CNC projeta pior ano em uma década para o setor de serviços
A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) projeta uma retração de 5,6% no volume de receitas do setor de serviços, em 2020. A estimativa tem como base os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de abril, divulgada nesta quarta-feira (17/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confirmada a previsão, o setor terciário pode registrar o pior desempenho anual na série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2011.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, mesmo em um cenário de flexibilização da quarentena, o elevado grau de deterioração da conjuntura econômica não possibilita, neste momento, vislumbrar o horizonte de recuperação do setor. “Além da contração do consumo das famílias, a queda do nível de confiança dos serviços revela certa aversão à retomada dos investimentos diante do elevado grau de ociosidade corrente no setor”, afirma Tadros. A última previsão da entidade para os serviços em 2020 havia sido em fevereiro, com base nos dados de 2019. Ainda sem os efeitos do novo coronavírus, a previsão, naquele momento, era de crescimento de 2,1% para o setor neste ano.
De acordo com a PMS, o volume de receitas do setor de serviços encolheu 11,7% em abril, em relação a março, já descontados os efeitos sazonais. Foi a maior queda mensal de faturamento real desde o início dos levantamentos, iniciados há quase dez anos. Embora todos os grupos de atividades tenham registrado retrações, o resultado mensal foi particularmente influenciado pelas quedas inéditas na prestação de serviços às famílias (-44,1%) e no segmento de transportes, armazenagem e correio (-17,8%). Mais especificamente, os serviços de alimentação e alojamento (-46,5%) e o transporte aéreo (-73,8%) foram os que mais sofreram.
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC, os reflexos da forte queda na demanda por serviços de alojamento e alimentação já vinham sendo capturados por outros indicadores conjunturais, divulgados antes da PMS de abril, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Diante de tamanha queda na atividade, já há reflexos sobre a empregabilidade nesses setores. De acordo com os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os serviços de alojamento e alimentação foram, proporcionalmente, os que mais destruíram postos de trabalho no bimestre março-abril, entre os 21 subsetores econômicos analisados”, destaca o economista.
Turismo
As atividades turísticas medidas pela PMS apresentaram quedas inéditas em abril. Após recuar 30% em março, o volume de receitas das atividades turísticas caiu 54,5% em abril. O setor tem sido um dos mais impactados pela crise provocada pelo surto de covid-19, sobretudo com o fechamento das fronteiras em diversos países, o que fez reduzir drasticamente o fluxo de turistas no País desde março.
A CNC calcula que, em três meses, o setor de turismo perdeu quase R$ 90 bilhões em decorrência do novo coronavírus. Em março, quando foi decretada a pandemia da doença, o setor acumulou perda de R$ 13,38 bilhões em relação à média mensal de faturamento nos meses anteriores. A paralisia quase completa do turismo nas semanas seguintes agravou esse cenário e fez com que o setor perdesse R$ 36,94 bilhões em abril e R$ 37,47 bilhões em maio, totalizando prejuízos na ordem de R$ 87,79 bilhões.