Serviço Geológico do Brasil lança novo mapa geológico do estado do Ceará

Foto: Rocha brita gnaisse próximo a Arneiroz

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) finalizou o novo mapa geológico do Ceará, com a atualização do conhecimento geológico do estado. A publicação reúne dados e informações gerados em dezenas de projetos de cartografia geológica realizados pelo SGB-CPRM, em pesquisas acadêmicas executadas em universidades brasileiras, e nas diversas publicações técnico-científicas produzidas nos mais de 148 mil km² do território do estado.

Os produtos gerados pelo Projeto Mapa Geológico do Ceará, executado pela equipe da Residência de Fortaleza do SGB-CPRM, que inclui o mapa geológico e o mapa de recursos minerais, ambos apresentados na escala 1:500.000, além do conjunto de bases de dados geológicos relacionadas, estão todos disponíveis a partir desta quinta-feira, dia 10/09, para download no GeoSGB e RIGEO. http://rigeo.cprm.gov.br/jspui/handle/doc/20418
http://rigeo.cprm.gov.br/jspui/handle/doc/21482

Os produtos gerados constituem importante ferramenta para múltiplos usuários. Para o setor mineral, os mapas permitem a avaliação integrada das áreas de maior interesse para pesquisa e investimentos. De acordo com pesquisador do SGB-CPRM Tercyo Rinaldo Gonçalves Pinéo “Os mapas apresentam informações importantes sobre as ocorrências minerais e associações de rochas que aos olhos dos geólogos e prospectores indicam as áreas mais potencias para determinadas mineralizações, que poderão ser investigadas pelo setor mineral com maior grau de detalhe”, explica o geólogo.

Os mapas também têm grande relevância para gestores públicos nas decisões sobre a construção de grandes obras públicas ou obras de engenharia de médio porte. “O método a ser empregado em uma obra para prospecção de água subterrânea, por exemplo, como a construção de uma barragem, é definido de acordo com o tipo de rocha existente no local. Se o Estado possui um mapa com esses dados disponíveis e de forma acessível, isso implica em redução de custos públicos e do setor privado em projetos de engenharia e em pesquisa de recursos hídricos”, relata Tercyo.

Também podem ser utilizados no planejamento do uso e ocupação do solo, em áreas urbanas e rurais. “Os mapas e bases de dados podem ser utilizadas por gestores públicos na elaboração e execução de obras importantes como rodovias e canais de integração hídrica, ou seja, disponibilizam informação pública de qualidade, visando o desenvolvimento regional”, acrescenta.

Pedreira de granito branco em Santa Quitéria. Rochas ornamentais representam a maior força do setor no estado do Ceará 

A potencialidade mineral do Ceará pode ser avaliada nos produtos, com mais de 900 ocorrências de recursos minerais, especialmente para rochas ornamentais, magnesita e também materiais para o setor de construção civil, como areia, argila e brita. Com relação aos metais, foram registradas mais de 200 ocorrências de ouro, platinoides, ferro, chumbo, cobre e cromo. Em menor proporção, foram cadastradas ocorrências de gemas de ametistas, berilo e turmalina, além de urânio. “Dentre as substâncias minerais que há no estado do Ceará, destacamos o setor de rochas ornamentais, sendo o terceiro maior exportador do país.

Destaca-se também as mineralizações auríferas e elementos do grupo da platina na região do município de Pedra Branca e minerais estratégicos como fosfato-urânio da jazida de Itataia, localizada no município de Santa Quitéria, sendo o fosfato matéria-prima para a produção de fertilizantes, insumo de extrema importância para a agricultura nacional”, resumiu.

Este trabalho de mapeamento de potencialidades colocou em plena atividade a mineração no Ceará, resultando nesta colocação de terceiro maior produtor nacional em rochas para fins ornamentais. Desde 2003, a cartografia geológica feita pelo SGB-CPRM, empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, foi intensificada, ampliando a cobertura do mapeamento em maior escala, o que culminou com o lançamento deste mapa que atualiza e integra todos os dados, conforme explica o diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil, Márcio Remédio.

Os resultados deste esforço de mapeamento básico podem ser avaliados por meio dos dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). De acordo com levantamento do número de áreas requeridas para pesquisa mineral, que é a fase em que se iniciam os estudos detalhados das potencialidades minerais, a partir da divulgação dos estudos do SGB-CPRM, realizados entre os anos de 2007 e 2019, foram requeridas 585 áreas para pesquisa mineral no estado do Ceará. “O mapeamento geológico é um dos pilares do desenvolvimento sustentável, pois todos dependem fortemente de suprimentos adequados de energia e recursos minerais, o que torna uma questão de soberania nacional saber os recursos que cada país dispõe no subsolo”, destacou Márcio.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO – Além dos dados de recursos minerais, o mapa geológico do Ceará exibe 61 unidades litoestratigráficas e um conjunto de estruturas geológicas que permitem a visualização dos padrões estruturais regionais no estado. Neste projeto foram realizadas duas etapas de campo, com a descrição de 260 novos afloramentos. O mapa apresenta ainda 207 pontos de informações geocronológicas, compilados de teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos publicados em revistas nacionais e internacionais e de projetos de cartografia geológica realizados pelo SGB-CPRM.

Esse caráter de integração de dados geológicos atualizados torna o mapa bem recebido na comunidade científica, pois fornece suporte a projetos na área das geociências, impulsionando a pesquisa científica nas instituições de ensino de nível superior e técnico. “Para a academia, universidades e institutos de pesquisa geológica, o principal benefício do produto em questão é o de constituir com uma base geológica atualizada, que poderá ser utilizada no estudo e entendimento da evolução geológica de grandes massas continentais que existiram no passado”, avaliou Tercyo.

O pesquisador explica que o estado do Ceará é constituído por conjuntos litológicos de composição, idade e história evolutiva diferentes. Desta forma, as rochas mais antigas datam do Arqueano (período geológico de idade entre 2,5 e 4 bilhões de anos), com predomínio de ortognaisses (rochas de natureza metamórfica). Adjacente a estes terrenos arqueanos há conjuntos de rochas meta-plutono-sedimentares (rochas metamórficas de origem sedimentar e magmática) de idades de 2,1 e de 1,8 bilhões de anos, portanto da era paleoproterozoica (período geológico de idade entre 1,6 e 2,5 bilhões de anos).

Há também conjuntos litológicos formado por rochas metavulcanossedimentares (rochas metamórficas de origem sedimentar e vulcânica) com idades em torno de 700 milhões de anos e um extenso magmatismo com idades em torno de 585 Ma, da era neoproterozoica (período geológico de idade entre 540 milhões de anos e 1 bilhão de anos). Bacias sedimentares dos períodos Cambriano-Ordoviciano, Siluriano e do Jurássico-Cretácico, junto com coberturas sedimentares da era cenozoica (período geológico iniciado há 66 milhões de anos e que se estende até o recente) fecham este cenário geológico.

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