A saúde mental da geração alpha: o que precisamos saber?
Com a proximidade dos dias das crianças (12 de outubro), saber as características da geração alpha é essencial para lidar melhor com as crianças dessa idade e, assim, evitar eventuais conflitos que podem causar desconforto e, até mesmo, gerar problemas emocionais nos envolvidos. Nesse contexto, proteger a saúde mental de crianças e adolescentes é um dos fatores cruciais para a promoção da qualidade de vida das novas gerações.
Tendo isso em vista, a médica com foco em saúde mental do Hospital Santa Mônica, dra. Luciana Mancini Bari e o psicólogo , Alef Ferreira, irão explicar o que é a geração alpha e quais são as suas principais dificuldades. Saiba como colaborar e cuidar da saúde mental desse grupo e ajudá-lo a vencer desafios relacionados a redes sociais, pandemia, adaptação escolar e tantos outros que podem gerar instabilidade emocional e psíquica. Aproveite a leitura!
Afinal, quem é a geração alpha?
Conforme a definição do sociólogo australiano Mark McCrindle, o termo geração alpha se refere às crianças nascidas a partir do ano de 2010. Nessa perspectiva conceitual, a característica mais marcante dessas pessoas é o fato de terem nascido em um mundo praticamente digital.
Assim, desde cedo, elas se acostumaram a viver em um ambiente 100% conectado, o qual pode impactar o comportamento dessa geração em diferentes sentidos. Sob essa ótica, é necessário ter cuidado para que a geração alpha não seja afetada pelos aspectos negativos comuns ao mundo virtual.
É notório que tanto as crianças quanto os adolescentes dessa idade estão acostumados com o uso de tecnologias para diferentes atividades. Logo, é preciso orientá-los a respeito da relevância de priorizar o equilíbrio entre o virtual e o real. Ou seja, o ideal é cuidar para que a geração alpha tenha uma relação mais saudável com os ambientes digitais.
Quais são as principais características dessa geração?
Listamos as principais características que marcam as pessoas que compõem esse grupo. Veja quais são!
Curiosidade
Desde muito pequenas, as crianças da geração alpha são bastante curiosas e apresentam uma forte tendência a encarar tudo como se fosse uma realidade virtual. Sendo assim, elas não têm medo de apertar botões para conhecer novas funções ou simplesmente entender para que servem ou por que estão ali.
De certo modo, essa curiosidade aguçada é importante, pois favorece à capacidade para resolver problemas com mais facilidade que as pessoas de outras gerações. Sendo assim, isso se torna uma virtude, além de contribuir para o seu desenvolvimento cognitivo.
Agilidade
Por nascer e crescer no meio de vários aparatos eletrônicos, a geração alpha tem bem mais agilidade para encontrar o que procura nos dispositivos eletrônicos. Por ter curiosidade e independência, essas pessoas são muito ágeis para lidar com equipamentos. Além de parecer tudo muito natural, isso é quase que intuitivo para elas.
Empatia
Outra característica importante da geração alpha é que ela também está mais aberta ao que é diferente. Por conta disso, a facilidade de acesso às informações disponíveis na internet, quando aliada a um movimento social que trabalha a inclusão e aceitação, ajuda no desenvolvimento da empatia.
Quais são os problemas de saúde mental mais comuns nessas crianças?
A relação entre crianças e eletrônicos exige atenção porque pode gerar desequilíbrios que levam à instabilidade psicológica. Logo, essa é uma das questões que mais desafiam os adultos, pois os efeitos da quarentena também concorrem para essa problemática.
Ainda que essa geração seja antenada e esperta em algumas áreas e tenha um excelente domínio de recursos digitais, na pandemia, elas estão expostas ao medo e à insegurança. Elas precisam, por exemplo, de ajuda para se desenvolver psicologicamente para aprender a lidar melhor com suas emoções e seus sentimentos.
Nesse sentido, é necessário buscar alternativas apropriadas para educar e orientar a geração alpha no meio de tantas transformações. Mesmo que seja difícil confrontar a influência do avanço tecnológico sobre o comportamento, o ideal é ensinar as crianças a enfrentar tais situações com leveza.
Em vias gerais, essa geração é muito mais autônoma em relação às próprias convicções ou dúvidas. Por isso, os pais e professores devem adotar uma postura cuidadosa para impor seus conceitos e valores. A falta de atenção ou de cuidado nesse sentido pode gerar embates que levam ao desenvolvimento de problemas emocionais típicos dessa faixa etária, como a ansiedade e depressão .
Além desses, há outras dificuldades que são mais evidentes na geração alpha. Observe:
- baixa habilidade emocional;
- dificuldade para lidar com o “não”;
- maior tendência à intolerância ao fracasso;
- mais dificuldade de conexão familiar e social;
- baixa autoestima gerada pela supervalorização da beleza estética;
- dificuldade de absorção de conteúdos escolares no modo tradicional;
- raiva desmedida ou frustração quando algo não acontece conforme o esperado;
- maior tendência à irritabilidade ou agressividade sem causa aparente;
- falta de paciência para lidar ou se comunicar com pessoas de outras gerações.
Como colaborar com a saúde mental das crianças da geração alpha?
Um dos temas mais discutidos atualmente é quanto ao futuro da educação das crianças das novas gerações. Pais e educadores têm em comum uma preocupação sobre como as tecnologias impactam a saúde mental dessas crianças e adolescentes. Por conseguinte, a forma de lidar com os aparatos tecnológicos pode comprometer o ensino e a aprendizagem delas.
Assim sendo, torna-se essencial cuidar desses aspectos educacionais no tempo presente. Agora é o tempo de buscar alternativas mais estratégicas que contribuam para a proteção psicológica e psíquica desse grupo. No âmbito escolar, a orientação é mesclar práticas tradicionais de ensino com as possibilidades digitais. Como são muito conectadas, é preciso, com moderação, explorar o universo delas.
Um estudo do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) abordou a importância da música como alternativa para melhorar a concentração da geração alpha. Outro ponto relevante é buscar ajuda profissional especializada para uma avaliação diagnóstica e tratamento de ansiedade, depressão ou outros transtornos psíquicos que surjam.
Como você viu, as crianças e os adolescentes da geração alpha são inteligentes, interativos e comunicativos, mas apresentam certas limitações quando precisam lidar com sentimentos. Nesse contexto, a equipe multidisciplinar do Hospital Santa Mônica é uma excelente alternativa para assegurar cuidados mais humanizados, eficientes e centrados nas dificuldades delas.