Brasil: Subserviência sem precedentes
A que ponto chegou à subserviência do governo brasileiro ao mandatário americano Donald Trump? Recentemente dois navios comerciais iranianos foram impedidos de abastecer de combustível, carregado de milho, e seguirem viajem de volta ao seu país. Tudo isso em função de sanções impostas pelo o governo Norte Americano ao impor aos seus inimigos políticos pelo o mundo a fora a sua vontade.
Essa novela só chegou ao seu capitulo final com a decisão do Ministro Dias Toffoli, Presidente do Supremo Tribunal Federal, o qual liberou as embarcações para o bem das nossas transações comerciais, que vem sendo prejudicadas por decisões inconsequentes do atual governo federal desde a sua posse.
A decisão contraria a tradição da diplomacia brasileira, que até a trágica eleição do governo Bolsonaro, só atendia sanções internacionais quando essas eram devidamente proferidas pelo Conselho Nacional de Segurança da ONU, o único organismo internacional que tem legitimidade para tomar decisões como estas.
É conveniente também frisarmos que o Brasil nunca cumpriu decisões unilaterais determinadas por outros países, seja ela qual for, dado o nosso grau de independência e de uma convivência saudável com o mercado internacional de países do mundo.
Esta decisão é contraria também à Convenção das Nações Unidas sobre o direito ao mar, a qual, em seu artigo 17, prevê o direito “da passagem inocente” às embarcações de qualquer país nos mares territoriais, inclusive com a perspectiva de atracar e abastecer.
No entanto, a Petrobras cuja gestão foi entregue, na prática à supervisão do governo dos EUA (empresas que adquiriram campos do pré sal a preço de banana), por motivos relacionados à operação Lava Jato, tem receio que seus atuais exploradores americanos tomem medidas de retaliações, caso ela abasteça navios e tenha uma boa relação com países que vierem aqui fazer comércio e trazer divisas fortalecendo a nossa economia. Afinal de contas, os empresários do agronegócio brasileiro são tradicionais parceiros do governo iraniano que consumem parcela de grande monta da nossa produção de aves, commodities (maior comprador do milho brasileiro) e etc.
Situação como essa demonstra que chegamos a extrema estupidez política e, sobretudo, capachos quando deveríamos adotar uma política de independência perante o mundo e não de subserviência a um governo internacional que pretenda ser a palmatória do mundo com suas exigências políticas imbecis e idiotas, principalmente do ponto de vista geopolítico.
O Brasil se converteu a situação de abaixar a cabeça para uma nação que só exige privilégios sem nada oferecer em troca. Leia-se a situação dos refugiados atingidos nos seus direitos humanos, crianças separadas dos seus pais em albergues que não oferecem nenhuma condição digna de sobrevivência para um ser humano; vistos para eles entrarem no Brasil, fazer turismo e gozar da nossa cara, enquanto isso os brasileiros lá são presos sem a reciprocidade com que o nosso governo os trata aqui. Base de Alcântara em troca de nada, colocando em cheque nossa soberania. De fato se avaliarmos bem só teremos perda, até porque se repassarem alguma tecnologia com certeza além de atrasada deverá ter alguma exigência de reserva de mercado.
Finalmente, um pais que já chegou a ser a sexta economia do mundo e pleiteou uma cadeira de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, não pode guiar a sua diplomacia internacional baseada em uma posição de franca subserviência aos EUA.
Dá pra acreditar?
Antônio José Matos de Oliveira é jornalista, consultor de empresas, diretor do Jornal do Comércio do Ceará e membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Columinjuba – ACLA Capistrano de Abreu.