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Bons números da balança comercial mascaram desafios estruturais

José Velloso

 

A balança comercial brasileira encerrou 2024 com um superávit de US$ 74,5 bilhões, o segundo melhor resultado da história, perdendo apenas para 2023. Esse saldo robusto é, sem dúvida, uma boa notícia. Ele reflete a capacidade do Brasil de gerar divisas e renda por meio de exportações. No entanto, quando olhamos para os detalhes surge um cenário preocupante, especialmente no que diz respeito à indústria de transformação.

 

Ao longo da última década, a participação da indústria de transformação nas exportações brasileiras caiu de 64% para 52%. Produtos primários, como petróleo e soja, ou produtos pouco transformados como carne bovina e celulose, passaram a dominar a pauta exportadora, enquanto bens de maior valor agregado perderam espaço. Essa mudança evidencia uma economia que depende cada vez mais de commodities e menos de produtos transformados e tecnológicos.

 

Além disso, o aumento das importações, em grande parte devido à expansão do consumo das famílias, trouxe à tona questões de competitividade. Apesar do crescimento de 25% na importação de bens de capital em 2024, o consumo aparente nacional de máquinas e equipamentos não subiu. E quando comparamos o resultado deste ano com o período de maior taxa de investimento do país, que foi em 2013, o que observamos é que, em valores corrigidos, o consumo de máquinas caiu 35% nos últimos dez anos, de R$ 570 bilhões em 2013 para R$ 370 bilhões em 2024. São números constantes, portanto comparáveis. Isso mostra que o aumento das importações de Bens de Capital não está sendo acompanhado por investimentos internos, o que explica a baixa produtividade nacional e a falta de sustentação do crescimento do PIB no longo prazo. Este deslocamento da produção nacional de máquinas e equipamentos compromete a geração de emprego e de renda. Nota-se que 90% deste crescimento das importações tem como origem apenas a China, ou seja, máquinas de todos os outros países perdem mercado aqui. Não é apenas o setor de máquinas que sofre com as importações daquele país, vários setores produtivos tem o mesmo problema de competitividade contra produtos da China. O Brasil enfrenta uma série de obstáculos estruturais que limitam a competitividade da indústria nacional. Entre eles podemos citar o custo elevado de insumos e do capital dificultam a agregação de valor às matérias-primas. Os preços pagos pelas matérias-primas frequentemente excedem os pagos pelos concorrentes internacionais e a proteção tarifaria adicional concedida no último ano para alguns insumos importantes contribuiu para encarecer ainda mais os custos industriais.

 

Outro desafio é a alta taxa de juros. Enquanto países líderes em tecnologia financiam seus investimentos a custos baixos, no Brasil o custo médio para financiar uma máquina pode ultrapassar a 20% ao ano. Isso inviabiliza o investimento e prejudica a modernização tecnológica necessária para a indústria acompanhar as demandas do mercado global.

 

Embora algumas políticas recentes do governo tenham trazido avanços para estimular a reindustrialização e o incentivo à inovação, a indústria ainda sofre com questões macroeconômicas, como a falta de estabilidade cambial, taxa básica de juros entre as maiores do planeta e um sistema tarifário extremamente complexo. A reforma tributária, por exemplo, foi comemorada, mas seus efeitos só devem ser sentidos na próxima década.

 

Portanto, é fundamental adotar medidas que reduzam o Custo Brasil e promovam a competitividade da indústria nacional. A revisão de aumentos no Imposto de Importação de matérias-primas estratégicas, a garantia de acesso a financiamentos e a estabilidade macroeconômica são fatores primordiais para que possamos transformar bons números da balança comercial em crescimento sustentável para o Brasil.

 

 

*José Velloso é engenheiro mecânico, administrador de empresas e presidente executivo da ABIMAQ / SINDIMAQ

 

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