DORIAN SAMPAIO: Mais do que um político, empreendedor da indústria da comunicação no Ceará

(Por Rogério Morais) 

Dorian Sampaio não desvinculava as suas atividades jornalísticas da política. Por isso enfrentou a ditadura militar quando estava no auge da sua carreira política. Antes da criação dos cursos de Comunicação Social – Jornalismo – os profissionais da imprensa eram profissionais liberais, como Advogados, Professores, Médicos, Dentistas e também políticos, poetas, escritores, entre outros artistas e profissionais liberais que tinham o dom das letras e das ciências política e social. 

Um brasileiro à frente do seu tempo em diversas áreas em que atuou durante mais de 50 anos de atividades profissionais. Dorian Sampaio, como jornalista, político, empresário dos setores jornalístico e gráfico, teve relevante papel nesses negócios no Estado do Ceará, sem perder de vista a ideologia política que marcou os grandes homens que, no exercício das ações políticas, fizeram a grande transformação econômica que o Brasil obteve a partir das primeiras décadas do século XX, quando a Nação brasileira fortaleceu a sua nacionalidade em todos os sentidos, econômico e social, inclusive político. 

 

Jornalista, atuou nos mais importantes veículos de comunicação do seu tempo. Empresário, desde cedo, ainda muito jovem, empreendeu no setor da imprensa, tornando-se um dos maiores dirigentes locais da indústria da comunicação. Como era uma prática ideológica da geração dos “militantes” jornalistas da época, Dorian Sampaio não desvinculava as suas atividades jornalísticas da política. 

 

Por isso enfrentou a ditadura militar quando estava no auge das suas atividades políticas. Antes da criação dos cursos de Comunicação Social – Jornalismo – os profissionais da imprensa eram profissionais liberais, como Advogados, Professores, Médicos, Dentistas e também políticos, poetas, escritores, entre outros artistas e profissionais liberais que tinham o dom das letras e das ciências política e social. 

 

Por exemplo, o seu primeiro jornal foi o “Diário do Povo”, do advogado, poeta e escritor Jáder de Carvalho, pai do também jurista, jornalista, escritor, radialista e ex-senador Cid Carvalho.  Jáder de Carvalho, como já foi amplamente escrito, foi um jornalista combativo que teve uma vida pessoalmente – digo fisicamente – corpo-a-corpo – entrelaçada na luta em defesa das grandes causas da humanidade, na primeira metade do século passado. Militou durante muitos anos no Jornal O Democrata, veículo que fez história na imprensa cearense e se tornou uma escola para os novos profissionais, na época. 

 

Ramo Gráfico 

Para muitos, ainda nessa nossa contemporaneidade, considerando a história política brasileira  mais recente – o regime militar de 1964 – Dorian Sampaio, depois da sua cassação  pelos militares, como deputado estadual, teve um papel ímpar, quando o Brasil – as entidades representavas da sociedade (estudantes, Igreja, sindicatos, o MDB, que tinha em seus quadros as mais diversas linhas e correntes políticas democráticas), foi, mais uma vez, um cidadão que não mediu esforço no sentido de contribuir para as grandes causas nacionais. 

 

Como proprietário da Gráfica Stylus, foi uma das primeiras empresas do setor a aceitar imprimir jornais de sindicatos e demais entidades que se movimentavam contra a ditadura, ou seja, a queda do regime militar na virada dos decênios 1970/80. Não recuou da luta democrática, muito pelo contrário, a sede da sua empresa, no bairro Benfica, passou a ser um “quartel” general da logística impressa das forças de oposição que se formavam em torno das “liberdades democráticas”. 

 

Uma época de efervescência política e de retorno às multiplicidades de práticas ideológicas. Mas Dorian abriu suas portas para fluir o crescimento da organização política e social que estava sob a camisa de força da repressão, sem contrariar as ideias dos demais, mesmo que essas não fossem as que ele comungava com o seu grupo político. Um verdadeiro democrático que, além do diálogo político, deu crédito real aos grupos que se formavam, sem nenhuma estrutura, ainda, necessitando de material, como panfletos, jornais, cartilhas, cartazes e livros para consolidar o movimento. 

 

Recordando 

Já no ano de 1960, com o falecimento do seu fundador, Waldery Uchôa, enfrentou o desafio e deu continuidade ao Anuário do Ceará, juntamente com o jornalista Lustosa da Costa, publicação que teve o seu comando editorial por mais de 30 anos. Primeira publicação sobre o PIB cearense, destacando as empresas, os setores econômicos, através de dados de pesquisas e gráficos que serviam de parâmetros para os gestores e empreendedores. 

 

Outro desafio na indústria da comunicação, foi a fundação do JORNAL DO DORIAN, o JD, que ficou tão conhecido entre os cearenses, como o JORNAL DO BRASIL – JB, era conhecido entre os brasileiros, no regime militar. O que a grande mídia não publicava, devido a censura política ou econômica, o JB no Brasil e JD, no Ceará publicavam. A sede do jornal ficava no bairro Benfica, onde funcionava a empresa, a gráfica. Era também um espaço cultural, pois a empresa sempre esteve à frente da linha editorial no ramo livreiro, que também sofria censura. 

 

O maior patrimônio deixado pelo empresário e político Dorian Sampaio foi intangível. A sua história de luta política, o enfrentamento econômico diante de novos grupos que ganharam espaço no contexto local, o exemplo para os mais jovens, toda a sua vida é motivo de boas lembranças. O seu nome e sua oba está na memória do povo através de instituições que levam o seu nome, como o Centro Cultural de Maracanaú e várias publicações. 

 

Os seus herdeiros dão continuidade ao seu projeto empresarial no ramo gráfico mantendo a mesma linha, hoje com a Gráfica e Editora RDS. 

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