Negar a ciência é interromper a evolução humana
(Por Antônio Matos)
Estou aqui a pensar, me questionando, refletindo, sobre o sentido da existência humana, procurando entender desde os primórdios o porquê da crueldade humana. Impérios se dizimavam e caíam quando surgiam outros mais cruéis ainda, os relatos bíblicos são a prova disso. Deus, em sua magnitude, também utilizou da violência para punir os transgressores das suas leis. Violência, assassinatos de toda natureza e o que se percebe é que nos dias de hoje nada mudou.
Há os que rezam, os que choram, os que questionam. Embora existam pessoas boas, o mal e o bem sempre vão estar no meio delas. É o comportamento humano que não tem explicação, pode ser uma manifestação própria onde a maldade e a bondade se unem e se despedem a qualquer momento agredindo a si mesmas.
Passo boa parte do meu tempo tentando encontrar explicações, confesso que não me sinto feliz, porque tenho que viver simplesmente sem saber qual a minha origem, o que estou fazendo aqui e o porquê. Poucos pensam nisso. Vivem por viver, para dormir, comer, beber, embora que rezem ou orem nos dias da semana aos sábados ou domingos e depois passem a sentir os prazeres da vida sem entender os ensinamentos que nos foi dado pelos profetas que primeiro habitaram o nosso planeta, embora primitivos e tribais alguns dos seus textos tinham razoabilidade, enquanto não acenavam para a esfera mística.
Acredita o homem que mesmo cometendo o mal, mas se arrependendo, pode ser salvo. Invocar o nome de Deus, através da fé, para alcançar adeptos e extorqui-los por meio de doações financeiras, por intermédio do dízimo de promessas e sentimentos, é uma salvação que, provavelmente, não existe. São esses atores que no palco das ilusões se apresentam num espetáculo onde só incentivam as disputas, as idolatrias, mesmo que em nome de grandes divindades, esses podres homens sobrevivam até hoje sufocando e matando o amor. Aqui carregando essa carcaça humana sei das minhas limitações e não adianta sonhar alto porque a vida não pode ser eterna e é só “infinita enquanto dura” (*).
Vocês que são sábios, que se dizem os arautos do conhecimento, expliquem-me o sentido de tudo, o porquê, sem nos levar a um plano místico mentiroso e enganador como o de muitos religiosos. Tenho vergonha de ser humano por não entender a maldade ou bondade que habita esse ser desprezível que insiste em ser puro ou a imagem e semelhança de uma divindade. Víbora humana que mata, maltrata, odeia, debocha, mas mesmo assim ainda diz que é capaz de amar.
Este ser humano detentor deste corpo, que lhe faz viver materialmente, se acha o dono de tudo, desprezível ser que foi jogado aqui para simplesmente evoluir e dar continuidade a sua espécie através da unidade que mesmo assim é ignorada. Mesmo condenado ao isolamento, desprezo e a viver sob amnésia profunda não busca respostas e nem uma forma de amenizar seu eterno sofrimento. Não adianta se apegar aos dogmas, porque o seu sofrimento é uma chaga; é consequência profunda dos seus terríveis erros que ainda nos dias de hoje permeiam e só você mesmo vai ser capaz de se libertar e conseguir entender um dia o sentido da sua existência e o porquê foi jogado aqui nesse cárcere através do sistema temporal. Mas, como, se continuas a viver e amar o mal e desprezar a si mesmo no momento de ser caridoso e piedoso com o próximo?
Com o advento das pragas humanas, exemplos como o atual agressivo coronavírus, que já fez milhares de vítimas pelo mundo, mesmo assim existem pessoas que continuam a desprezar a ciência, sem entender o sentido de tudo, focadas na pura ignorância.
Peço a todos que se curvem à ciência como forma de preservar a espécie e procurem viver em harmonia com a natureza, respeitando as leis universais, principalmente amando e promovendo a caridade, a bondade sem cometer o mal ao seu semelhante, pois saibam que, quando atentas contra o planeta e a vida estarás a ferir-te a ti mesmo. Só o conjunto de pensamentos constantes, em harmonia com o bem, em busca do amor indivisível, vão ser capazes de amenizar a dor eterna, a que estamos condenados pelas leis universais que passamos a feri-las.
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Antônio José Matos de Oliveira é jornalista, consultor de empresas, diretor administrativo do Jornal do Comércio do Ceará e membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Columinjuba – Acla Capistrano de Abreu.