Redes de apoio podem evitar evasão escolar

Na América Latina e Caribe, mais de 154 milhões de crianças estão temporariamente fora da escola devido à Covid-19

Uma das consequências da pandemia da Covid-19 foi a paralisação das aulas presenciais em instituições de ensino do mundo todo. A medida de prevenção garante a segurança de alunos e também funcionários da área de educação. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), na América Latina e no Caribe, mais de 154 milhões de crianças, cerca de 95% dos alunos matriculados, estão temporariamente fora da escola por conta da pandemia. Necessária para conter a propagação do vírus, a medida de fechamento das instituições também afeta os índices de evasão escolar, que devem registrar aumento, principalmente em comunidades em situação de vulnerabilidade social.

Neste cenário, as atividades a distância e a atuação de instituições sociais apresentam um papel fundamental na permanência de crianças e jovens no ambiente estudantil. Essa é a realidade do Caeut Leandro da Rosa Cit, de 18 anos, morador do bairro Cajuru, região leste de Curitiba. Sem ir para a escola há mais de cinco meses, ele comemora as boas notas, mesmo com todas as dificuldades. “Meu sonho é ser jogador de futebol, mas pra isso é importante ser bom nos estudos, e isso é um incentivo pra mim. Meu boletim, nesse trimestre, só teve notas entre 9 e 10”, conta com orgulho. Caeut é atendido pelo Instituto Futebol de Rua, que atua na promoção de valores por meio da cultura, esporte e educação.

Para a avó, Eloisa Aparecida da Rosa Cit, 55 anos, o trabalho representou a mudança na vida do neto. “O Instituto Futebol de Rua fez com que o Caeut fosse mais responsável com suas coisas. É uma vitória vermos o aprendizado e desenvolvimento dele. Ele está super ansioso para o retorno pós-pandemia”, comemora. Além do trabalho presencial, realizado antes da pandemia, o Instituto promove lives e desenvolve materiais de apoio para manter as atividades dos alunos durante o isolamento social. “Nosso projeto sempre foi vinculado às escolas,  buscando reforçar a importância dos estudos, e não poderia ser diferente nesse momento. Estamos todos trabalhando remotamente, mas sempre em contato com os jovens e levando conteúdo por meio das plataformas digitais”, explica o criador do projeto, Alceu Natal Neto.

Com mais de 18 mil jovens e crianças atendidos, o projeto está presente em mais 70 cidades, de 12 estados brasileiros e completou 14 anos em agosto. “É um sonho que virou realidade. Cada uma dessas crianças mudou nossa vida e nossa história também. Nos tempos em que vivemos, o trabalho social é essencial para promover igualdade e gerar oportunidades. Fazemos isso para ver um futuro melhor”, finaliza Neto.

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