Agências internacionais pedem mobilização urgente contra fome
Rio de Janeiro sedia evento internacional do Dia Mundial da Alimentação, promovido pela FAO, FIDA, WFP e IICA com presença de autoridades de mais de 14 países; ação iluminou o Cristo Redentor, Arcos da Lapa, Estácio de Sá e Castelo Fiocruz para dar visibilidade à insegurança alimentar. Ação na Feira da Glória divulgou portal Idec com 1.040 feiras orgânicas georreferenciadas em todo Brasil.
Em evento com mais de 40 autoridades de 14 países, agências das Nações Unidas e organismos internacionais defenderam a mobilização urgente contra a insegurança alimentar, que afeta 828 milhões de pessoas no mundo e cresceu nos últimos anos. Também alertaram para a importância de garantir o acesso de toda a população a uma alimentação saudável.
No diálogo, os participantes citaram que os efeitos da pandemia, a guerra da Rússia contra a Ucrânia e as mudanças climáticas impactam a produção de alimentos em vários países e aumentam esse desafio global. Por isso, neste 16 de outubro, para o Dia Mundial da Alimentação, #DMA2022, com apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor, o monumento ao Cristo Redentor e outros locais icônicos do Rio de Janeiro foram iluminados no tom azul claro, cor que identifica a campanha do DMA 2022 no mundo todo, com o objetivo de dar visibilidade ao problema. Também são parceiros o Mesa Brasil Sesc, a Fiocruz, o Pacto de Milão e o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
“Não deixar ninguém para trás – melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida” foi o tema do DMA2022, que no Brasil é organizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pelo Centro de Excelência contra Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), e pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
“A crise climática impulsiona a fome global e é o maior desafio da nossa geração. Todos temos um papel a cumprir, desde escolher opções de alimentos que melhorem tanto nossa saúde quanto nosso sistema alimentar, até não abandonar hábitos saudáveis e trabalhar para que todos tenham acesso. Essa ação é urgente”, disse Rafael Zavala, representante da FAO no Brasil.
Em representação da Prefeitura do Rio, o secretário de Saúde, Daniel Soranz, reforçou a necessidade de ações urgentes e coletivas para garantir alimentos saudáveis e coletivos. “Ainda vemos políticos que negam a fome e a falta de alimentos no Brasil para as pessoas que mais precisam”, disse. Soranz exaltou a necessidade de fortalecer cadeias curtas de consumo e políticas como a de alimentação escolar.
“O acesso a uma alimentação adequada e saudável é um direito humano. Governos, sociedade civil e o setor privado desempenham um papel crucial no processo de desenvolvimento e transformação dos sistemas agroalimentares, especialmente em um contexto de crise climática, que ajuda a empurrar milhões de pessoas para a fome”, reforçou Daniel Balaban, Representante do WFP no Brasil.
“Transformar os sistemas alimentares é fundamental para um desenvolvimento inclusivo, sem deixar ninguém para trás. Uma transformação rural bem-sucedida é uma transformação rural inclusiva. Mulheres, jovens, povos indígenas e comunidades tradicionais estão entre as populações rurais mais vulneráveis. Suas visões, experiências e soluções são chaves parasistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis”, disse Julio Worman, analista de programa do FIDA.
“O aumento da insegurança alimentar e a situação climática global apresentam uma grande ameaça para todo o planeta, e devem ser abordados com profundidade e urgência. Este é um daqueles momentos que chamamos de ponto de inflexão, quando as decisões que tomamos podem mudar a direção de nossas vidas”, disse Christian Fischer, coordenador de Operações do IICA.
Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, afirmou que a segurança alimentar é a questão basilar que reúne todo o modo de organizar a sociedade e a vida, demandando uma resposta contundente. “O que levou o Brasil voltar ao Mapa da Fome? Como podemos depois de tanto sucesso e tantos avanços? É o momento da conjunção de esforços, da tomada de consciência e de uma chamada para ação”, disse, afirmando que a Fiocruz colocou a Agenda 2030 como uma de suas prioridades.
Também estiveram presentes prefeitos, vice-prefeitos e representantes das cidades de Addis Ababa, Austin, Birmingham, Chicago, Copenhague, Los Angeles, Milão, New Haven, Ougadougou, Quelimane, Quezon e Yeosu. Este ano também são apoiadores do DMA2022, o Pacto de Milão e o 8º Fórum Global de Milão sobre Política Alimentar Urbana, que acontece no Rio de Janeiro de 17 a 19 de outubro, com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, cuja proposta é colocar os sistemas alimentares no centro da agenda de meio ambiente.
Manuel Araújo, prefeito de Quelimane, em Moçambique, contou que estar no evento foi uma oportunidade histórica por ser uma celebração desta data em língua portuguesa. Anna Scavuzzo, vice-prefeita de Milão, disse que a insegurança alimentar é um desafio em todo o mundo e que é preciso reafirmar a importância do direito humano à alimentação para todas as pessoas.
“Por meio de seus inúmeros trabalhos sociais, o Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor estimula o combate à fome, em resposta ao segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 2) da Organização das Nações Unidas (ONU). Acreditamos que a adesão a esta proposta representa a preocupação que o Cristo Redentor possui em estar alinhado à Agenda 2030, favorecendo a erradicação da fome e a promoção humana”, destacou o reitor do Santuário, Padre Omar.
Acender das Luzes – Às 19h30 do domingo, após a solenidade no Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor, foram iluminados no tom azul claro, cor que identifica a campanha do DMA2022, o monumento ao Cristo Redentor, os Arcos da Lapa, o monumento Estácio de Sá e o Castelo Fiocruz.
Feiras Orgânicas do Brasil – Este ano, em parceria com o DMA, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou a nova versão do Mapa das Feiras Orgânicas, que foi atualizado e agora conta com 1.040 feiras cadastradas e georreferenciadas em todo o Brasil, além de novas funcionalidades, para que toda a população possa facilmente identificar as feiras orgânicas mais próximas de suas casas.
“A feira é um importante canal de abastecimento onde predominam alimentos saudáveis, regionais e que valorizam a biodiversidade. É também um espaço de fomento para relações mais justas e próximas entre produtores e consumidores, e especialmente as orgânicas e de base agroecológica, como caminhos necessários na transição para sistemas alimentares que promovam saúde e sustentabilidade”, explica Rafael Arantes, Coordenador do programa de Consumo Sustentável do Idec.
“A feira é um importante canal de abastecimento onde predominam alimentos saudáveis, regionais e que valorizam a biodiversidade. É também um espaço de fomento para relações mais justas e próximas entre produtores e consumidores, e especialmente as orgânicas e de base agroecológica, como caminhos necessários na transição para sistemas alimentares que promovam saúde e sustentabilidade”, explica Rafael Arantes, Coordenador do programa de Consumo Sustentável do Idec.
Outra ação do DMA2022 foi o evento #HeróisDaAlimentação durante a manhã de domingo na tradicional Feira da Glória, no Rio de Janeiro. Durante a ação, a chef Regina Tchelly, do projeto Favela Orgânica, promoveu a oficina “Aproveitando Alimentos até o Talo”. Regina é cozinheira, empreendedora social e se dedica a transformar a relação das pessoas com os alimentos e com o meio ambiente através da alimentação saudável e do combate ao desperdício. Durante sua oficina na feira, preparou farofa de batata doce e farofa de talos, oferecidas depois aos visitantes que acompanharam a atividade aberta ao público. “Gosto de dizer que faço comida de verdade acessível para todo mundo. Temos que trabalhar o ciclo do alimento, combater o desperdício e a fome. Todo mundo tem direito a uma comida de verdade e colorida”.
Outro parceiro do DMA este ano é o programa Mesa Brasil Sesc – Rede Nacional de Banco de Alimentos. “Se antes da pandemia o nosso desafio já era enorme, depois de 2020 a situação se tornou gravíssima, exigindo de todos nós medidas ainda mais enérgicas contra a fome. Não podemos ficar indiferentes à situação de 33 milhões de pessoas que não têm o que comer neste momento – 14 milhões a mais que em 2020. Isso é inaceitável em qualquer lugar do mundo, mas principalmente num país que é o maior produtor de alimentos do planeta”, destacou Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente do Sistema Fecomércio RJ.