Premiado longa os primeiros soldados chega a 6ª semana em cartaz em oito salas no país

Dirigido por Rodrigo de Oliveira, longa dialoga com o Brasil contemporâneo ao resgatar o começo da epidemia da AIDS nos anos de 1980.

Em cartaz no Brasil desde julho, o longa OS PRIMEIROS SOLDADOS, de Rodrigo Oliveira, está em exibição em 8 salas a partir dessa quinta (11): IMS e Cine Bijou (São Paulo), Paradigma Cine Arte (Florianópolis), Dragão do Mar (Fortaleza), Centro Cultural Arte Pajuçara (Maceió), Cine Jardins (Vitória), Casarão de Ideias (Manaus) e Saladearte Cinema do Museu (Salvador). O filme é distribuído pelo Olhar Distribuição.

OS PRIMEIROS SOLDADOS é o filme que eu queria e precisava ter visto na minha adolescência, saindo do armário e encontrando, ali nos anos 90, uma comunidade que apenas começava a se recuperar do pior da devastação da epidemia da AIDS”, assim define o diretor e roteirista Rodrigo Oliveira. O longa já foi premiado na Alemanha, Índia, Festivais de Tiradentes e do Rio.

OS PRIMEIROS SOLDADOS acompanha membros da comunidade LGBTQIAP+ que buscam formas de resistir à epidemia de AIDS. O filme se passa em Vitória, no Espírito Santo, no começo dos anos 1980, e é uma homenagem à memória daqueles que enfrentaram a doença e seus estigmas em seu princípio.

Na história, Suzano é um estudante de biologia que acaba de voltar dos estudos no exterior. Ele sabe que algo desconhecido está começando a afetar seu corpo. Ele quer entender melhor a doença e buscar uma cura, ao mesmo tempo que tenta proteger sua irmã Maura e seu sobrinho Muriel dos impactos do que está por vir. O desespero com a falta de informações sobre o vírus e seu futuro incerto acabará por aproximar Suzano da performer transexual Rose e do estudante de cinema Humberto, ambos vivendo com o vírus.

Para realizar OS PRIMEIROS SOLDADOS, Rodrigo fez longo processo de busca de arquivos sobre a situação do HIV/AIDS no Espírito Santo e no Brasil ainda num período de desconhecimentos e ignorâncias da primeira onda da epidemia, e também entrevistas com pessoas que estavam na linha de frente dessa luta quando esta começou.

“Os filmes que abordam o tema, neste período dos anos 80, em geral são sobre pessoas que morrem de AIDS. Hoje nós falamos de pessoas que vivem com HIV porque é possível, por meio dos tratamentos disponíveis, afastar esse fantasma da mortalidade que tanto se associou ao vírus. Mas lá no começo da epidemia as pessoas já viviam com HIV sim, mesmo que o fim estivesse no horizonte. A maior descoberta do filme foi elogiar essa vida, a celebração possível para corpos que estavam sim doentes, mas que insistiam em sonhar, em amar, em buscar uma saída, precária que fosse.”

O diretor destaca também o trabalho de de um elenco LGBTQIAP+, que, seguindo o espírito do filme, trabalhou em comunidade, e o resultado, para ele, “foi mágico.” “Cada um contribuía com a sua vivência e o seu investimento pessoal específico para esse caldeirão de identidades que convive nesta comunidade. O roteiro era uma bússola bem completa do nosso destino, e por isso mesmo a preparação envolveu muitos exercícios de improviso sobre cenas que não estavam no roteiro e que não entrariam no filme. Era importante preencher a vida destes personagens de maneira completa, de modo que, no set, atores e atrizes soubessem exatamente de onde vinham e para onde seguiriam aqueles sentimentos e ações que estavam sendo encenados.”

Para se preparar, entre outras coisas, Johnny Massaro, Clara Choveaux e Alex Bonini viveram como a família de Suzano, Maura e Muriel por um tempo. “Johnny foi morar no sítio onde seu personagem se isola, e lá recebeu Renata Carvalho e Vitor Camilo, que fazem Rose e Humberto, exatamente como no filme, antes da equipe chegar. Johnny perdeu peso, Renata perdeu peso, Vitor aprendeu a operar a câmera, tudo com esse objetivo lindo de estarem habitados por dentro por estes personagens. Esta entrega está impressa em cada fotograma do filme.”

Ao reconstruir a memória dos anos de 1980, explica Rodrigo, OS PRIMEIROS SOLDADOS dialoga com o Brasil de 2022, no qual estigmas e da homofobia, transfobia e sorofobia são reinantes ainda hoje. “Na boca do fascismo que assola o Brasil, é preciso devolver esse tema para a sociedade, atualizá-lo, e enfrentá-lo, porque a AIDS é ainda uma questão do presente. A cada 15 minutos, uma pessoa é infectada pelo vírus no Brasil, e ainda morrem perto de 11 mil pessoas por ano no país por conta da AIDS.”

Rodrigo acredita que o Brasil, mais do que nunca, quer olhar para seu passado, para que esse ilumine o presente. “O velho adágio do país sem memória está caindo, porque a gente está sentindo na pele o preço do esquecimento, o fascismo conta com a nossa falta de memória, e eles não vão vencer. É impressionante o número de parentes, amigos e vizinhos perdidos para a epidemia que são convocados à memória das pessoas nos debates e nas saídas das sessões. Os personagens desse filme são os fundadores da nossa identidade e o espectador reconhece ali uma árvore genealógica que ficou por muito tempo esquecida.”

“Não há saída fora da criação de uma comunidade solidária real e verdadeiramente inclusiva, que abrace as demandas de cada uma das letras representadas pelo LGBTQIAP+ e, sobretudo, não existe caminho fora da política e do ativismo. O que Suzano, Rose, Humberto e a comunidade que se forma em torno deles fazem é o esboço de um movimento político em defesa da vida e da dignidade. Isso vale hoje mais do que nunca,” conclui.

OS PRIMEIROS SOLDADOS é uma produção da Pique-Bandeira Filmes, com coprodução Canal Brasil, e seu roteiro original foi baseado em uma longa pesquisa dos casos reais ocorridos na cidade de Vitória que envolveu, além da leitura de jornais da época, entrevistas com profissionais de saúde, familiares e membros da comunidade LGBTQIAP+.

Festivais e Prêmios  

Com uma bem sucedida carreira em festivais pelo mundo, o longa foi premiado no 70° Int Film Festival Mannheim-Heidelberg (Alemanha) – Melhor Filme (Prêmio do Público) e Melhor Filme (Prêmio do Júri Jovem); 52º International Film Festival of India (Índia) – Prêmio Especial do Júri para Renata Carvalho; 23º Festival do Rio – Rio de Janeiro International Film Festival (Brasil) – Prêmio Especial do Júri (Troféu Redentor) para Renata Carvalho; 25º Mostra de Cinema de Tiradentes (Brasil) – Prêmio de Melhor Filme da Mostra Olhos Livres (Júri Jovem); além de participações em importantes festivais como 36º BFI Flare: London LGBTQIA+ Film Festival (Reino Unido), 24º Festival du Cinema Brésilien de Paris (França), OUTshine LGBTQ+ Film Festival Miami (EUA), Festival da Diversidade de São Vicente Calunga B*tch (Brasil), Transamazonico – Festival Internacional de Cinema LGBTQIA+ (Brasil), XVII Zinentiendo – Mostra Int. de Cine LGTBQI (Espanha), Mostra Tiradentes SP – Filme de encerramento (Brasil), Inside Out (Canadá), 11° Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba (Brasil), 28º Festival de Cinema de Vitória – Filme de Abertura (Brasil), Philadelphia Latino Film Festival (EUA), 40° Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival (EUA), 11° Rio LGBTQIA+ Film Festival (Brasil).

Sobre o diretor

Rodrigo de Oliveira é diretor, roteirista e montador, nascido em Volta Redonda/RJ em 1985, e radicado no Espírito Santo desde 2001. Vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pelo documentário “Todos os Paulos do Mundo (co-dirigido por Gustavo Ribeiro, 2018), dirigiu ainda os longas-metragens de ficção “As Horas Vulgares” (co-dirigido por Vitor Graize, 2011), e “Teobaldo Morto, Romeu Exilado” (2015). Lançou também os curtas-metragens “Eclipse Solar” (vencedor do Prêmio Aquisição Canal Brasil, 2016), “Ano Passado Eu Morri” (2017) e “Os Mais Amados” (2019). “Os Primeiros Soldados” é sua segunda direção solo de longa-metragem.

Sobre a Produtora

A Pique-Bandeira Filmes é uma produtora e distribuidora de conteúdo audiovisual fundada em 2011 em Vitória, Espírito Santo. Seu foco é a produção e distribuição de projetos autorais para os segmentos de cinema, TV, streaming e outros. Seus filmes foram exibidos e premiados em festivais como International Film Festival Mannheim-Heidelberg (Alemanha), Locarno Film Festival (Suíça), Festival do Rio, BFI Flare (Inglaterra), IFFI Goa (Índia), Mostra de Cinema de Tiradentes, Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba, Festival Cinematográfico do Uruguai, Festival de Vitória, Mostra Internacional de Curtas de São Paulo – Kinoforum, DOCSMX, Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, entre outros. Também foram licenciados para canais de TV e plataformas como Canal Brasil, CineBrasil TV, Prime Box Brazil, Amazon Prime, NOW e Vivo Play.

Sobre a Olhar Distribuição

A Olhar Distribuição nasceu do desejo de buscar a pluralidade de experiências, de visões de mundo, de mostrar a diversidade que existe no contexto em que vivemos. Cada filme tem um universo próprio, repleto de cores, texturas, sorrisos, dilemas e culturas singulares. Nosso objetivo é respeitar cada obra e transpor as fronteiras que limitam os mundos ficcionais e reais, e levá-las a outros olhares, cercados de realidades distintas, a fim de sensibilizar e provocar a reflexão.

Os filmes já distribuídos pela Olhar são: “Meu Corpo é Político”, “A gente”, “Ferrugem”, “Homem Livre”, “António Um Dois Três”, “Eleições”, “Dias Vazios”, “A Parte do Mundo que Me Pertence”, “Rafiki”, “Fernando”, “Meu Nome é Daniel”, “Nóis por Nóis”, “Alice Júnior”, “A Mesma Parte de um Homem”, “Mirador” e “Jesus Kid”.

Sinopse:  Em Vitória, na virada de 1983, um grupo de jovens LGBTQIA+ celebra o réveillon sem ideia do que se avizinha. O biólogo Suzano sabe que algo de muito terrível começa a transtornar seu corpo. O desespero diante da falta de informação e do futuro incerto aproxima Suzano da artista transexual Rose e do videomaker Humberto, igualmente doentes. Juntos eles tentarão sobreviver à primeira onda da epidemia de AIDS.

Ficha Técnica  

Elenco principal:

Johnny Massaro – Suzano

Renata Carvalho – Rose

Vitor Camilo – Humberto

Clara Choveaux – Maura

Alex Bonini – Muriel

Higor Campagnaro – Joca

Director, Screenwriter and Editor/Diretor, roteirista e montador: Rodrigo de Oliveira

DoP/Direção de Fotografia: Lucas Barbi

Production Designer/Direção de Arte: Joyce Castello

Costume Designer/Figurino: Khalil Rodor, Roger Ghil

Makeup/Maquiagem: Paola Giancoli, Royce Luckessi

Line producer/Direção de Produção: Melina Leal Galante

Sound/Direção de Som: Hugo Reis

Sound mix/Mixagem: Tiago Bello

Original soundtrack/Trilha Sonora Original: Giovani Cidreira

Executive Producers/Produção Executiva: Vitor Graize, Maria Grijó Simonetti, Ursula Dart

Producer/Produção: Vitor Graize – Pique-Bandeira Filmes

Associate Producers/Produção Associada: Quentin Laurent – Les Films de l’oeil sauvage; Lucas Barbi – Azucrina Filmes

Co-production/Coprodução: Canal Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Compart.
Twittar
Compartilhar
Compartilhar