Egressos e alunos da Unifor participam da produção de curta-metragem que será exibido no Festival de Gramado
O filme tem direção, roteiro, montagem e desenho de som da professora do curso de Cinema e Audiovisual, Lis Paim, que também atuou na produção; o professor Samuel Brasileiro atuou como assistente de direção
O curta-metragem tem um elenco inteiramente feminino composto pelas atrizes Edvana Carvalho, Noélia Montanhas e Monique Cardoso (Fotos: Divulgação)
O curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza – instituição da Fundação Edson Queiroz – está em festa! O curta-metragem “Fenda”, produzido por docentes, egressos e alunos da Unifor, vai representar o Ceará na 52ª edição do Festival de Gramado, maior festival de cinema do Brasil. A organização do evento anunciou os filmes concorrentes nas mostras competitivas de Curtas-Metragens Brasileiros e Documentários Nacionais nesta quarta-feira (17).
“É uma alegria enorme a seleção do filme ‘Fenda’ para a competição do Festival de Gramado, uma esfera de distinção e reconhecimento internacional no campo audiovisual. Dirigido pela professora do nosso curso Lis Paim, a equipe integrou um grupo de alunas e alunos, que vivenciaram uma experiência extraordinária. Nossa torcida é que o filme circule pelo mundo, mobilizando sensibilidades e abrindo caminhos para nossos alunos”, celebra Bete Jaguaribe, coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor.
Além de dirigir o curta-metragem, Lis Paim assinou o roteiro, a montagem e o desenho de som do filme, e atuou também na produção. Ela afirma que se sente muito honrada em ter tido seu primeiro filme como diretora considerado pela curadoria do Festival, especialmente nesta edição. “Estrear o filme em Gramado este ano tem uma força simbólica muito grande, pois esta é uma edição atípica do Festival, de resistência, depois de uma tragédia enorme que se abateu sobre o Sul e que ainda não ficou no passado dessas pessoas. Além disso, fico muito animada também em ver a presença de mulheres cearenses diretoras ganhando visibilidade, porque acho que esta é uma lacuna histórica na cena daqui”, destaca.
Os 12 curtas brasileiros selecionados, entre 679 produções de todas as regiões do país, serão apresentados no Palácio dos Festivais, nos dias 12 e 13 de agosto, com seis filmes por sessão. Além disso, serão exibidos na grade linear do Canal Brasil, com transmissão em todo o território nacional, do dia 12 ao dia 15 de agosto, sempre a partir das 19h, com três filmes por sessão.
Um dos diretores de produção do filme, o egresso da Unifor, Davi Jaguaribe também comemora a seleção para o festival e acentua a delicadeza poética do processo de criação, liderado por Paim, que apostou em uma equipe que misturou grandes profissionais com realizadores em início de trajetória. “Foi uma experiência de muito aprendizado coletivo!”, destacou.
“É uma honra estrear em Gramado, num dos maiores festivais de cinema do Brasil! Em seus primeiros anos de existência, a Onça Preta Filmes começa sua trajetória com um feito significativo para uma produtora iniciante, graças à Lis Paim, professora querida e artista sensível, que faz sua estreia como diretora e roteirista de um projeto comovente” – Davi Jaguaribe, egresso do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor
Cinema na prática
Recém-graduada, Dinorá Melo, que atuou como assistente de montagem quando ainda estava cursando Cinema e Audiovisual na Unifor, enaltece a oportunidade de trabalhar na produção do curta-metragem e os aprendizados conquistados. “Foi minha primeira vez sendo assistente de montagem, uma área que planejo seguir. Eu nunca li o roteiro, minhas únicas referências eram o material em si, ou seja, o que foi filmado e captado. Isso foi proposital e me estimulou a conhecer a história a partir do quebra cabeça de imagens e sons captados. Lis foi minha professora de montagem, então esta foi mais uma oportunidade de aprender com ela”, afirma.
A egressa da Unifor ressalta ainda que pode aprender sobre o peso de cada escolha de corte, sobre o fluxo que guia o trabalho até a forma final e sobre a importância do trabalho de cada um no processo de produção de um filme.
“Quando vi o filme pronto no cinema, com as demais pessoas que trabalharam nele, pude compartilhar um momento significativo enquanto equipe, aquele de ver o trabalho pronto. A partir daí, os filmes ganham o mundo. Fenda ser exibido no Festival de Gramado é uma grande alegria, pois esse filme deve ser visto. É um retrato sensível da relação entre duas mulheres” – Dinorá Melo, egressa do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor
Alegria e nervosismo oscilaram na experiência de Andreza Ohana, aluna do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor, que teve a oportunidade de estagiar na produção de “Fenda” como microfonista. “Admito que inicialmente fiquei muito nervosa, porque, primeiro, eu estava trabalhando com profissionais extremamente renomados e eu era só uma estagiária participando de um primeiro filme grande fora da universidade, e, segundo, porque Lis sempre foi uma referência para mim e trabalhar com ela, em seu primeiro curta-metragem, parecia surreal demais!”, relata.
Ainda segundo Andreza, o orgulho foi o sentimento que veio depois de ver o filme pronto e do jeito que toda a equipe esperava e, principalmente, do jeito que Lis imaginou. Por isso, para ela, a seleção do filme para o Festival de Gramado não surpreendeu.
“O filme ficou lindo, delicioso de ser assistido e extremamente emocionante. Quando descobri que o ‘Fenda’ ia representar o Ceará no festival, eu não fiquei surpresa porque o filme é potente suficiente para estrear em Gramado, mas eu me senti tão orgulhosa do nosso trabalho, do nosso esforço e da dedicação de toda equipe, que só abracei minha mãe e falei da felicidade de ter feito parte desse processo. o Fenda, foi sem dúvida, uma das melhores coisas que aconteceu na minha formação enquanto estudante e eu tenho certeza que só aconteceu porque sou aluna da Unifor”, Andrezza Ohana, aluna no curso de Cinema e Audiovisual da Unifor
Participaram também da produção do filme o docente Samuel Brasileiro, que atuou como assistente de direção; os egressos Leão Neto (direção de produção), Sávio Fernandes (efeitos especiais) e Nathan Ary (assistente de arte e de pesquisa); e a aluna Magi do Carmo (logger), que, assim como Andreza Ohana, foi selecionada por uma convocatória pública de estágio.
Equipe de produção do curta-metragem “Fenda” (Foto: Jamille Queiroz)
Sobre o curta-metragem
Com elenco inteiramente feminino, com as atrizes Edvana Carvalho, Noélia Montanhas e Monique Cardoso, o curta conta a história de Marta, uma cientista botânica que vive apartada de suas raízes num apartamento lotado de plantas, longe de sua cidade natal. Mesmo contra a sua vontade, ela aceita receber a visita de Diná, uma velha senhora doce e enxerida, que chega à cidade e tenta desesperadamente penetrar na sua intimidade.
“Fenda surgiu da vontade de ter meu primeiro filme protagonizado por mulheres negras, entre a maturidade e a velhice, recorte este infelizmente ainda pouco visto no cinema. Um filme sobre os laços que conectam e ao mesmo tempo separam essas personagens. Poeticamente, o título propõe a ideia de uma fissura estreita e longa de separação, mas também de uma pequena abertura, um acidente improvável, uma rachadura no espaço-tempo pela qual pode irromper a faísca de reconexão do elo ancestral que já se acreditava completamente perdido” – Lis Paim, diretora de “Fenda” e professora do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor
O enredo gira em torno de temáticas bastante significativas para Lis Paim, que carregam discussões políticas e femininas muito atuais, focando na relação entre personagens femininas. “São assuntos que me movem. Fenda é um filme político também, na minha opinião, protagonizado por duas atrizes pretas, em que uma delas é uma mulher cientista, algo ainda muito incomum na nossa realidade. O Brasil é um país partido, profundamente desigual, formado a partir de histórias de violências e de separação por meio da diáspora africana, das migrações, especialmente nordestinas, por exemplo. E é dessa fissura que surgem histórias como a de Fenda, das fissuras sociais que se refletem também no ambiente mais doméstico, nos elos partidos dentro de nossas casas, na vida íntima das mulheres”, sublinha Paim.
“Fenda” é uma produção de Onça Preta Filmes e Tela Tudo, em parceria com Orla Filmes e Veneta Filmes, com o apoio do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor e Iluminura Filmes. O projeto é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura, através do Fundo Estadual da Cultura – Lei Estadual nº 13.811, de 16 de agosto de 2006.
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