Áreas protegidas são a base para proteger a floresta e evitar queimadas

O fogo está mais uma vez destruindo parte significativa da maior reserva natural do planeta. Mas o que fazer para que isso não continue acontecendo ano após ano? Uma das respostas é incentivar a economia local. O Lira – Legado Integrado da Região Amazônica – reúne 82 organizações que atuam em cadeia para que isso se torne realidade

 

Faz pouco mais de um ano que o céu de São Paulo ficou escuro por causa das queimadas que ocorreram na Amazônia durante o mês de agosto de 2019. Este fim de semana, o fenômeno se repetiu no Sul e Sudeste do País. Mais uma vez, durante a estação de seca, o fogo consome as florestas.

Mas por que, afinal, as queimadas ocorrem? Parte da explicação para tem a ver com o crescimento econômico e a necessidade de recursos. A pecuária demanda uso extenso de terras, enquanto esgota sua capacidade produtiva, havendo sempre a necessidade de desbravar outras áreas. A exploração sem os cuidados em reduzir os impactos sobre o ambiente e o desmatamento faz com que a vegetação alta e densa que serviria como proteção, seja substituída por outra altamente inflamável e, é claro, o risco de incêndio aumenta. É um perigoso círculo vicioso.

A região amazônica concentra cerca de 20% da água doce do planeta, representa um terço das florestas tropicais e ainda contém mais da metade da biodiversidade do mundo. Sem ela haveria crises muito mais frequentes e graves no abastecimento de água, a temperatura do planeta aumentaria drasticamente, fenômenos climáticos, como chuvas torrenciais, ondas de calor, nevascas, furacões ficariam ainda mais extremos com o aumento das mudanças climáticas, e tudo isso sem falar na biodiversidade perdida.

Como evitar?

Uma das maneiras de amenizar o problema das queimadas é transformar as áreas protegidas – unidades de conservação e terras indígenas – em um polo de desenvolvimento regional e territorial. Com a possibilidade de a população local ter uma renda eficiente e o fortalecimento desses povos, há menor chance de invasão e, consequentemente, queimadas.  Essas áreas, entretanto, precisam ser geridas de forma eficiente para que cumpram sua missão. É isso que faz o LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto.

Junto com uma rede de parceiros de vários setores, que atuam no território, o Lira tem como objetivo conservar a floresta, a biodiversidade, a função climática da bacia Amazônica e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais.

Segundo Fabiana Prado, Gerente de Articulação do IPÊ e responsável pelo projeto, valorizar e fortalecer quem protege e cuida da floresta é uma maneira de ajudar a diminuir o processo destrutivo. “Nossa estratégia é ampliar a gestão integrada no território para alcançar esse objetivo, impulsionando diretamente negócios sócio produtivos vinculados a 12 cadeias de valor da Amazônia: castanha, farinha de mandioca, turismo, açaí, pesca, pirarucu, artesanato, artefatos de madeira, cumaru, cacau silvestre e borracha”, diz ela. Além disso, o LIRA vai apoiar a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), que geram benefícios para o produtor e para a floresta.

 

Sobre o IPÊ

O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. Fundado em 1992, tem sede em Nazaré Paulista/SP, onde também fica o seu centro de educação, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade.

Presente nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, o Instituto realiza cerca de 30 projetos ao ano, aplicando o Modelo IPÊ de Conservação, que envolve pesquisa científica, educação ambiental, conservação de habitats, envolvimento comunitário, conservação da paisagem e apoio à construção de políticas públicas. Além de projetos locais, o Instituto também desenvolve trabalhos em diversas regiões, seguindo os temas Áreas Protegidas, Áreas Urbanas e Pesquisa & Desenvolvimento (Capital Natural e Biodiversidade). Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, o IPÊ conta com parceiros de todos os setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais. www.ipe.org.br

Sobre o LIRA

O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas – SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais. Mais informações: https://lira.ipe.org.br/

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