Arte como criação, inserção e desenvolvimento da pessoa autista é debatida entre artistas, pesquisadores, profissionais e estudantes
“O que pode a arte? Afetos, Autismos, Artes” é o tema do seminário online que acontecerá de 23 a 30 de setembro. O corpo de palestrantes conta com a participação de profissionais, criadores, professores, artistas e autistas. A programação será transmitida, ao vivo, através do canal do YouTube e da página do Facebook do Teatro Boca Rica. Acesso gratuito!
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta 1 em cada 44 crianças anualmente, aponta relatório do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos, publicado em dezembro de 2021. Os números representam um aumento de 22% em relação ao estudo divulgado em 2020, no qual apontava de 1 para cada 54 casos. Comparando esses dados com o Brasil, em relação a 2,3% da população, em 2021, teriam cerca de 4,84 milhões de autistas no país. Atualmente, não se tem dados de prevalência do TEA no Brasil, mas o Censo Demográfico 2022, pela primeira vez, pretende colocar o espectro autista no radar das estatísticas.
Com o intuito de trazer à população esse tema e proporcionar uma troca de experiências entre artistas e profissionais que cotidianamente tratam do encontro entre autismos e artes, seja nas experiências criativas, seja no trabalho, na criação artística, no lúdico ou em família, o Teatro da Boca Rica realiza o “II Seminário Online: O que pode a arte? Afetos, Autismos, Artes”. Será de 23 a 30 de setembro, exceto sábado e domingo, das 18h às 22h, através dos canais do Teatro da Boca Rica no YouTube e no Facebook.
Há atualmente no campo da academia, da saúde, das artes, importantes abordagens sobre as muitas possibilidades de contribuir com o pensamento e a criação artística como fatores de desenvolvimento da pessoa autista. O campo artístico especialmente possui uma expressiva produção acerca do tema. Para Rejane Reinaldo, doutora em Artes Cênicas e produtora de projetos voltados à articulação entre artes e neurodiversidades, o ato criativo pode constituir como um fator de inserção, de acesso e desenvolvimento da pessoa autista. E sobre esse universo e sua complexidade, a professora e artista Rosa Primo, também curadora e participante com palestra deste seminário cita: “O autismo é como um asterisco gigante. Ninguém sabe como ele se manifestará em cada um. É nessa multiplicidade e divergência que a arte se faz potente. É no aceitar o outro e transformar o que chamam de sintoma em expressividade que ampliamos as possibilidades do que é dançar, cantar, atuar, pintar. As possibilidades da arte”, explica.
Coordenadora do seminário, Rejane Reinaldo pontua que essa edição está ainda mais representativa. Além do tema ser focado no público autista, houve a preocupação de convidar palestrantes, criadores, professores autistas, seguindo a premissa de “nada sobre nós sem nós”, defendida pelos autistas em suas mais diversas áreas de atuação. “O corpo de palestrantes conta com a participação expressiva de profissionais, criadores, professores autista”, completa.
Realizado pela Associação Educativa Cultural Teatro da Boca Rica, o “II Seminário Online: O que pode a arte? Afetos, Autismos, Artes” tem como público alvo profissionais, criadores, artistas, professores, de escolas de arte, principalmente as que tratam do autismo, instituições, clínicas, empresas, casas de apoio, escolas em geral, secretarias de saúde e cultura, CRAS (assistentes sociais), CAPS, universidades, cursos universitários de teatro, dança, música, pedagogia, fisioterapia, terapia ocupacional e afins.
A programação conta com nomes importantes da criação e pesquisa da dança, do teatro e da música no Brasil. Entre eles, destaque-se Rosa Primo (líder do Grupo de Pesquisa Dança e Infância, Artes e Autismos – DIA), Anamaria Fernandes Viana (Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP) e Charles Feitosa (Doutor em Filosofia na Albert-Ludwigs Universität Freiburg, na Alemanha). A mediação das mesas será da coordenadora geral do seminário, Rejane Reinaldo, doutora em Artes Cênicas 2015 (UFBA) e coordenadora do Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica.
O “II Seminário Online: O que pode a arte? Afetos, Autismos, Artes” é uma realização da Associação Educativa Cultural Teatro da Boca Rica. Apoio: Governo do Estado do Ceará, por intermédio da Casa Civil. Produção: Instituto Tembetá, Moio de Artes Produções e Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
Dia 23 de setembro (Sexta-feira)
18h00 [Abertura/Moderação] – Maria Rejane Reinaldo (UFBA/ Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica)
18h15 – Autismo: Quando Uma Temporalidade Outra Dança em Mim, com Rosa Primo (UFC)
19h15 – A subversão das regras como “regra” para a subversão: relato de experiência como palhaça numa clínica terapêutica de saúde mental, com Cristiane Muñoz (Unirio)
Dia 26 de setembro (Segunda-feira)
18h00 – [Abertura/Moderação] – Maria Rejane Reinaldo (UFBA/ Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica)
18h15 – Caminhos do teatro: potências e desafios no trabalho da arte em espaços de saúde e educação, com Tavie Gonzalez (Unirio)
19h15 – Olhar pra cima: como Apolo me ajudou a contar histórias, com Tatiana Henrique Silva (Unirio)
Dia 27 de Setembro (Terça-feira)
18h00 – [Abertura/Moderação] – Maria Rejane Reinaldo (UFBA/ Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica)
18h15 – Corredores da hospitalidade: experiências em dança e autismos, com Anamaria Fernandes Viana (UFMG)
19h15 – Pedagogia somático-performativa: autismo, docência e criação em artes, com Caio Picarelli (Unirio)
Dia 28 de setembro (Quarta-feira)
18h00 – [Abertura/Moderação] – Maria Rejane Reinaldo (UFBA/ Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica)
18h15 – Arte relacional como revolução dos afetos ou o mundo que desejo inventar, com Tania Alice (Unirio)
Dia 29 de setembro (Quinta-feira)
18h00 – [Abertura/Moderação] – Maria Rejane Reinaldo (UFBA/ Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica)
18h15 – O gosto dos outros – paternidade e diferença, com Charles Feitosa (Unirio)
19h15 – Um tempo pra nós. Ateliê com a família dos participantes do projeto circulando. Artes e autismos em família, com Aline Vargas (Unirio). Participação de Nilsea Aparecida Rosa da Silva Franco (Cida Franco), mãe de uma autista de 16 anos.
Dia 30 de Setembro (Sexta-Feira)
18h00 – [Abertura/Moderação] – Maria Rejane Reinaldo (UFBA/ Ponto de Cultura Escola Livre Teatro da Boca Rica)
18h15 às 22h00 – Artes, Pensamentos, Autismos, com Grupo Neurodivergentes
Apresentações Musicais intercaladas com poesias, performances e reflexões sobre: autismos, afetos e arte, com: Gustavo Mapurunga (Músico, produtor, professor, administrador e Pós graduado em TEA), Alexandre Costa e Silva (Psicólogo, psicoterapeuta, podcaster, escritor e músico), Gabrielly Moreira Façanha (Autista, musicista, integrante da banda neurodivergentes e estudante de medicina), Eve Valentim (Autista, artista, tatuadora, estudando de Licenciatura em Teatro do IFCE e membro da ABRAÇA), Lucas Sampaio Maia (Autista e quadrinista, membro da ABRAÇA e do CEDEF-CE e atualmente trabalha na Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa e Pessoa com Deficiência -COPID), Julia Pinto (Autista, artista, pintora, artista visual, poetisa e palestrante), Eros Gabriel Oliveira ou como prefere ser chamado, Gabo (Ilustrador, quadrinista, autista e estudante no curso de Design – Moda da UFC) e Larissa Bessa Façanha (Tradutora, escritora e estudante de T.I.).
SERVIÇO
II Seminário online: O que pode a arte? Afetos, Autismos, Artes – De 23 a 30 de setembro de 2022, exceto sábado e domingo, das 18h às 22h, através do canal do YouTube (https://www.youtube.com/c/