As forças do atraso invadem o Congresso
Por Antonio Matos
Propagar que o Governo direitista do negacionista Bolsonaro venceu as eleições de 2022 com os resultados do primeiro turno, em 2 de outubro, é uma imensa falsificação dos princípios morais do cidadão brasileiro. Afirmar que o resultado do primeiro turno foi uma vitória do governo por ter eleito uma expressiva bancada bolsonarista na Câmara Federal e algumas unidades federativas garantir vagas no Senado a pessoas desqualificadas para assumir uma cadeira em 2023, é uma dolorosa desgraça.
Lamento um órgão como o Senado Federal, a partir do próximo ano, ser representado por figuras como uma Damares Alves (Brasília), personalidade desprovida de razão, tresloucada que não sabe o que diz; por um político como Magno Malta, eleito pelo Estado do Espírito Santo, tido como provocador das entidades do poder da nossa república democrática, espalhador de fake news para manchar a honra dos Ministros do Supremo, é o fim da fama democrática que as nossas instituições conquistaram no resto do mundo nos últimos anos.
Vão-se o prestígio, a reputação que o Senado brasileiro desfrutou em época recente no mundo político internacional, inclusive perante as nações desenvolvidas, quando tinha em suas fileiras ilustres homens públicos como o professor Cristóvam Buarque, ex-reitor da Universidade de Brasília e também Governador do Distrito Federal; um Abdias Nascimento, eleito pelo Rio de Janeiro, um professor universitário de prestigio internacional, escritor, poeta, pesquisador premiado por entidades internacionais, entre muitos outros políticos de respeitado conceito público.
A “vitória” desses despreparados e despreparadas que vão compor o nosso Congresso Nacional é uma tremenda derrota para o nosso povo. Nunca, em toda a nossa história, assistimos a uma eleição tão ilegítima e fajuta, do ponto de vista moral para o País, diante do expressivo número de eleitos sem a mínima condição moral de representar a sociedade brasileira. Gente que, se houvesse um critério probo correto de indicação, jamais teria candidatura deferida.
Aonde devemos chegar com esse resultado eleitoral de feições negativas que indicou para nos representar elementos ruins que podem, e sem dúvidas farão, muito mal à sociedade. Ressalta-se, por outro lado, que pelo menos o Nordeste elegeu pessoas que podem e deverão ser o contra ponto desse momento, como os Senadores Camilo Santana, Ceará, Wellington Dias, Piauí, no Senado, e também uma pessoa digna e competente como o líder empresarial Luiz Gatão, eleito deputado federal, pelo Ceará.
Não podemos também deixar de registrar a reeleição da deputada federal Luizianne Lins, também do Ceará, para dar continuidade ao trabalho de contraponto em meio a tantas futilidades que devemos esperar com a formação desse novo Congresso de maioria bolsonarista. Em nível estadual, eu também destaco a eleição a deputado estadual do jovem administrador Cláudio Pinho, ex-prefeito do município de São Gonçalo do Amarante.
Esses, citados por último, pelo menos são a esperança de que ainda podemos mudar e recuperar os anos perdidos no gerenciamento do desgoverno de um ex-capitão de mente maligna e que só causou desmantelo e/ou confusão na mente do eleitor brasileiro, gestando essas forças do atraso que infelizmente teremos que enfrentá-las.
O Brasil sofreu essa derrota política, mas daqui para frente o caminho é recuperar o tempo perdido e de criarmos as nossas forças políticas para ajudar o Governo a manter a nossa nação em alto nível, como merece, no cenário mundial.
Antonio José Matos de Oliveira é jornalista, formado em Administração de empresas, diretor administrativo do Jornal do Comércio do Ceará e membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Columinjuba-Acla Capistrano de Abreu.