Exercício físico auxilia o controle da glicemia, mesmo quando realizado em casa
São Paulo, maio de 2020. Diante das limitações impostas pelo período de quarentena, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) explica como diferentes exercícios físicos podem contribuir para a estabilidade glicêmica, sendo uma ferramenta eficaz para o controle e prevenção do diabetes. Segundo a endocrinologista Dra. Andrea Fioretti, membro do Departamento de Nutrição, Exercícios e Esporte em Diabetes da SBD, cada tipo de exercício atua de modo distinto no corpo. Enquanto os aeróbios (como caminhada rápida, natação, e ciclismo) estimulam a queda nos níveis de glicemia, os anaeróbios (musculação e outras atividades de força ou resistidas) promovem sua manutenção ou elevação. A médica, contudo, aponta outros fatores que as pessoas com diabetes devem observar ao escolherem seus exercícios físicos.
Atividade física durante o período de isolamento
A atividade física é muito importante para a manutenção da saúde como um todo. No caso do diabetes, os exercícios ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue, pois aumentam a sensibilidade à insulina. Além disso, colaboram para a redução/controle do peso e promovem melhorias no condicionamento do sistema cardiovascular.
Tipos de Exercícios: aeróbios ou resistidos
Durante a prática de exercícios aeróbios, os músculos tendem a captar mais glicose por um período de até duas horas (por mecanismos independentes da insulina) e por 48 horas (por meio de mecanismo dependente da insulina). Desta maneira, o exercício aeróbio provoca a queda da glicemia.
Em outra medida, os exercícios anaeróbios ou resistidos, por meio de pesos livres, garrafas pet com água ou areia, aparelhos de musculação, ou mesmo calistenia, provocam a manutenção ou elevação da glicemia evitando quadros de hipoglicemia durante o esforço. “Como o exercício anaeróbio é de curta duração e alta intensidade, exige uma mobilização rápida e aguda das fontes de carboidratos e gorduras para a obtenção da energia adequada para o esforço. Para tanto, ocorre uma elevação significante dos hormônios hiperglicemiantes. Desta forma, esse tipo de exercício físico eleva ou mantem a glicemia”, comenta a Dra. Andrea.
A endocrinologista comenta que ambos os tipos de exercícios são importantes e complementares para as pessoas com diabetes: os aeróbios atuam no condicionamento cardiovascular. E os anaeróbios, no ganho de massa muscular e força. “Uma estratégia interessante para melhoria do controle glicêmico é escolher a sequência dos dois tipos de exercício na sessão do treino combinado a depender da glicemia realizada antes da sessão ou seja iniciar a sessão de treino com o exercício: resistido, quando a glicemia estiver tendendo a cair; aeróbio, quando a glicemia estiver relativamente mais alta ou tendendo a se elevar antes do esforço” sugere a endocrinologista.
Outra opção é selecionar o tipo de exercício a ser realizado a depender da glicemia pré-treino quando apenas um dos tipos de exercício for praticado: praticar o resistido quando a glicemia estiver normal ou tendendo a cair e praticar o aeróbio quando a glicemia estiver relativamente mais alta ou tendendo a se elevar antes do esforço.
A Dra. Andrea Fioretti orienta ainda para que as pessoas com diabetes realizem uma avaliação médica detalhada para a triagem de possíveis complicações secundárias ao diabetes que exigem uma prescrição individualizada do exercício e alerta sobre a importância da monitorização da glicemia antes, durante e após o exercício para que o indivíduo realmente usufrua dos benefícios da prática do exercício.
Sobre a SBD
Filiada à International Diabetes Federation (IDF), a Sociedade Brasileira de Diabetes é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1970, que trabalha para disseminar conhecimento técnico-científico sobre prevenção e tratamento adequado do diabetes, promover a educação continuada de todos os profissionais envolvidos nos cuidados às pessoas com diabetes, e conscientizar a população a respeito da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Também colabora com o Estado na formulação e execução de políticas públicas voltadas à atenção correta dos pacientes, visando a redução significativa da doença no Brasil. Conheça nosso trabalho: www.diabetes.org.br.