Como preservar as florestas? Especialistas incentivam mudanças no cardápio

Como a pecuária é uma das atividades que mais contribui para o desmatamento, deixar de comer carne ou diminuir o consumo de alimentos de origem animal ajuda o meio ambiente 

 

Garimpo ilegal, exploração de madeira, queimadas, desmatamento. São diversos os fatores que intensificam a devastação das florestas brasileiras.

Mas você sabia que é possível ajudar a reverter essa situação apenas fazendo novas escolhas nas refeições do dia a dia?

Mais proteína vegetal, mais florestas

“80% do desmatamento no Brasil é causado pela pecuária para a abertura de pastos, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Ou seja, a pecuária é, de longe, a principal causa da destruição das nossas florestas, por isso, não faz sentido querer proteger nossas matas e financiar a indústria que mais desmata no país”, explica Isabel Siano da Million Dollar Vegan, organização sem fins lucrativos que estimula a adoção de um estilo de vida baseado em vegetais.

Para especialistas no assunto, a redução de consumo de alimentos de origem animal é uma das ferramentas (e atitude pessoal) mais eficaz para frear o avanço das perdas dos nossos biomas e biodiversidade.

Segundo a nutricionista Alessandra Luglio, diretora de campanhas da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), fazer essa mudança na alimentação é também uma forma de cuidar melhor da nossa saúde, prevenindo as principais doenças crônicas não-transmissíveis que adoecem a humanidade. “Afinal, existem pessoas saudáveis em um planeta doente?”, questiona a nutricionista.

Carolina Galvani, presidente da ONG Sinergia Animal, que atua na América Latina e Sudeste Asiático, alerta ainda que a pecuária não apenas explora e mata animais para a produção de alimentos, como também contribui para as mudanças climáticas e coloca em risco florestas, povos indígenas e animais selvagens.

“Além disso, trabalhadores são mantidos em condições análogas a escravidão. Temos que agir politicamente contra esse sistema e também mudar nossos hábitos alimentares para não subsidiar essa indústria destrutiva”, comenta Carolina.

 

O que podemos fazer

O primeiro passo é mudar o cardápio e incentivar outras pessoas a fazer o mesmo.

Repensar nossas formas de consumo, apoiar iniciativas sustentáveis, como a reciclagem, e fiscalizar a atuação dos governantes também é importante. Tudo com consciência e de forma crítica, até mesmo na hora de plantar uma árvore para ajudar o meio ambiente.

Vania Plaza Nunes, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, alerta que plantar mais árvores é preciso, mas com critério, já que existe uma intrincada relação entre centenas e milhares de formas de vida em cada fragmento florestal.

“É preciso equilíbrio das espécies plantadas com as espécies animais que existem no local. A relação íntima que existe entre a floresta, a mata e toda forma de vida que existe ali dentro é o que suporta e sustenta toda a vida humana. Se tivéssemos de fato essa dimensão, com certeza todos nós estaríamos tendo mais responsabilidade e respeito para preservar o verde, que é o que a gente vê, e toda a forma de vida que a gente não vê.”

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