Padre Mororó, o Mártir da Imprensa Cearense
• O cearense Inácio Loiola de Albuquerque Mello que se tornou Padre Mororó
• A matrícula no Seminário de Olinda
• A tipografia enviada à capital cearense pelo presidente de Pernambuco
• Confederação do Equador, movimento de sentido republicano
• Mororó, figura heroica da Confederação do Equador
• Ode ao Ouvidor Carvalho
• O fundador do jornalismo cearense
• O redator do “Diário do Governo do Ceará”
Por Zelito Magalhães
O sobralense Inácio Loiola de Albuquerque Melo, filho de Felix José de Sousa Oliveira, natural do Rio Grande, e de dona Theodora Maria de Jesus, natural da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Sobral, nasceu a 24 de julho de 1778, mais precisamente na povoação de Riacho Guimarães. Do casamento de Felix José, nasceram, além de Inácio, os seguintes rebentos: Gertrudes Teresa Inácio (28 de fevereiro de 1767), Maria Joaquina de Oliveira, Ana Antônia de Souza, Francisco de Souza Oliveira, Raimunda Francisco Xavier (24 de agosto de 1783), Inácio de Souza Oliveira (não encontrado nenhum registro). O pai dessa prole, Felix José de Sousa Oliveira, foi escrivão e vereador da Câmara de Sobral. Na capela do dito Riacho dos Guimarães casaram-se os seus pais, em cerimônia realizada a 5 de agosto de 1765, conforme documento da época.
O Seminário de Olinda
Era o Padre Manuel Francisco Rodrigues da Cunha professor de Latim do rapazola Inácio Loiola de Albuquerque Melo na vila de Sobral. Sabia ele aquilatar a inteligência e tendências intelectuais do aluno Inácio Loiola. Acima de tudo, o interesse que via nele de se tornar um clérigo. O fluminense Dom José Joaquim da Cunha de Azevedo Coutinho havia instalado o prefalado Seminário no dia 16 de fevereiro de 1880. Ele lhe imprimia a direção iluminista, de valorização das humanidades, dentro da qual a retórica se distinguiria, e das ciências experimentais, ao lado da Teologia, que se conformaria com essa dupla valorização. Com a anuência da família de Inácio Loiola, Padre Manuel Francisco Rodrigues da Cunha dirige ao bispo de Pernambuco o seguinte ofício:
“Exmo e Revdo Senhor – Diz Manuel Francisco Roiz da Cunha, Presbítero do Hábito de São Pedro, Professor de Gramática Latina na Vila de Sobral, comarca do Ceará Grande que ele, pela ânsia de vir beijar os firmes e sagrados pés de V. Exa. Revdma, e de vir tirar nova Provisão para o exercício de seu Magistério, em cumprimento das respectivas ordens de V. Exa. Revdma, publicadas a este respeito, declara substituindo o seu lugar um dos alunos mais adiantados, Gonçalo Inácio de Loiola e Albuquerque sem embargo de lhe negar esta graça em outro tempo concedida o Corregedor da Comarca respectiva pelo cordatíssimo motivo declarado nele e porque o suplicante conhece que lhe não deve substituir outra pessoa sem que nisto preceda beneplácito de Vossa Exa. Reverendíssima que se queira dignar haver por bem consecução daquele substituto na cadeira do suplicante. Portanto – pede a Vossa Excelência Reverendissima que se queira dignar haver por bem a consecução daquele substituto na cadeira do suplicante. Portanto – pede a Vossa Excelência Reverendíssima assim se digne decretar e que esta se registre na Câmara da dita vila para que durante licença de Vossa Excelência Reverendíssima e receberá mercê”.
Ordenação de Gonçalo Inácio
Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque ordenou-se sacerdote em novembro de 1802, aos 24 anos de idade. Designado pelo bispo diocesano a retornar à Província do Ceará, no dia 9 de dezembro celebrou missa na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na vila de Sobral, seu torrão natal, onde permaneceu até 1806; depois indo prestar auxílio na Ermida de Nossa Senhora da Guia da Barra do Acaraú. Em outubro de 1816, Padre Mororó pronuncia na Matriz de Fortaleza (Igreja da Sé) um brilhante sermão de Ação de Graças pela união dos três reinos de Portugal, Brasil e Algarves. A partir daí, fez-se comensal e protegido do governador Manuel Inácio de Sampaio.
A Revolução de 1817
O ano de 1817 é bastante significativo para a vida de Mororó. É o ano que assinala o começo de seu envolvimento com a política. Paira uma manifestação de mistério sobre a inclinação que manifesta então pela contra-revolução. Faz-se opositor do movimento nascido em Pernambuco, o que, não encontra justificativa outra senão a amizade e a gratidão que prestava ao general Sampaio, considerando as suas convicções iluminísticas (maçônicas). Para tanto, era preciso que sobreviesse a conjuntura trepidante da Independência, determinando o envolvimento das elites intelectuais e dirigentes no processo de libertação nacional, a culminar na Confederação do Equador.
Em suas atividades pelo interior do Ceará, chegou a pregar contra a Revolução de 1817. Mas, aos poucos começou a ter contato e ouvir as ideias liberais lançadas no Correio Braziliense, um jornal editado em Londres pelo jornalista brasileiro, Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça. Padre Mororó já havia se iniciado mestre maçom, fato que o aproximou de algumas lideranças políticas de sua época, entre elas, Manuel Inácio, General Sampaio e Inácio Sampaio Pina Freire. No Ceará, recebeu notícias do movimento autonomista, vinda pelas mãos do diácono José Martiniano Pereira de Alencar, que à época estudava no Seminário de Olinda. Diante da informação, Padre Gonçalo Inácio deslocou-se até a Vila de Campo Maior de Quixeramobim e, numa memorável e heroica sessão da Câmara, no dia 19 de janeiro de 1824, proclamou a primeira República do Brasil, quebrando, assim, os laços que haviam com a realeza, acusando, inclusive, Dom Pedro I de traidor da Pátria e declarando-o, juntamente com toda a sua decadência, decaídos dos direitos do trono. Dom Pedro havia sido eleito em 1822 o primeiro Grão Mestre da Maçonaria no Brasil.
Nesse momento, ele se acha inteiramente engajado na causa brasileira. Teme que, com a Independência, o país tome rumos perigosos, sob o governo de Pedro I.
Atento a essa causa, resolve fixar residência em Quixeramobim, ingressando na política local. Aí é eleito vereador, iniciando-se nova fase de sua vida: declara-se o político aberto às mudanças que se processavam no sistema político português, convertido ao Constitucionalismo, impulsionado pelas ideias liberais que pretendiam acobertar as transformações econômicas que a velha metrópole reclamava.
Nessas condições, o Padre Mororó vive e atua num dos períodos mais agitados do Ceará, não podendo furtar-se aos condicionamentos sócio-econômicos. Nesse exato momento, “o Padre Gonçalo, à imitação de outros, substituiu o seu cognome – Melo pelo de Mororó, planta cearense”. Nessa oportunidade, o padre José Martiniano Pereira de Alencar, (também maçom) um dos presos, com muita dificuldade conseguiu fazer chegar às mãos do Padre Mororó uma carta suplicando-lhe que intercedesse por ele e por seus companheiros de cárcere.
Depois de ler a missiva, – diz o historiador Paulino Nogueira, não teve o sacerdote outro gesto senão o de encaminhá-la a Sampaio, sem antes escrever à margem a seguinte nota: “Como irmão poderia interessar-se pelo preso, mas como súdito do rei, voltando-lhe as costas, sempre lhe direi – morra o traidor!”
Ode ao Ouvidor Carvalho
O Padre Mororó, como poeta, apresentou-se partidário do Arcadismo, deste absorvendo notadamente o tom laudatório ou louvaminheiro, como se vê na Ode a Carvalho, seguindo a prática habitual do seu tempo. Referida Ode foi dedicada ao Ouvidor Aloísio Babosa de Carvalho Neto, por ocasião de sua prisão em 1817; acasala o sestro ao emprego da mitologia, mitologia, acentuando-se os sinais clássicos. Mororó, como fiel seguidor do modelo neoclássico de poesia, integrou os Oiteiros, grupo literário que se desenvolveu entre 1813 e 1817. Ei-la:
De mordás Calumnia os echos estrondosos
Voando sobre as azas dos Tufões
Retumbão nas opacas grutas, onde
Impera vil orgulho.
No lar medonho da fogosa inveja
C’os olhos cor de sangue ella empolga
A inocente rola pura
Q’ impávida ri.
A proterva canalha dos insultos
Ousados ministros da tartaria fúria
A Victima cercando ao bojo lança
De amarella suspeita.
No immenso vácuo, pesaroso escuro
Da deshonra, tenta abysmal-o logo
Mas elle surge d’entre spetros efeitos
Com semblante sereno.
Sulfureo lume de asuladas chammas
Lhe amarellecem o rosto, as mãos denigrem
O peito rasgão, as entranhas roem
Mas não perde a Coragem.
Qual ingente rochedo que batido
Da medonha furia de Neptuno iroso
Immovel fica, nem ao menos sente
Seu furor insano.
Assim ingênua Virtude, assim te assomas
Com fronte magestosa, assim despresas
A tormenta, que assanha, e que levanta
Invejosa calunmia.
Assim estavel Carvalho, assim triumphão
Dos rijos louros, dos furacões furiosos
Que teus ramos embatem, mas não estalão
Ao impaco violento.
Primeiro jornal cearense
O “Diário do Governo do Ceará” teve como redator o Padre Inácio Loiola Albuquerque e Melo Mororó, através do qual emitiu as suas convicções liberais, envolvendo-se de corpo inteiro na pugna da Confederação do Equador. O material da oficina gráfica foi enviado pelo governador de Pernambuco, Manoel de Carvalho Paes de Andrade, através da escuna de guerra “Maria Zeferina”. Giravam em torno dessa confraternização os ideais do movimento que eclodiria pelos ideais republicanos. O primeiro número do jornal circulou na quarta-feira do dia 1º de abril de 1824, trazendo dados elucidativos sobre a importância histórica: a Confederação do Equador. Começa apresentando, na primeira página, a ata da “sessão de estabelecimento da tipografia” em cujas oficinas era confeccionado. do Governo da formação do corpo de funcionários que movimentaria a “tipografia nacional” e dos ordenados que perceberiam.
O redator-chefe Padre Mororó, “pessoa de instrução e conhecimentos”, auferiria o ordenado de 400 mil réis; o impressor Francisco José de Salles, enviado pelo Presidente do Governo de Pernambuco, 300 réis; compositores (gráficos) Felipe José Fernandes Lana e Urbano José do Espírito Santo – ordenado de meia pataca por dia. O encarregado oficial da venda, ao preço de 20 réis, era José Bezerra de Albuquerque, negociante na praça de Fortaleza, atribuindo-se-lhe a comissão de 8% do produto. As edições do jornal circularam duas vezes na semana: às quartas e aos sábados. O jornal circulou ao todo em 19 edições: de 1º de abril de 1824 a 3 de novembro do mesmo ano, tamanho 20 centímetros de comprimento por 14 de largura.
Acusações a Mororó
O Pe. Mororó era formalmente acusado, após a conclusão do processo a que foi submetido, de três crimes:
1) de ter proclamado a república em Quixeramobim;
2) de ter servido de secretário do Presidente da República no Ceará, Tenente Coronel Tristão Gonçalves de Alencar Araripe;
3) finalmente, de ter sido o redator do Diário do Governo do Ceará, órgão dos republicanos.
Particularidade interessante é a de que a pena deveria ser executada na forca.
O Padre Mororó refugia-se em Baturité. José Felix, presidente em exercício, opera no sentido da pacificação, acenando juntamente com Lord Cochrane, com a promessa de anistia. Promessa essa que não foi, na verdade, cumprida. Preso o sacerdote em Fortaleza, “quando repousava na confiança do indulto imperial, e procurava obter passaporte para deixar a Província”. Ele e outros chefes revoltosos são recolhidos a navio de guerra, os quais são encaminhados para o Rio de Janeiro. Submetidos a julgamento pela Comissão Militar, da qual o Imperador exigia a pena de morte dos acusados presos. O sacerdote-mártir tem a sua condenação reforçada por pedido nesse sentido endereçado ao Ministro Clemente Ferreira França. Trecho do ofício é assim redigido:
“Recomendo a V. Exa. esse malvado padre Gonçalo Inácio Albuquerque Mororó, o redator das célebres folhas do Ceará que tão descaradamente se afoitou sempre insultar a sagrada pessoa de S.M. o Imperador, aleivosamente em seus péssimos escritos. Este demônio foi o autor da República de Quixeramobim, e de sua abominável execrada ata”.
Com efeito, um os mais visados pela vingança da contra-revolução, não havia como escapar do seu destino. Submetido a julgamento e condenado à pena de morte.
Os supliciados
O Governo Imperial exigira da Comissão Militar que fossem supliciados cinco dos chefes do movimento e que nesse mesmo número entrasse o nome do Padre Mororó. Com efeito, seu nome já havia sido enviado por Pedro José da Costa Barros, através de ofício de 21 de dezembro de 1824, “por ter sido afoito em insultar a sagrada pessoa de Sua Majestade Imperial”.
Logo após sua prisão, juntamente com o Coronel João de Andrade Pessoa Anta, o primeiro por ter sido o relator da “maldita folha” e o segundo pelo apoio dado a este, os dois foram imediatamente conduzidos ao navio de guerra “Laxford”, ancorado no porto do Mucuripe. Na manhã seguinte, a nau seguiu para o Rio de Janeiro, capital do Império, para julgamento.
Padre Mororó contava 44 anos de idade, mas já tinha o cabelo branco. Frente a frente com o Imperador D. Pedro, este perguntou-lhe quem era e o cearense respondeu-lhe: “Sou o padre Gonçalo”. Pois bem, disse-lhe o Imperador, “ide viver, meu padre velho, que não és capaz de senão de compaixão, e que se use contigo de misericórdia”.
Depois de livre, pensado ter sido perdoado, o vigário se dirigiu ao porto em busca de uma embarcação que o levasse de volta ao Ceará. Encontrando um barco de bandeira inglesa, foi enganado por seu capitão, que o trouxe como prisioneiro e o entregou à Comissão Militar, que o aguardava para julgar e executar com outros condenados. Era vontade do Imperador.
No mesmo dia, também foi executado o Coronel Andrade. No julgamento, a pena de condenação determinava o seu enforcamento. Porém, por não haver quem quisesse servir de algoz, a pena foi comutada para fuzilamento, ou melhor, tiros de arcabuz, antiga arma de fogo portátil, uma espécie de bacamarte.
A execução
No dia de sua execução, programada para 30 de abril de 1825, populares e soldados acompanharam o solene cortejo. Muitos dependurados nos galhos das árvores, concorriam para assistir ao triste espetáculo. A sua execução deu-se naquela manhã de abril. Foi um espetáculo novo para a cidade de Fortaleza. Pela primeira vez o povo cearense iria assistir ao fuzilamento de um sacerdote. A cidade acordou vibrante. Ainda não havia nascido o sol e já as ruas estavam cheias de rumores. Um toque de clarim aqui, um rufar de tambores além. É na praça do quartel que o padre veio a ser fuzilado. São sete horas da manhã. No Largo, o chamado Campo do Paiol (hoje Praça do Passeio Público) “já não cabia um alfinete”, como disse a crônica. Conta-se que um dos galhos quebrou-se e parte dos espectadores veio ao chão em meio à zombaria geral. Até o Padre Mororó esboçou um sorriso trágico e não cômico. O povo pouco ou nada sabia sobre a causa daquele movimento.
O ritual do suplício
No meio do Largo ou Campo do Paiol, é feita a desautorização das ordens sacerdotais do rebelde Mororó. Consentem apenas que lhe troquem a batina pelas roupas de réu. Vestem a alva do condenado à morte. O padre olha demoradamente a vestimenta, ajeita-se dentro dela e diz com um amargo sorriso: “Louvado seja Deus, que a última camisa que me dão é sobremaneira curta”. Mororó é colocado na coluna da morte. Um soldado traz a venda para lhe por nos olhos.
“Não, respondeu ele, “eu quero ver como isto é”. Vem outro soldado para colocar-lhe sobre o coração a pequena roda de papel vermelho que vai servir de alvo. Ele detém a mão do soldado: “Não é necessário. Eu farei o alvo…” E cruzando as duas mãos sobre o peito, grita arrogantemente para os praças: “Camaradas, o alvo é este. E num tom de riso, como se aquilo fosse uma brincadeira, diz: “E vejam lá! Tiro certeiro, que não me deixem sofrer muito”. A descarga estrondou. O Padre Mororó tombou sem vida. A seus pés tinham caído três dedos da mão que as balas deceparam.
Mororó e a História do Ceará
Convênio assinado entre o Banco do Nordeste e a Associação Cearense de Imprensa-ACI, foi o marco inicial de um empreendimento editorial de alta significação no plano da cultura, notadamente no cenário do jornalismo. Unem-se BNB e a ACI, através de instrumento hábil, para projetarem figuras de excepcional relevo no periodismo do Estado.
Desde 1824, quando surgiu o primeiro jornal impresso no Ceará – o “Diário do Governo o Ceará”, homens de valor intelectual, de muita fibra e estojo moral, engajaram-se nas lides da imprensa, empunhando a bandeira das reivindicações populares, defendendo os interesses da região, participando de movimentos libertários.
Desses jornalistas, conhecemos os nomes de alguns deles e sucessos esporádicos em que se viram envolvidos. Não conhecemos de perto, porém, na inteireza da vida e dos combates que travaram, no encadear dos fatos em que foram protagonistas principais.
Não se diga que a cortina do silêncio desceu sobre o Padre Mororó. Dele se ocuparam, ao longo dos anos, expoentes da historiografia, como Barão de Studart, João Brígido, Eusébio de Sousa, Paulino Nogueira, Júlio de Matos Ibiapina (maçom), Carlos Studart Filho, José Aurélio Câmara, Jáder de Carvalho e Geraldo da Silva Nobre. O religioso é saudado como patrono da Imprensa do Ceará, por haver sido redator do primeiro jornal impresso na então Província. Inclusive, é nome de rua, inaugurada em 18 de novembro de 1893, na gestão do Intendente (Prefeito) Guilherme César da Rocha.
Zelito Nunes Magalhães, quando presidente da Associação Cearense de Imprensa (período 2004-2007), tomou interesse pela historiografia de Inácio Loiola de Albuquerque Melo – Padre Mororó. Em razão, escreveu crônicas, proferiu palestras, inclusive no âmbito maçônico, sob a denominação: Padre Mororó, o Mártir da Imprensa Cearense.