Como a espiritualidade se conecta à escrita? Autora comenta jornada literária
TS Martins estava em um processo de reconexão com a espiritualidade quando decidiu dar sentido a essas experiências por meio da literatura fantástica. Assim surgiu seu livro de estreia Val nas Alturas, que conta a história de uma mãe solo em busca de cura e transformação enquanto enfrenta diversos desafios na vida, comuns a muitas mulheres.
Mas a protagonista vai perceber que, através desta jornada, é capaz de mudar não somente a si mesma, mas também as outras pessoas ao seu redor. Essa perspectiva de impactar o mundo a partir da espiritualidade se relaciona com a visão íntima da escritora: para ela, o olhar para dentro de si é uma valiosa ferramenta de autoconhecimento e de bem-estar, entretanto, também pode impactar a sociedade e todos os seres humanos.
Na entrevista abaixo, a autora comenta ainda sobre a importância do despertar espiritual das mulheres, dá dicas com base nas experiências pessoais e fala sobre projetos futuros. Leia:
1 – “Val nas alturas” é o seu livro de estreia. Por que decidiu trabalhar o enredo em volta de um despertar espiritual feminino?
TS Martins: O enredo de Val surgiu para tentar dar conta da minha própria experiência pessoal de reconexão com a espiritualidade em anos recentes e para lidar com todas as ideias com que eu vinha tomando contato. Acho que a ficção me ajudou a dar sentido a essa experiência e, assim, poder transmiti-la, fazendo de Val uma expoente do despertar espiritual feminino. Val é mãe solo e, tendo passado por situações desafiadoras, está em busca de cura e completamente aberta à transformação.
2 – O que a espiritualidade significa para você? E como levou essa percepção para as atitudes, escolhas e experiências da protagonista Val?
TS Martins: A espiritualidade para mim é uma tentativa de buscar um sentido mais profundo para a experiência que nós temos enquanto seres humanos, buscar compreender quem somos e porque estamos aqui. Para mim, isso faz parte de uma busca espiritual, além de procurar conhecer a si mesmo e viver bem. O tema do livro tem a ver justamente com essas atitudes, escolhas e experiências que nos trazem de volta a nossa espiritualidade e são capazes de refazê-la. Val está buscando fazer essas escolhas e tomar essas atitudes guiada cada vez mais por sua espiritualidade.
3 – Como a criação de histórias como essa se torna uma ferramenta para traduzir ideias e sentimentos que não podem ser expressos de outra forma?
TS Martins: O ser humano sempre usou as narrativas para transmitir ideias especiais, desde a mitologia e os contos folclóricos até a literatura contemporânea. Sentimentos que não podem ser transmitidos de outra forma. Acontecimentos que teriam um sentido limitado se fossem apenas racionalmente descritos. As histórias dizem mais do que parecem dizer à primeira vista. Porque a ficção se fundamenta sobre a suspensão da descrença e sobre uma série de premissas que o leitor deve aceitar de antemão se quiser embarcar na história.
4 – Você que já passou por uma jornada de autoconhecimento muito parecida com a da Val, quais dicas daria para as mulheres que precisam se reencontrar diante a situações desafiadoras da vida?
TS Martins: Acho que o próprio livro traz essas dicas. Tem dois pontos que eu acho muito importantes. Em primeiro lugar, buscar ressignificar a própria história – a transformação necessita de uma nova narrativa que ficará no lugar da antiga. Em segundo lugar, no dia a dia, eu começaria tentando levar a sério a prática da meditação. Acho que a meditação tem um efeito restaurador para o cérebro e meditar deveria ser incentivado nas escolas, para que todo ser humano pudesse se beneficiar dessa prática.
5 – Você pretende continuar com projetos na literatura? E se for o caso, quer seguir na mesma linha, com foco na espiritualidade?
TS Martins: Pretendo, sim, seguir com a literatura. Acho que sempre haverá um pouco de espiritualidade nos meus trabalhos daqui por diante, mas nem sempre será esse o foco. Estou escrevendo um próximo livro que traz ensinamentos de Ayurveda e Vedanta, mas o foco já não é mais a espiritualidade, e, sim, o desejo pela vida eterna. Acho que estou me mantendo dentro da linha fantástica, entretanto.