Seca na Amazônia: Greenpeace Brasil alerta que o poder público busque alternativas sustentáveis para mitigar os impactos imediatos
Também é crucial o desenvolvimento de políticas de longo prazo para lidar com os impactos da crise climática na Amazônia, como investimento em sistemas de captação e armazenamento de água da chuva em comunidades ribeirinhas.
Sobre as medidas de combate à seca no Amazonas anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira (10), o Greenpeace Brasil alerta que é urgente que o poder público busque alternativas sustentáveis tanto para mitigar os impactos imediatos, como para preparar as comunidades ribeirinhas para futuras crises, garantindo que elas possam continuar acessando os recursos de que dependem para sua sobrevivência e bem-estar, e que tenham seus modos de vida respeitados – assim como garante a Constituição Federal brasileira.
“As políticas públicas, neste momento de evento extremo, devem priorizar as comunidades mais afetadas pela estiagem, como ribeirinhas, quilombolas, indígenas, populações pretas, periféricas e periurbanas. Para isso, as estratégias de mitigação devem levar em conta as desigualdades sociais e econômicas da região, considerando raça, gênero e classe para promover a justiça climática”, explica a porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Pamela Gopi.
Em nível estadual, a porta-voz lembra que o Governo do Estado do Amazonas tem a Lei nº 6.528, de 20 de outubro de 2023, que previu a elaboração do Plano Estadual de Adaptação às Mudanças Climáticas, mas que não foi cumprida, uma vez que já acabou o prazo para sua elaboração (20 de junho de 2024). Até o momento, o Amazonas segue sem um Plano de Adaptação.
“É crucial que o poder público desenvolva políticas de longo prazo para lidar com os impactos da crise do clima na Amazônia. Isso inclui a implementação do plano estadual de adaptação às mudanças climáticas – LEI 6.528 –, que aborda tanto as necessidades atuais, quanto futuras, priorizando as comunidades mais impactadas pela crise climática”, completa Gopi.
Medidas emergenciais
Medidas de apoio à mobilidade e logística nas comunidades ribeirinhas devem ser priorizadas.
“Onde possível, deve-se priorizar a dragagem e manutenção das hidrovias para garantir que, mesmo com níveis baixos, os rios permaneçam navegáveis. Já onde a navegação está comprometida, os governos devem buscar soluções como rotas terrestres temporárias, veículos anfíbios ou suporte logístico para o transporte aéreo de itens essenciais para atender as comunidades isoladas, mas sem recorrer à construção de novas infraestruturas permanentes, como a rodovia BR 319, que vão gerar mais problemas do que soluções efetivas para a Amazônia”, diz Gopi.
A criação de programas emergenciais para a distribuição de alimentos, água potável e combustíveis deve ser priorizada neste momento.
“Esses programas devem contar com a colaboração de governos federais, estaduais, municipais e organizações da sociedade civil para garantir que os recursos cheguem de forma eficiente às áreas mais afetadas”, afirma Gopi.
Mitigação e adaptação
Em relação às medidas de mitigação dos efeitos da estiagem na Amazônia, a porta-voz enfatiza a importância do desenvolvimento de sistemas de captação de água e políticas de subsistência agrícola para garantir a segurança hídrica e alimentar da região.
“Investir em sistemas de captação e armazenamento de água da chuva nas comunidades ribeirinhas é essencial para garantir o abastecimento durante os períodos de seca. Fortalecer a infraestrutura de armazenamento nessas áreas, incluindo tanques de combustível e armazéns de alimentos para estoque de provisões durante os períodos de cheia, também ajuda a minimizar o impacto da seca. Além disso, é fundamental incentivar e apoiar a produção local de alimentos menos dependentes de irrigação, e promover a produção familiar local com base agroecológica, diminuindo a necessidade de alimentos que percorrem longas distâncias até chegar à mesa dessas populações”, explica Gopi.
Sobre o Greenpeace Brasil
O Greenpeace Brasil é uma organização ativista ambiental sem fins lucrativos, que atua desde 1992 na defesa do meio ambiente. Ao lado de todas as pessoas que buscam um mundo mais verde, justo e pacífico, a organização atua há mais de 30 anos pela defesa do meio ambiente denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição das florestas.