Dia Mundial Sem Carne: como a retirada dela do prato ajuda sua saúde
Especialistas e ONGs comentam estudos que mostram relação entre o consumo da proteína animal e aumento de casos de câncer |
Há 37 anos, o dia 20 de março é marcado por ações de conscientização sobre os impactos que o consumo de carne tem. Na data, foi instituído o Dia Mundial Sem Carne e diferentes aspectos são levantados no debate, como a degradação ambiental decorrente da pecuária e as condições a que os animais são submetidos durante a produção. Neste ano, as ONGs Sinergia Animal e Million Dollar Vegan Brasil fazem um alerta sob um ponto de vista pouco debatido: a relação entre o consumo de carne e a saúde humana. O alerta é de que a retirada das carnes da alimentação pode ajudar a prevenir casos de câncer. Só no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 625 mil novos casos de câncer devem surgir neste ano. Pessoas que serão afetadas pela gravidade da doença e do tratamento, na maioria das vezes, não sabem que os inimigos podem estar no próprio prato, a cada refeição. A Million Dollar Vegan, organização que incentiva os líderes mundiais a darem exemplo e mostrarem como a adoção de uma dieta vegana (sem carnes, ovos, leite e derivados) pode proteger a saúde, lamenta que esta informação não chegue à grande parte da população mesmo sendo fruto de tantos estudos já publicados. O médico e escritor Michael Greger, apoiador oficial da ONG, alerta: “Até o sistema mudar, precisamos nos responsabilizar por nossa saúde. Não podemos esperar que a sociedade se atualize com a ciência para agir, porque é uma questão de vida ou de morte”. Por isso, a organização se dedica a ampliar o acesso à informação sobre a contribuição da carne também nos riscos de câncer, assim como outras doenças crônicas como as cardíacas e cardiovasculares. OMS reconhece os prejuízos da carne à saúde Pequenas quantidades de carne podem agir como um veneno silencioso, inflando os percentuais das chances de doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificou carnes processadas, como salsichas, presunto e bacon, no grupo 1 de carcinogênicos – mesmo grupo em que estão os cigarros, amianto, radiação ultravioleta e álcool. Uma pessoa que consuma diariamente 50 gramas de carne processada, o equivalente a 4 fatias de bacon ou uma salsicha, aumenta o risco de câncer colorretal em 18%. No Brasil, o tumor localizado inicialmente no cólon e reto é o terceiro câncer que mais mata homens e mulheres. E não é só em formato processado que a carne é vilã da saúde. Sem passar pelo processamento, a carne vermelha foi classificada pela OMS no Grupo 2A, como provável cancerígena para humanos. A Sinergia Animal, organização internacional de proteção animal reconhecida como uma das mais efetivas ONGs do mundo, defende a retirada da carne do prato e ressalta os benefícios de uma dieta vegana balanceada, repleta de frutas, legumes, verduras e grãos, no combate ao câncer, pois é rica em antioxidantes, que têm um papel importante na prevenção. A Million Dollar Vegan espera que, a partir da repercussão dos estudos, mais médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde reconheçam a eficácia de uma dieta 100% vegetal com o intuito de prevenir, tratar e curar doenças crônicas. Para contribuir com informação, a organização disponibiliza orientações para iniciantes na alimentação sem carne, ovo e leite, trazendo receitas e dados sobre os benefícios à saúde. Em seu site, a Million Dollar Vegan desafia as pessoas a “descobrirem o veganismo” experimentando uma alimentação 100% vegetal por 31 dias. Recém lançado, Guia de Nutrição Vegana traz orientações pra uma vida sem carne Em fevereiro, uma nova ferramenta para auxiliar profissionais da saúde com orientações sobre a alimentação sem produtos de origem animal foi lançada no Brasil. O Guia de Nutrição Vegana para Adultos, desenvolvido pelo Departamento de Medicina e Nutrição da União Vegetariana Internacional (IVU), traz também informações importantes sobre o combate ao câncer. Entre elas, há uma tabela com precauções que podem ser tomadas na alimentação. Segundo o Guia, evitar o consumo de carne vermelha e carnes processadas contribui para diminuir o risco de câncer de cólon e reto. Além disso, a exclusão da carne grelhada e frita pode fazer cair o risco de câncer de cólon, reto, mama, próstata, rins e pâncreas. Conforme o autor do guia, o médico Eric Slywitch, que é diretor dos Departamentos de Medicina e Nutrição da IVU e da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o consumo de alimentos de origem vegetal tem efeito protetor na prevenção do câncer, ainda mais se associados à redução ou eliminação dos produtos de origem animal. “A formação acadêmica dos profissionais de saúde de muitas universidades não contempla informações sobre a forma de elaborar a alimentação sem carne e derivados animais. É natural que haja receio de não saber avaliar e conduzir indivíduos com uma alimentação vegetariana e vegana e, por desinformação sobre publicações sobre o tema, muitas vezes é tirada a possibilidade do incentivo a seguir um sistema alimentar que traz mudanças positivas para a saúde e a qualidade de vida”, explica Eric. |