O Futuro da Educação Digital: por que ainda não chegamos lá?

Talvez a melhor forma de iniciar este texto seja dizendo: parem de colocar rótulos na educação, não se trata de uma dicotomia entre tradicional x digital, entre presencial x EAD, entre híbrido x tradicional. Ao rotular os cursos e os modelos/metodologias de ensino, estamos olhando para a educação sob o prisma do copo meio vazio, das deficiências que cada um dos modelos tem. Para aqueles que pensam a educação do futuro, inovadora, tecnológica, inclusiva, acessível, formadora, socialmente justa, não nos interessa distinguir ou distanciar os modelos, mas nos apropriarmos do que existe de melhor em cada um dos modelos ou metodologia.

Percebam o seguinte: alunos surdos podem assistir aulas gravadas de conteúdo, em LIBRAS, em ambientes acessíveis pela internet; alunos cegos, com ajuda de leitores de tela, podem acessar o conteúdo de um livro digital, sem a necessidade de livros escritos em Braile; a inteligência artificial pode monitorar os acessos e aprendizagem do aluno, indicando novas leituras, novas atividades, novas metodologias a um aluno com dificuldades de aprendizagem; um aluno morando no interior do estado do Amazonas, distante 10 a 12 horas de viagem de barco da capital podendo fazer um curso técnico, um curso superior, uma pós-graduação na modalidade a distância; um outro aluno da cidade de Mâncio Lima no Acre, distante 33 km de Cruzeiro do Sul, fazendo um curso superior a distância de engenharia civil, em um curso híbrido, com aulas online e atividades práticas em seu polo de apoio presencial; um aluno da cidade de Imperatriz no Maranhão, fazendo curso de Jornalismo a distância com seu Laboratório de Práticas Individuais (filmadora, máquina fotográfica, gravador digital e softwares para edição de áudio, vídeo e imagens) em projetos laboratoriais práticos, realizados sobre em seu contexto loco regional e social.

Atuando como professor do ensino superior há 20 anos, 17 deles, também voltados para a Educação a Distância, é possível afirmar que vivemos uma verdadeira transformação no Ensino Superior Brasileiro, não apenas pelo uso de tecnologias, mas por que as tecnologias permitiram que a educação ousasse atender com toda e qualquer dificuldade de aprendizagem, utilizando-se para tanto da tecnologia como meio para a inclusão social; atender pessoas de cidades pequenas e longínquas com um curso de qualidade, chegando a locais onde o ensino tradicional e presencial não chegava; ofertar cursos com práticas laboratoriais, mediante o uso de laboratórios individuais e portáteis, em modelos de ensino híbrido; além do acesso ao ensino, estas inovações, permitiram também a realização do sonho de uma profissão e de um curso superior a professores, administradores, contadores, engenheiros, enfim a uma grande gama de possibilidades, gerando com certeza uma sociedade mais justa e igualitária;

Nos mostrou que não importa o quanto nos utilizemos da tecnologia, o professor que planejar e executar a utilização dos recursos tecnológicos, das metodologias, dos materiais didáticos, continuam sendo essenciais dentro do processo. A migração do ensino presencial tradicional para um modelo não planejado de aulas remotas só foi possível por que bons professores, se ajustam a novas tecnologias e metodologias muito rapidamente, pois são especialistas não apenas em ensinar, mas em aprender.

Isto é o que nos move enquanto educadores, mobilizar a sociedade, o governo, a família, a escola e os professores, para que juntos pensemos uma educação do futuro que tenha: práticas de ensino planejadas; aprendizagem facilitada pela tecnologia; tecnologia como meio; metodologias inovadoras como prática, nos remetendo a uma educação inclusiva, acessível, inovadora, tecnológica e socialmente justa.

Por que ainda não chegamos lá?

Basicamente porque olhamos o copo meio vazio, por que temos alunos refratários digitais e escolas a caminho de uma interrupção digital, ou seria de uma cegueira de gestão?

Vamos ao que dizem os números. Pesquisa realizada pelo Educa Insights afirma que 70% dos alunos do ensino presencial, que estão passando pelo processo de aprendizagem com tecnologias, afirmam que a experiência está sendo positiva. Para 41% dos candidatos a uma vaga no ensino superior, o principal atrativo a escolha de uma Instituição de Ensino, envolve os descontos concedidos, ou seja, quanto vou pagar por mês de mensalidade? Enquanto o ensino superior presencial tradicional cresceu em média 3,93% no período 2003-2018, o Ensino a Distância – EAD, cresceu 31,39% ao ano, são praticamente 10 vezes mais. Para 44% dos candidatos potenciais a uma vaga no ensino superior, as adaptações que as instituições estão adotando em meio à pandemia são fundamentais para escolher onde se matricular, envolvendo uso de tecnologias, ações nas redes sociais e práticas voltadas a flexibilização de atividades de aprendizagem.

Está mais do que na hora de pararmos de pensar em rótulos, para pensarmos em modelos educacionais em que as melhores práticas de ensino e aprendizagem sejam potencializadas pela tecnologia, por novas metodologias, afinal de contas estamos falando da Educação do Futuro.

Elton Ivan Schneider é diretor da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.

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