Mercado de carbono do Brasil emerge como pólo de inovação e de investimentos globais

Demanda aquecida por soluções que minimizem a pegada de carbono de empresas de diversos setores econômicos incentiva a oferta de soluções para captura, armazenagem e transporte de carbono

O mercado global de dióxido de carbono (CO2) atingiu um marco sem precedentes, alcançando o recorde de 850 bilhões de euros (US$ 909 bilhões) no ano passado, de acordo com analistas da Refinitiv. Apesar de uma diminuição de 20% no volume de créditos de carbono negociados globalmente, o valor do mercado aumentou em 14%, impulsionado pelos elevados preços negociados.

Os sistemas de negociação de emissões de carbono são instrumentos de mercado projetados para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, estabelecendo limites para a quantidade que países ou empresas podem emitir. Se ultrapassarem esses limites, as empresas têm a opção de comprar licenças de outras partes.

Alinhada com o movimento em direção à descarbonização de sua economia, a Comissão de Meio Ambiente do Senado brasileiro aprovou recentemente e por unanimidade o projeto de lei 412/2022, criando o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) e regulamentando o mercado de carbono no país. Aguardando eventuais recursos ao plenário, o projeto seguirá diretamente para apreciação da Câmara.

O SBCE, um sistema de precificação do carbono, está em consonância com os esforços globais para atender aos compromissos de redução de gases de efeito estufa sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e o Acordo de Paris.

De acordo com o texto aprovado pela comissão, o Brasil adotará o sistema de cap-and-trade, estabelecendo um limite máximo de emissões de gases de efeito estufa determinado por uma autoridade competente. Aqueles que reduzirem suas emissões abaixo das cotas alocadas podem vender o excedente para aqueles que ultrapassam suas cotas. Essa abordagem abrangente garante que as metas de redução de emissões sejam alcançadas dentro dos limites estabelecidos.

O cerne da discussão é direto: o mercado regulamentado de créditos de carbono inevitavelmente aumentará a demanda por esses créditos, já que a legislação impõe um teto de emissão de gases de efeito estufa independentemente da indústria. Conforme a legislação proposta, todas as empresas que emitem mais de 25 milhões de toneladas de CO2 por ano devem compensar sua poluição com créditos de carbono, sendo cada crédito equivalente a uma tonelada de CO2.

Com aproximadamente 46% de sua matriz energética sendo limpa – muito acima da média global de 14% – Brasil possui uma vantagem competitiva significativa para liderar uma descarbonização rápida e econômica. Ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, onde as emissões são concentradas na queima de combustíveis fósseis e na geração de energia, as emissões do Brasil estão diretamente relacionadas ao uso da terra, seja em manejo ou agricultura.

US$ 120 bilhões até 2030

A regulamentação do mercado de carbono tem o potencial de atrair cerca de US$ 120 bilhões para o Brasil até 2030, de acordo com estudos da WayCarbon e da Câmara de Comércio Internacional. Essa oportunidade de investimento substancial decorre da capacidade do Brasil de atender a 48,7% da demanda global por créditos de carbono até 2030, em grande parte devido à Floresta Amazônica.

O Brasil, concentrando quase metade das florestas tropicais do mundo e com a Amazônia brasileira representando um terço das árvores do planeta, possui uma capacidade única de geração de créditos de carbono por meio da conservação florestal. A pesquisa da McKinsey indica que o Brasil pode atender a 48,7% da demanda global por créditos de carbono até 2030, em grande parte devido ao vasto potencial de sequestro de carbono da Amazônia.

À medida que o Brasil traça um curso de oportunidades para a redução de emissões, preservação e subsequente crescimento no mercado de créditos de carbono, o país chama os investidores internacionais. Com sua posição estratégica no mercado global de carbono e compromisso com a inovação sustentável, o Brasil surge não apenas como um player, mas como uma força motriz no futuro da tecnologia de captura de carbono.

CARBON CAPTURE EXPO South America

É neste contexto que a CARBON CAPTURE EXPO South America, primeiro evento no país a concentrar soluções e inovação em tecnologia, equipamentos e serviços para captura, transporte e armazenamento de carbono. O evento acontece nos dias 5 e 6 de junho, no Expo Mag, no Rio de Janeiro (RJ).

 

“O mercado de carbono cresce exponencialmente em todo o mundo e o Brasil pode ser um dos protagonistas na evolução das tecnologias envolvidas na logística de captura, armazenamento, transporte e utilização do carbono. Todos os setores produtivos hoje buscam soluções para minimizar sua pegada de carbono e a CARBON CAPTURE EXPO foi idealizada, justamente, para aproximar demanda e oferta e viabilizar a interação entre as empresas dos diversos setores que podem contribuir com este mercado”, comenta Cassiano Facchinetti, managing director da Interlink Exhibitions, empresa que organiza o evento. A expectativa é reunir XX marcas expositoras.

 

Expo & Congresso

 

Além da área de exposição, durante a CARBON CAPTURE EXPO South America será realizado um congresso técnico para debater temas, como segurança da regulamentação, viabilidade econômica e integração da cadeia, pontos fundamentais para o sucesso dos projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS) no Brasil.

 

A curadoria do evento de conteúdo está sendo feita pela CCS Brasil, parceira da CARBON CAPTURE. “Há um imenso mercado para o Hidrogênio no Brasil e as tecnologias de Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCS e CCUS) são aliadas estratégicas para viabilizar esse grande potencial. Os avanços no segmento de CCS, aliados às políticas públicas em andamento, acelerarão ainda mais esses projetos nos próximos anos. Por isso, a CCS Brasil celebra essa parceria estratégica com o evento CARBON CAPTURE EXPO, com a organização do CCS Tech Summit, que tem o objetivo de promover as novas tecnologias para o setor e as oportunidades de desenvolvimento, rumo às rotas da descarbonização”, avalia a Cofundadora e Diretora da CCS Brasil, Nathália Weber.

 

Segundo ela, a programação ainda está em faze de formatação, mas é possível adiantar que haverá espaço a discussão em torno das tecnologias de pós-combustão, pré-combustão e oxyfuel, tecnologias para captura de carbono, aplicações industriais do CO2, bioenergia por meio de captura de carbono, separação de CO2, transporte e armazenagem, Regulamentação, mudanças climáticas, entre outros.

 

Evento Simultâneo

 

A CARBON CAPTURE EXPO SOUTH AMERICA acontece paralelamente à HYDROGEN EXPO SOUTH AMERICA, dois eventos inovadores e complementares, pois os temas estão diretamente relacionados, já que a tecnologia também integra os planos de produção do hidrogênio azul, que usa o gás natural com captura de carbono na sua produção. Os dois eventos irão acontecer simultaneamente, porém com áreas de exposição e congresso exclusivas para cada assunto específico.

 

“Esse conceito de juntar os assuntos hidrogênio e captura de carbono em um evento simultâneo já acontece em outros países e, aqui no Brasil, fazia todo sentido, já que os temas são correlacionados e complementares. A primeira edição do HYDROGEN EXPO South America, realizada em junho deste ano, foi um grande sucesso em termos de visitação, confirmando o interesse no mercado em alternativas para a transição energética. Muitas das empresas que participaram da Hydrogen Expo têm interesse ou já atuam no segmento de captura de carbono, portanto, a expectativa para a CARBON CAPTURE EXPO é altíssima”, conclui Facchinetti.

Serviço:

CARBON CAPTURE EXPO SOUTH AMERICA

Quando: 05 e 06 de junho de 2024.

Local: Centro de Exposições Expo Mag, Rio de Janeiro (RJ).

Informações: clique aqui

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