não apenas a sua abundância, mas também a alta qualidade do minério, que é valorizada nos mercados internacionais”, afirma Alexandrine Brami, CEO e cofundadora do Lingopass.
O Lingopass é uma edtech que oferece soluções de ensino de idiomas para outros negócios, atuando, inclusive, com uma trilha de conteúdos focada especificamente no mercado de mineração.
Brami ressalta a importância do domínio de línguas estrangeiras em um segmento tão globalizado. Para ele, aspectos como negociações internacionais, parcerias e colaborações globais, gestão de cadeia de suprimentos global e publicação de pesquisas em mídias estrangeiras exigem dos colaboradores a fluência em outros idiomas. “Cada um desses contextos exige uma comunicação eficaz para garantir sucesso e ampliar oportunidades no cenário internacional”, pontua.
Diversos documentos e ferramentas utilizados pelo setor de mineração podem demonstrar a importância da fluência em outros idiomas. Para empresas que buscam expandir seus negócios para os Estados Unidos, por exemplo, é preciso travar contato com a EPA (Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental, em tradução livre), órgão responsável por proteger a saúde humana e o meio ambiente, que é quem emite o EPA Licensing Information, documento de suma importância para o setor.
Outros exemplos são os mapas geológicos GeoScan, ferramentas utilizadas para entender a composição, estrutura e história do subsolo terrestre; e os estudos de viabilidade (feasibility studies), que são uma análises detalhadas utilizada para avaliar a viabilidade de um projeto, proposta de negócio ou plano específico.
“A habilidade linguística facilita acordos transnacionais, permitindo que profissionais do setor minerador negociem contratos com mais eficácia, compreendam melhor as normas internacionais de segurança e operações, e se comuniquem eficientemente. Esse conhecimento é vital, especialmente em um setor que depende tanto da precisão técnica quanto da cooperação internacional”, diz.
Ela exemplifica o raciocínio dizendo que um engenheiro de minas brasileiro fluente em inglês ou mandarim está melhor posicionado para trabalhar com equipamentos fornecidos por empresas da China, assim como participar de conferências e treinamentos internacionais.
Brami cita, além do inglês, o espanhol como outro idioma importante, mencionando um memorando recente firmado entre os governos do Brasil e Chile no mercado do lítio. “Nesse contexto, o domínio espanhol é fundamental para os profissionais que atuam neste mercado, facilitando a comunicação e colaboração efetiva entre as equipes técnicas e de gestão dos dois países”, destaca.
Comentário do Engenheiro e CEO da ENERCONS Ivo Pugnaloni
Para o CEO da ENERCONS, engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, a carga no sistema elétrico que essa nova unidade industrial vai acrescentar não poderá ser sustentada por geração solar, altamente influenciada por dias nublados, chuvosos e pelo inexorável horário depois das 16 horas, quando o sol vai se pondo. “Só fontes hidrelétricas ou termelétricas podem suprir cargas como essa, pois são permanentes. Resta saber se o Ministério de Minas e Energia vai preferir gerar energia elétrica com água nacional, ou com derivados de petróleo importados, caríssimos e poluentes” comentou.
Pugnaloni lamentou estar ainda paralisada nas assessorias do MME , há três anos, a precificação das externalidades ( benefícios e prejuízos adicionais ao meio ambiente) de cada fonte. “Talvez seja a ação dos poderosos “lobbies” aos quais se referiu o próprio ministro Silveira na sua excelente entrevista à CNN, semana passada”, disse o executivo que foi diretor de planejamento da COPEL , concessionária do Paraná.
“Não há como negar que as assessorias do MME estarão fazendo o governo incorrer em grave risco de judicialização caso o Leilão de Reserva de Capacidade não venha a atender ao artigo 26, parágrafo 1-G que determina que todos os benefícios ambientais e de garantia de fornecimento sejam considerados, nos certames como esse, que envolvem centenas de bilhões de reais em energia elétrica, disse ele.
“Vejam leitores o que diz a Lei 9784/99 Art. 26 § 1º-G. “O Poder Executivo federal definirá diretrizes para a implementação, no setor elétrico, de mecanismos para a consideração dos benefícios ambientais, em consonância com mecanismos para a garantia da segurança do suprimento e da competitividade, no prazo de 12 (doze) meses, contado a partir da data de publicação deste parágrafo. Se isso não aconteceu, o MME corre o risco de um mandado de segurança interromper todo esse processo de compra enorme, pois a data de publicação deste parágrafo foi 01.03.21. E quem aviusa, geralmente, amigo é”, adendou.
“O atual governo brasileiro precisa entender, de uma vez por todas, que não basta geração solar e eólica para fazer a transição energética, pois elas são fontes intermitentes. Param de uma hora para a outra de produzir. Essas duas fontes são muito boas, mas tem esse grave defeito. Sem novas hidrelétricas para completar a geração faltante da solar e eólica a cada momento, a nossa matriz vai ter que usar cada vez mais termelétricas que já são, graças às manobras desses lobbies, mais de 37% da capacidade instalada do Brasil”, concluiu preocupado Ivo Pugnaloni.