Parceria entre o setor público e a iniciativa privada viabiliza investimentos para a pesquisa em arroz no Tocantins

No estado do Tocantins, o agronegócio do arroz desempenha papel de grande importância na geração de divisas e de empregos sendo a região, atualmente, a terceira maior produtora de arroz do Brasil.

O cultivo de arroz no Estado se posiciona entre as três cadeias produtivas (carne, soja e arroz) em termos de importância e do valor bruto da produção (VBP); isto significa que, além da geração de empregos e renda, o Estado contribui com o desenvolvimento regional do sudoeste tocantinense, beneficiando direta ou indiretamente treze municípios. Só na safra 2018/2019, por exemplo, se estima a produção foi de 705 mil toneladas de arroz em casca, em uma área de aproximadamente 108 mil hectares.

Considerando, ainda, que o arroz produzido no Tocantins é importante por abastecer os estados da região Norte e Nordeste, que tem o cereal como alimentação básica em suas refeições.

Contudo, por estar na região tropical, as lavouras de arroz nesse Estado desafiam a elevada incidência e severidade de doenças presentes na cultura, principalmente a brusone, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, que apresenta a maior diversidade de patótipos já descrita no Brasil, o que leva a uma rápida quebra da resistência das cultivares lançadas para cultivo.

Outro aspecto a ser destacado é que o arroz irrigado do Tocantins, têm enfrentado restrições na disponibilidade de água bombeada de rios para irrigação das lavouras, em consequência da irregularidade na distribuição das chuvas no Estado.
Com isto, o sistema de produção irrigado por inundação com uso de lâmina de água, impreterivelmente, tende a ser substituído pelo sistema com uso de solo saturado, também conhecido como “várzea úmida”, cujo principal problema é a infestação das lavouras por ervas daninhas.

Essa desvantagem, porém, reduziu sua importância após o surgimento das cultivares com tolerância genética a herbicida de largo espectro, do grupo químico das Imidazolinonas, que possibilita o controle de plantas daninhas e do arroz daninho.

O mercado brasileiro já é muito exigente quanto à qualidade de grãos do arroz, sendo essa expressa pelo rendimento de grãos inteiros, pela classe e tipo comercial, e pela qualidade culinária (maciez, pegajosidade, sabor, etc).
Na região tropical a qualidade industrial principalmente, tende a ser inferior devido a elevada umidade relativa do ar e as pragas e doenças, que ocorrem nas lavouras de arroz do Tocantins o que leva a uma maior incidência de grãos quebrados e com centro branco.

Assim, esse cenário exige do melhoramento genético de arroz uma maior agilidade de desenvolvimento de linhagens elite para região tropical do Brasil, não somente de elevado potencial produtivo, mas com a presença de tolerância à herbicida, resistência genética às principais doenças da cultura, especialmente à brusone, com ciclos de maturação distintos (precoce e médio) para permitir o escalonamento de plantio e colheita, e com a presença de grãos “nobres” tanto em aspectos industriais quanto culinários.

A aproximação com as Empresas de produção de sementes que atuam no Estado, movidos pela excelência das cultivares atualmente lançadas (BRS Catiana, BRS Pampeira e BRS A702 CL) pela Embrapa, ocasionou em aumento significativo na área plantada com cultivares da Embrapa que passou de 5% na safra 2016/2017 para 78% na safra 2018/2019.

Isto demonstra que as cultivares lançadas pela Embrapa são de alta qualidade e o principal interesse de colaboração com essas Empresas está no tema melhoramento genético de arroz para o Tocantins, com maior envolvimento das mesmas no desenvolvimento de novas cultivares para dar maior agilidade a disponibilização de sementes.

O uso de cultivares adaptadas para condições de clima e solo do Tocantins, por serem selecionadas pelo programa de melhoramento para tolerância a doenças, tem contribuído de forma expressiva para a redução do uso de agrotóxicos nos cultivos de arroz no Tocantins, com taxas de redução de 50% do número de aplicação de fungicidas na safra 2018/2019, resultando em ganhos ambientais, redução do custo de produção e maior lucratividade para os orizicultores.

No mês de março de 2019 a Embrapa formalizou um contrato de cooperação técnica, com a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (FAPED), e as Empresas produtoras de sementes que atuam no Tocantins (Uniggel Sementes – Indústria e Comércio de Sementes LTDA; Valdemir João Simão – Sementes Simão; e Jorge Augusto Barragana Brazeiro – Brazeiro Sementes), com vigência de quatro anos, ou seja, até o mês de março de 2023.

A principal vantagem dessa parceria é que a Embrapa terá um mecanismo mais ágil, dinâmico e seguro para adoção e disseminação das tecnologias desenvolvidas para a região, principalmente pela segurança de disponibilização de sementes das novas cultivares.

 

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