Festival Além da Rua avança na cidade e promove pintura artística em mais um reservatório

Para quem trafega pela rua Jorge Dumar, no Jardim América, já se aproximando da avenida Borges de Melo, avista, de longe, um grande reservatório de água, uma construção bem conhecida de Fortaleza e que faz parte da paisagem de várias ruas espalhadas pela cidade. E é esse reservatório, situado especificamente em um dos bairros bem centrais da Capital, a atual tela de pintura do Além da Rua – Festival Internacional de Arte Urbana, que acontece desde 2010 no Ceará, com a participação de diversos artistas, linguagens e formatos, tendo sempre como eixo a arte urbana e suas conexões com a cidade.

Nesta edição de 2022, o projeto conta com o desafio de realizar grandes empenas de 360 graus na cidade de Fortaleza, ou seja, grandes pinturas, com mais de 20 metros de altura. E esses reservatórios encaixam perfeitamente nessa descrição. “Essa arquitetura de caixa d’agua são icônicas e fazem parte da característica de Fortaleza, em vários bairros”, observa Robézio, idealizador do Além da Rua.

Além do impacto visual por seu formato, os reservatórios estão localizados em espaços públicos, sendo pontos de referência importantes para os moradores e frequentadores dos bairros em que estão situados. A primeira pintura foi realizada em fevereiro deste ano, em um reservatório de água, de 35 metros de altura, no bairro Pici. Quem assina a arte, que já ficou de legado para a paisagem daquele ponto da cidade, é o coletivo Terroristas del Amor, formado pelas cearenses Dhiovana Barroso Marissa Noana.

O projeto Além da Rua é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e das Tintas Suvinil. É idealizado pelo Acidum Project, que também assinou a curadoria desta edição e conta com a parceria da Taurus Engenharia e da Prefeitura Municipal de Fortaleza, através do selo Cidade Criativa do Design – da UNESCO, sendo realizado pela Ato Marketing Cultural.

Nova etapa

Agora, no Jardim América, a pintura do reservatório, também de 35m, que fica em frente a uma praça do bairro, conta com a assinatura dos artistas Manoel Quitério, de Pernambuco, e Jessyca Sereia, da Paraíba.

Quitério é artista visual, grafiteiro, arte-educador e artista social. Com 15 anos de trajetória nas artes plásticas e dedicação a pesquisas sobre dinâmicas de reparação ao dano histórico, é mestrando em Pintura pela Universidade de Lisboa. Jéssyca Sereia, natural da Paraíba, reside há seis anos no Cariri cearense e desenvolve trabalhos de muralismo, graffiti e ilustrações em técnicas mistas. Ela traz nas obras a centralidade de figuras femininas, memórias de infância, elementos da natureza e regionais do Nordeste, símbolos e histórias da encantaria indígena marcados por traços firmes e cores vibrantes.

Além do reservatório, essa etapa conta também com a pintura dos muros da casa de operações da Cagece, ao lado do reservatório. Essas intervenções ficam por conta dos artistas Selon, de Goiás e Zé Victor, do Ceará.

Selon reside em São Paulo desde de 2020 e desenvolve murais e intervenções urbanas desde 2000. Ele atua na criação, produção e execução de projetos de artes visuais para editais e leis de incentivo à cultura. Executou inúmeros murais de arte pública e murais internos para residências e empresas de pequeno, médio e grande porte. Tem a criação, o desenho e a pintura como partes de sua rotina.

Zé Victor, natural de Fortaleza, é grafiteiro, artista visual e designer gráfico. Traduz nas suas obras uma estética que mescla os traços caligráficos com figuras do imaginário do artista em composições de cores vibrantes, carregando sempre uma forte influência da cultura de rua.

Paisagem urbana

A primeira parte da pintura do reservatório do Jardim América, assinada por Manoel Quitério, iniciou no dia 07 e será finalizada no dia 13 deste mês. Jéssyca Sereia iniciou sua pintura na outra metade do reservatório no dia 11, mesmo dia em que Selon começou a transformar a parede lateral da casa de operações da Cagece. Os dois finalizam o trabalho no dia 19. Já Zé Victor inicia dia 14 e conclui sua pintura no dia 18.

De acordo com Robézio, o tema das pinturas é livre e fica a cargo da imaginação e inspiração dos artistas, que foram chamados para esta edição do Além da Rua através de uma convocatória. Foram cinco os selecionados para compor o Festival em 2022, que tem o objetivo de realizar pinturas artísticas nesses reservatórios como uma forma de impactar visualmente a cidade e propor novas formas da população se relacionar com a paisagem urbana em seu entorno.

Por já fazerem parte daquele espaço há muito tempo, esses reservatórios, mesmo que grandiosos, acabam se tornando invisíveis para quem mora no entorno ou para quem sempre passa em frente a eles, pontua a diretora da Ato Marketing Cultural, Ivina Passos. Dessa forma, um dos papeis do Além da Rua, segundo ela, é valorizar o espaço com as pinturas, transformando essas construções em um novo ponto de referência artístico.

“O Festival tem como objetivo promover uma nova forma de troca da população com o espaço público. Por isso, a gente sempre procura trabalhar o impacto visual para proporcionar uma nova forma de olhar para aquilo que é já faz parte do cotidiano”, resume Ivina.

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