MERCADO SÃO SEBASTIÃO – 84 anos de comércio e movimentação turística
Pesquisa: Roberto B. Morais
Imagine-se numa manhã de domingo, com a família, em volta de mesas esparsas e cadeiras, a céu aberto, ao sabor de um desjejum com a deliciosa tapioca recheada, ou cuscuz e um cafezinho bem quentinho. E, próximo, a seu lado, um palco cuja diversidade satisfaz a todo gosto musical, cantando-se sucessos nostálgicos de décadas passadas à geração Jovem Guarda, e arrastando os chinelos no baião do saudoso Luiz Gonzaga. E depois de tudo isso, quando o sol já nos convida à praia, que tal antes experimentar o sabor de uma comida regional, dirigindo-se à área gastronômica que oferece opções de pratos típicos da culinária cearense: buchada, panelada, caldo de mocotó, cozido de boi com tempero à moda da casa, funcionando de segunda a domingo.
É este o novo mercado São Sebastião que, agora conta com o Espaço Cultural São Sebastião, aos domingos, pela manhã, com atrações musicais. O palco, ao lado das tapioqueiras, é ”bem democrático”, segundo o seu excêntrico apresentador, pois abre espaço para os mais variados gêneros musicais, na voz de profissionais e amadores, inclusive, é oportunidade para divulgação de produções autorais.
Está edificado em moderna estrutura arquitetônica, com dois blocos separados por área de passeio e passarela suspensa, espaço ajardinado com bancos, estacionamentos externo e no subsolo que comporta ainda, frutas no atacado (banana, laranja, verduras), comércio de plantas para sítios, jardins e adubos.
O piso superior é ocupado por artesanato, utensílios domésticos, confecções, miudezas e perfumarias, embalagens descartáveis, produtos regionais, e uma infinidade de quinquilharias.
No térreo, vendas no varejo de verduras, frutas importadas, nacionais e regionais; o velho açougue de carne a granel, pescados, galinha caipira, casas de ferragens, agência lotérica e até farmácia.
SUA HISTÓRIA
Recém festejado com a Maior buchada do mundo, expondo no centro do passeio o ”panelaço” de barro, onde foi feita a buchada, símbolo da gastronomia cearense, foi construído, em 1937, no espaço da antiga Capelinha de São Sebastião, na administração de Raimundo Alencar Araripe, primeiro prefeito eleito pelo voto popular. Teve a sua estrutura de ferro, do desmonte de um antigo mercado, na Praça Carolina, hoje Praça Waldemar Falcão, por conta do processo de urbanização do centro de Fortaleza. Parte desses ferros serviram, ainda, na construção do Mercado dos Pinhões. Fato digno de menção é a origem desta praça que, hoje, é ocupada em toda a sua extensão pelo mercado, mas o nome oficial era Praça 25 de Março, e em 1932, passou a chamar-se Praça Paula Pessoa, na administração de Raimundo Girão. Mas prevaleceu o batismo do Santo: São Sebastião, padroeiro do mercado, celebrado a 20 de janeiro, todos os anos, com o café da manhã, teve, inclusive, o sorteio de uma moto.
Em 1968, foi levantado um galpão de alvenaria, na administração do Prefeito José Walter Cavalcante, substituindo a estrutura de ferro. Um novo Mercado São Sebastião foi projetado pelo arquiteto Fausto Nilo, em 1997, na gestão do Prefeito Juraci Magalhães. Talvez, seja esse o motivo de admitirem que o Velho São Sebastião só tem 22 anos, quando na realidade tem 83 anos de existência.
Após essas sucessivas mudanças de estrutura e posicionamento, na mesma praça, hoje, ocupando toda a extensa área, contígua às ruas Padre Ibiapina, Clarindo de Queiroz, Meton de Alencar e Tereza Cristina, passou por novo processo de urbanização no seu entorno na gestão do prefeito, Roberto Cláudio, instalando uma central de monitoramento e reciclagem ao lado do mercado, ciclovia e ampliando o calçadão, facilitando, ainda mais a mobilização e acesso às suas dependências.
Forças dos Permissionários
O São Sebastião é hoje um importante Centro Comercial, com 450 lojas diversificadas, não só em frutas e verduras, mas nos mais variados produtos de gêneros alimentícios e utilidades domésticas, inclusive com particularidades que atendem aos turistas para produtos regional, da terrinha, como a castanha do caju e do Pará, amendoim, queijo, rapadura, mel de abelha, doces de leite, batidas, raízes, plantas medicinais, destacando no piso superior área exclusiva para esses produtos. Destaca-se a padronização de alguns setores, como as tapioqueiras ao lado do palco das atrações.
Antonio Roberto Barbosa Morais – Pesquisador.
Curso Superior em Letras USF – SP
Licenciatura Plena em Música – UEC – CE
Referência Bibliográfica: Arquivo Nirez