Ceará realiza compra emergencial de filtros e adesivos para pacientes com traqueostomia
Desde o último dia 7 de abril, os pacientes submetidos à laringectomia total, que tem como sequela a estomia respiratória permanente (traqueostomia) passaram a receber os insumos necessários à sua proteção. Pacientes sem laringe, por não possuir mais respiração nasal, perdem a umidificação e filtração, e também estão aptos a infecções agudas devido à irritação da mucosa da traqueia pelo ar inspirado seco e frio através da estomia.
O risco de contágio por COVID-19 não é o mesmo para toda a população. Pacientes imunocomprometidos, com comorbidades e com alterações anatômicas ou cirúrgicas das vias aéreas superiores estão mais sujeitos a esse contágio. Os pacientes com câncer de cabeça e pescoço geralmente apresentam alto risco de infecção por COVID-19 e de desenvolverem formas mais graves da doença. Segundo publicações científicas, a natureza altamente contagiosa do vírus em gotículas respiratórias e aerossolização tornam as pessoas com traqueostomia ou laringectomia total como possivelmente aqueles que estão mais expostas à infecção.
Outro ponto importante é que o paciente laringectomizado total apresenta alto risco de transmissão de partículas virais para as pessoas do entorno, tanto para profissionais de saúde quanto para membros da comunidade, devido à alteração da anatomia das vias aéreas e à aerossolização das secreções traqueais. Sendo assim, o uso de dispositivos que “substituam” as funções do nariz, como filtragem, umidificação e aquecimento do ar inspirado faz-se necessário tanto para sua proteção quanto para a das pessoas ao seu redor.
Uma das opções para minimizar a vulnerabilidade dos laringectomizados totais à COVID-19 é o uso do Heat and Moisture Exchange (HME), um dispositivo que adiciona resistência ao fluxo aéreo, além de filtrar, aquecer e umidificar o ar, melhorando o desempenho pulmonar. Além disso, o uso do HME minimiza o risco de transmissão viral por aerossolização das secreções traqueais, já que o dispositivo reduz os episódios de tosse, produção de escarro e expectoração.
Esse tipo de insumo tem um custo pouco acessível à maioria dos laringectomizados totais no contexto brasileiro de desigualdade socioeconômica, além da ausência de uma política nacional de atenção à saúde do laringectomizado total o que dificulta o acesso aos insumos de proteção pulmonar nesse momento de pandemia.
A Associação de Câncer de Boca e Garganta – ACBG solicitou em caráter de urgência a aquisição pela Secretaria da Saúde do Ceará em março de 2020 (ao iniciar a pandemia) de filtros HME para os Laringectomizados Totais do estado.
Após os trâmites de processo, os pedidos foram aceitos, promovendo segurança a esses pacientes. As entregas ocorrerão às quartas e sextas das 14h às 17h no serviço de referência para pacientes com ostomia respiratória no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (Hospital do Coração de Messejana), no ambulatório de Estomaterapia.