Sessão Internacional da Semana de Tecnologia Metroferroviária mostra que futuro do setor passa por um tripé: tecnologia, comunicação e pessoas

Quinta edição da Sessão Internacional debateu o tema “Tecnologias e tendências ferroviárias: daqui a dez anos!”

Durante o segundo dia da 28ª Semana de Tecnologia Metroferroviária (STMF), evento promovido pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), hoje, terça-feira (14), aconteceu a 5ª Sessão Internacional, que teve como tema “Tecnologias e tendências ferroviárias: daqui a dez anos!”. Com o apoio institucional do Consulado do Canadá, o evento debateu o segmento em âmbitos nacional e internacional e destacou como o setor metroferroviário deve, cada vez mais, dar atenção a um tripé fundamental para sua sustentação: tecnologia, comunicação e pessoas.

A Sessão Internacional, que teve coordenação da jornalista Ana Lúcia Lopes, vice-coordenadora da Comissão de Investimentos e Infraestrutura na Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) e diretora da AllMoving, contou com os seguintes convidados: Márcio Francesquine, adido comercial do Consulado do Canadá; Joseph Weiss, cônsul geral adjunto do Consulado da Alemanha; Stefan Nemetz, vice-cônsul comercial do Consulado da Áustria; Luiz Fernando Nanô, diretor de Projetos de Infraestrutura do Consulado da Suíça; Thaís Araripe Dias, chefe da Procuradoria Jurídica da Valec, e Francisco Pierrini, diretor-presidente da ViaQuatro e ViaMobilidade.

Em sua introdução, Ana Lúcia destacou o conceito criado por Philip Kotler, considerado o maior nome do marketing contemporâneo, do Marketing 5.0, pelo qual  este é o momento de as empresas acionarem o poder das tecnologias a favor da humanidade e contribuir para o bem estar das pessoas.  “Já passamos pelo Marketing 1.0, cujo foco é o produto. Pelo Marketing 2.0, que olha o consumidor. Pelo 3.0, que mostra a necessidade de interação e comunicação entre os dois anteriores. O 4.0 que consolidou o meio digital, favorecendo, sobretudo, a interatividade, a conexão e o engajamento entre marcas e pessoas. Agora, com essa nova era, tecnologias e pessoas têm o mesmo peso. Quando se fala em ferrovias, deve-se falar em pessoas e todos os desdobramentos advindos desse foco”, disse.

Ana abriu a Sessão perguntando a Márcio Francesquine quais são as principais tendências do segmento no Canadá. Ele começou afirmando que a pandemia provocou mudanças de mentalidades e que isso ficou claro quando começamos a sair dela. “Começamos algo que será percebido a médio e longo prazos. O transporte em 2030 não será o mesmo que em 2022. O transporte inteligente multimodal será a nova e grande tendência, seja para cargas, seja para passageiros. O principal gatilho para isso será a experiência, item fundamental daqui para frente”, defendeu.

Joseph Weiss comentou sobre como o país vem atuando com a nova tecnologia de combustível de hidrogênio, cada vez mais usado nos trens alemães. “A questão ambiental está muito clara na Alemanha. Mas essa ainda não é uma tecnologia amplamente usada. Em 2038 já não teremos mais trens movidos por combustíveis fósseis. O país vem se preparando para isso há dois anos, produzindo ou importando hidrogênio. O futuro pertence ao hidrogênio”, vaticinou o cônsul geral adjunto do Consulado da Alemanha.

Luiz Fernando Nanô, diretor de Projetos de Infraestrutura do Consulado da Suíça, comentou que o país tem um modelo único de integração entre os sistemas aquaviário, rodoviário e ferroviário. “Muito tem sido feito nesses últimos anos, mas o projeto suíço para o setor ferroviário é para 2050. Houve uma integração entre os modais, não uma competição. Nossa rede ferroviária, por exemplo, foi eletrificada muito cedo, mas ainda há muitos desafios para os próximos anos, que passam por mudanças climáticas, envelhecimento da população, novas tecnologias e sustentabilidade. Nesse novo cenário o setor ferroviário tende a crescer e a população já começa a perceber que deve trocar o transporte particular pelo público”, contou.

Falando sobre a realidade do transporte de cargas no Brasil, Thaís Araripe Dias, chefe da Procuradoria Jurídica da Valec, começou contando sobre a incorporação da EPL pela Valec, que criou a ISA (Infra SA). “O objetivo é sempre buscar a máxima eficiência dos recursos públicos. Para isso, a iniciativa privada é essencial. Estamos nos transformando na inteligência consultiva das autorizatárias”, disse. Segundo ela, nos próximos dez anos, os sete projetos de ferrovias que estão sendo desenvolvidos devem movimentar perto de R$ 70 bilhões de investimentos. “Essa projeção tem tudo para acontecer.” Com relação a projeções, ela acredita que até 2030 deve dobrar a participação do ferroviário na matriz de transportes do Brasil. “Vivemos um momento auspicioso para os próximos anos no setor e quero que todos saiam daqui com uma visão positiva sobre a ferrovia”, conclamou.

No tocante ao transporte ferroviário de passageiros, Francisco Pierrini, diretor-presidente da ViaQuatro e ViaMobilidade, salientou que o envolvimento cada vez maior com o cliente é um investimento para os próximos anos. Ele também falou dos planos do Grupo CCR, do qual fazem parte ViaQuatro e ViaMobilidade. “Em 2004 o Grupo CCR dividiu seu negócio em frentes e a de mobilidade é a que se refere a passageiros. Estamos preparados para o crescimento do País e para proporcionar uma experiencia interessante para as pessoas. Investimos em tecnologias de comunicação com o usuário para que ele tenha a informação que precisa, no local e tempo certos. Também investimos em capacitação e treinamento de nossos colaboradores para melhorar ainda mais essa experiência do cliente”, afirmou.

Encerrando o evento, Stefan Nemetz, vice-cônsul comercial do Consulado da Áustria, falou sobre o tamanho do setor ferroviário no seu país. Apesar de não ter uma extensão territorial muito grande, conta, relativamente, com uma das maiores malhas ferroviárias da Europa e são o terceiro maior país europeu em transporte de cargas. “Temos um problema de logística por causa dos Alpes e a Áustria se especializou nesse sentido. O problema foi ‘resolvido’ com a construção de túneis. Hoje, contamos com o maior túnel ferroviário do mundo, localizado na região do Tirol. Nos próximos dez anos      devem ser construídos mais túneis, que vão melhorar nossa logística. Mas isso deve ter um alto custo, pois envolve países vizinhos. Com a melhoria da logística, por meio de soluções modais, com certeza vamos crescer o volume de transporte ferroviário”, assegurou.

A Semana de Tecnologia Metroferroviária, reconhecida como um dos mais expressivos congressos técnicos do setor de transporte metroferroviário do País, apresentará pautas técnicas e debates relevantes sobre o transporte de passageiros e de cargas sobre trilhos. Esta edição volta a contar com espaços para a circulação do público, exposições de conteúdo, painéis, debates e apresentações de trabalhos técnicos. Além disso, será realizada a METROFERR Lounge Experience, onde as empresas patrocinadoras poderão expor seus produtos, serviços e realizar seus contatos através das ilhas de negócios – Business Island.

Serviço

28ª Semana de Tecnologia Metroferroviária e METROFERR Lounge Experience 2022

Tema – 200 anos de independência: trilhos para o futuro do Brasil

Data – 13 a 16 de setembro

Evento híbrido

Local (presencialmente) – Instituto de Engenharia (Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 – Vila Mariana – São Paulo – SP)

Inscrição: https://www.aeamesp.org.br/inscricao/28STMF

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Compart.
Twittar
Compartilhar
Compartilhar