Prêmios para jornalistas da AECIPP
A Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém #(Aecipp) anunciou os vencedores do seu II Prêmio de Comunicação, em um evento realizado no auditório do LC Corporate, em Fortaleza. Com 24 inscritos divididos em quatro categorias, os contemplados foram: #Alessandro Manso Torres (TV Verdes Mares), na categoria Audiovisual; Lyana Maria França da Costa Ribeiro (Rádio Verdes Mares), em “Áudio”; Antônio Victor Abreu Martins (Latitude Comunicação), na categoria Comunicador Local; e Beatriz dos Santos Cavalcante (jornal O Povo), em “Texto”.
Por Rogério Morais
Questão de ordem
O concurso parece não observar dois aspectos:
1. A polêmica clássica entre o ofício do jornalista profissional e do assessor de imprensa.
2. O universo profissional do comunicador do interior cearense – engajado e participativo – e o ambiente do jornalista profissional, empregado e suporte, das grandes empresas de comunicação de Fortaleza.
A questão entre jornalistas da imprensa e jornalistas assessores de corporações frequentemente gera debates considerados ideológicos, mas é uma realidade concreta em termos de funções profissionais. Jornalistas atuando na imprensa desempenham um papel de reportagem e análise objetiva dos acontecimentos, enquanto jornalistas assessores de empresa são encarregados de gerenciar a comunicação, estratégias de mídia e relações públicas de uma organização específica.
Essas funções podem ter diferentes abordagens, e alguns profissionais podem migrar de uma área para outra durante suas carreiras. No entanto, a distinção entre a objetividade jornalística e a promoção de interesses corporativos é um ponto relevante em discussões sobre ética, independência e imparcialidade, até em pauta de entidades nacionais do setor e a academia.
É provável que os empresários envolvidos na premiação não compreendam inteiramente a relevância deste ponto, porém, é de extrema importância que seus assessores percebam a necessidade de uma maior consideração sobre a presença de jornalistas e assessores de imprensa trabalhando em órgãos públicos, inclusive, em eventos de premiações profissionais.
A comparação estabelecida entre a chamada “mídia local” de #São Gonçalo do Amarante, Ceará, Paracuru e Caucaia com os grandes veículos de comunicação cearenses, como Globo, O Povo e G1 parece desproporcional. A midia da região do Porto do Pecém é predominantemente representada por emissoras de rádio comunitárias, blogs e sites de conteúdo regional geridos por jovens sem a estrutura material e intelectual completa, o que torna a comparação injusta.
O engenheiro #Ricardo Parente, quando presidente da Aecipp, habilidoso e bem integrado às atividades comunitárias, certa ver, ao ser informado da nossa participação na grade de programação da comunitária Princesa dos Anasės, acrescentou: “Precisamos de você… o rádio é o que mais alcança o nosso objetivo: as comunidades populares da região…”.
Se o objetivo é estimular os comunicadores locais, como foi o primeiro concurso, é preciso manter as categorias típicas locais e mais as atuantes, como os blogueiros, mídia social – todas -, áudio e vídeo locais sem competição direta com a grande mídia comercial, as redes tradicionais.
O Ceará foi sempre assim, por exemplo, antes da transformação da imprensa brasileira em grandes empresas comerciais, inclusive o Ceará, antes da década de 1930/40, tinha cerca de 1.200 veículos impressos espalhados em todos os seus municípios, conforme o centenário estudo de Barão de Studart. Assim também eram os demais estados, antes do modelo de negócio de Chateaubriand, aliás, como hoje também acontece com a chamada novas mídias digitais que dominam o mundo.
A busca pelo reconhecimento profissional é um objetivo legítimo de qualquer jornalista formado ou não em comunicação, veterano ou novato. Contudo, os três municípios que compõem o CIPP – São Gonçalo do Amarante, Caucaia e Fortaleza – embora próximos geograficamente, são notavelmente diferentes em termos econômicos, sociais e culturais. A distância entre Fortaleza e o restante do Ceará é brutalmente significativa, e qualquer incentivo a esses núcleos deve ser compreendido de forma diferenciada, transparente e até didático.
Repito: Comparar a chamada “mídia local” de São Gonçalo do Amarante Ceará, Paracuru e Caucaia com a mídia grande cearense como Globo, O Povo, G1 etc, não me parece justo quando a temática escolhida foi “Investimentos para um futuro sustentável no Complexo Industrial e Portuário do PECÉM”, o que pode engessar uns e dar voos a outros.
Afinal, não entender que a mídia da chamada região do Porto do PECÉM é formada por emissoras de rádio comunitárias, blogs, Web Rádio e Sites de conteúdo regional geridos por jovens sem estrutura material e intelectual completa é cruel, sabendo que eles convivem muito mais com os dramas comunitários e, pelo contrário, têm muito mais barreiras de alcançar as fontes empresariais, enquanto o outro lado, que pode conviver bem com as autoridades, no entanto, limitadíssimo com a Comunidade nativa e pautas locais.
É por isso que a grande mídia rendeu o seu poderio de emissor de conteúdo exclusivo e universal – pouco democrático – para as polêmicas, no entanto, popular e inclusiva Redes Sociais. Elas chegam como mágica digital às comunidades mais distantes com linguagem e técnica que merecem qualificação, é verdade, mas atendem, sim! Sem a medida da censura econômica.
Os três municípios que o CIPP do Pecém engloba com autenticidade (Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Paracuru), sem sombra de dúvidas, estão muito mais distantes da capital, apesar de próximos, geograficamente, mas economicamente apartado de Fortaleza, e qualquer incentivo que se pretenda a esses núcleos deve ser diferenciado e completamente transparente. Nesse caso seria, ainda, providencial, a criação de uma entidade representativa dessa nova categoria para para acelerar a voz desse setor nos interesses puramente social .
Paralelamente, as questões sociais, ambientais e econômicas desses três municípios são também gritantes e, se querem mesmo, honestamente, alcançar o protagonismo desses comunicadores jovens com um propósito transparente, e incentivá-los, não será em um páreo geral como se o fizesse um concurso nacional de mídia, envolvendo a carente mídia cearense.
Apoiar e incentivar esses comunicadores regionais é providencial e imprescindível, de forma transparente e inclusiva, até para que se qualifiquem à onda de combate aos distúrbios das chamadas “notícias” que não são NOTÍCIAS. O estímulo não deve ser comparativo, como se tratasse de um concurso de mídia de âmbito nacional, mas sim direcionado, considerando as características e desafios peculiares dessa região.
A avaliação pode incluir aspectos como originalidade, profundidade da reportagem, qualidade da escrita, clareza na comunicação e impacto do conteúdo jornalístico no ambiente local.
No entanto, é essencial considerar se o trabalho submetido foi produzido por um jornalista atuando na imprensa ou por um jornalista assessor de empresa. Existem, além das posições acadêmicas ou mesmo ideológica, teses bem claras sobre as duas funções.
Pois há diferenças fundamentais nas responsabilidades e objetivos de cada um. Levar em conta essas diferenças pode garantir uma avaliação mais justa e coerente dos trabalhos submetidos.
Finalistas
Texto
Beatriz dos Santos Cavalcante (O Povo) – vencedora
Thaís Brito Mendonça (G1)
Jackelyne da Silva Sampaio (Revista Plenário/Assembleia Legislativa do Estado do Ceará)
Áudio
Lyana Maria França da Costa Ribeiro (Rádio Verdes Mares) – vencedora
Sarah de Queiroz Dantas Santos (Rádio O Povo/CBN)
Neila Maria Bezerril Fontenele (Rádio O Povo/CBN)
Audiovisual
Alessandro Manso Torres (TV Verdes Mares) – vencedor
Jocélio Leal de Oliveira (Canal Fundação Demócrito Rocha)
Comunicador local
Antônio Victor Abreu Martins (Latitude Comunicação) – vencedor
*Francisco Rogério Barbosa Morais (Jornal do Comércio do Ceará*)
Valdenia Duarte Cruz – (Latitude Comunicação)