Agora é olho no olho

Por Arleni Portelada

Como cidadã apartidária vou falar sobre política no conceituado espaço deste jornal, que me deram a honra de utilizar. Apenas um pouco desencantada, pois sou um ser político desde que senti fluírem as primeiras ondas de raciocínio, me definindo como ser pensante. Cheguei ao mundo pelas mãos do médico cearense Dr. Rocha Furtado, na madrugada de um sábado, quando esse estava em plena campanha eleitoral para governador do Estado do Piauí. Em falta de uma enfermeira no comitê político, que se transformou a casa dos meus pais, o jovem advogado João Mendes Olímpio de Melo foi coprotagonista de um espetáculo nunca visto por ele: Um parto natural em casa e imprevisto. Meses depois se tornou meu padrinho e um dos melhores prefeitos que Teresina já teve.

É por eles, símbolo de seriedade e respeito ao povo, que faço essa mensagem aos candidatos desse próximo pleito eleitoral, quaisquer que sejam suas postulações. A pandemia não mudou apenas a vida dos pobres, dos comerciantes, da classe média ou dos profissionais autônomos: ela mudou tudo no planeta e visceralmente a forma de fazer campanhas políticas. Nenhum curso preparatório teve a velocidade de elaborar técnicas de marketing para habilitarem os candidatos na caça de votos. O que antes parecia mais ou menos “arranjado”, hoje é ostensiva necessidade, impossível de esconder com pão e circo. O desemprego, a falta de assistência médica, a escola, a moradia, a fome, as lágrimas pelos milhares de mortos vítimas do vírus letal, e a possibilidade de ser acometido pelo mesmo no instante seguinte.

Chegou a hora do olho no olho, a máscara estética/periódica caiu, foi substituída literalmente por um empecilho que não agrega: que ironia!

A megalomania das grandes construções, hospitais, projetos irreais ou ideias bobas, hoje é acinte à maneira de viver da população. Foque no essencial, pois tudo é urgente e dramático, não tem mais abraço de urso, sorriso ensaiado, beijo em criança. A maior promessa que você pode fazer é dedicar-se a elaborar uma vacina contra a ignorância entregando-se de corpo e alma à EDUCAÇÃO. Senhores candidatos(as), antes de pedir o voto do seu possível eleitor, vote na dignidade dele.

Arleni Portelada é jornalista e escritora

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