Estudo do Idec aponta abusos da publicidade de crédito no Brasil
Pesquisa analisou mais de 100 mensagens publicitárias de 5 modalidades de crédito oferecidas e identificou armadilhas que podem levar consumidor ao superendividamento
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O Idec, ONG de Defesa do Consumidor, divulgou nesta quarta-feira (18) o resultado da análise de mais de 100 mensagens de publicidade de crédito oferecidas por instituições financeiras no país. A pesquisa buscou identificar mensagens agressivas que estimulem o consumidor a tomar empréstimos sem planejamento financeiro, utilizando de práticas abusivas. O estudo aponta que todas as instituições pesquisadas apresentam publicidades com presença de frases de impacto entre argumentos utilizados para o convencimento para a contratação do crédito. As alegações de “praticidade” e “rapidez de contratação” são amplamente exploradas como facilitadoras de acesso. Além disso, a pesquisa identificou que 40,8% das publicidades de crédito continham asteriscos ou letras pequenas que dificultam a leitura, principalmente nas publicidades impressas e nos cartazes das agências. Em 35,3% desses casos, esse artifício foi usado em anúncios de crédito por consignação (crédito consignado e cartão de crédito consignado), que tem o público idoso como um dos principais alvos. “O objetivo da pesquisa foi avaliar como as mensagens publicitárias sobre a contratação de crédito influenciam as decisões dos consumidores, muitas vezes com informações insuficientes ou enganosas, despertando o impulso do consumidor e desconsiderando riscos e contribuindo para o aumento do superendividamento. Em nenhuma publicidade avaliada havia alertas sobre riscos”, afirma a economista do Idec, Ione Amorim. Além de apontar os principais problemas, o estudo também apresenta recomendações aos consumidores para não cair em armadilhas do crédito. Entre as sugestões está planejar a contratação do crédito e avaliar se conseguirá pagá-lo; analisar as condições oferecidas por várias empresas e calcular as condições com auxílio de ferramentas financeiras, como por exemplo, a calculadora do Banco Central; se precaver contra propagandas que vendem “felicidade” e “realização de sonhos”; e ler todas as informações presentes na propaganda, atentando-se principalmente àquelas que estão no rodapé em letras quase ilegíveis. Na pesquisa foram analisadas cinco linhas de crédito (crédito pessoal, crédito consignado, cartão de crédito, crédito para negativados e crédito para renegociação de dívidas) e as mensagens predominantes nos diversos tipos de publicidades realizadas por 31 empresas, sendo 12 bancos, 8 financeiras, 8 fintechs (empresas de tecnologia financeira que atuam exclusivamente online) e 3 correspondentes bancários. |