200 anos da Confederação do Equador – O Nordeste que aspirou a República Brasileira

• Os primeiros movimentos de manifestação ideológica
• A chamada “Revolução Pernambucana de 1817”
• Paes de Andrade, o Pai da Confederação do Equador
• O movimento chega ao Ceará através de Bárbara de Alencar e seus filhos
• A Confederação entra no Ceará pelo Crato
• O Diário do Governo do Ceará dirigido pelo Padre Mororó
• O Ceará República por uma semana
• A primeira oficina de Artes Gráficas no Ceará
• Heróis que tombaram pelos ideais republicanos

Por Zelito Magalhães
No ano de 1817, o espirituoso Domingos Martins deu o grito que ecoou nos estados vizinhos de Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Tratava-se de um movimento revolucionário de caráter separatista e republicano que também ficou conhecido como Revolução dos Padres. Desencadeada com o propósito de transformar a “qualquer custo” o sistema político em ordem social, a revolução teve como escopo a insatisfação do povo em face dos gastos excessivos com banquetes na Corte, além de outras despesas astronômicas pagas como o dinheiro público. Tudo aquilo constituíam a revolta de quantos enfrentavam e sofriam com os problemas locais da seca ocorrida em 1816.

Confederação do Equador
O movimento eclodiu em 1824 sob a inspiração do então presidente de Pernambuco, Manuel de Carvalho Paes de Andrade, quando um plano de solidariedade foi firmado, alastrando-se entre as províncias do Nordeste com a denominação de Confederação do Equador. Dentre os planos estava o projeto da Tipografia Nacional, o que oportun3izou o Ceará instalar uma oficina de artes gráficas. A Câmara de Quixeramobim, sob a influência do Padre Mororó, se reuniu em grande sessão a 9 de janeiro de 1824 e declarando que, pela traição cometida, ficavam decaídos do Trono o Imperador e seus descendentes, declarou que se curasse dos meios de se substituir a forma de Governo, convidando as demais Câmaras da Província para cooperarem na organização de uma República. A 1º de abril daquele 1824, circulou o primeiro número do “Diário do Governo do Ceará”, no então governo do Presidente José da Costa Barros. Mororó fora nomeado seu redator, “por ser pessoa de instrução e conhecimentos”
Mororó era formalmente acusado, após a conclusão de um processo a que foi submetido, de três crimes: 1) de ter proclamado a República em Quixeramobim; 2) de ter servido de secretário do Presidente da República no Ceará, Tenente Coronel Tristão Gonçalves de Alencar Araripe; 3) de ter sido o redator do Diário do Governo do Ceará, órgão dos republicanos. Padre Mororó foi fuzilado em 30 de abril de 1825, no Largo da Pólvora (hoje Passeio Público) com João de Andrade Pessoa Anta.

Bárbara Alencar a primeira prisioneira política do Brasil

Quem era Bárbara de Alencar
Bárbara Pereira de Alencar nasceu na Fazenda Caiçara, província de Senhor Bom Jesus dos Aflitos do Exu (Pernambuco), em 11 de fevereiro de 1760. Adolescente, se mudou para a Vila do Crato, casando-se com o comerciante português José Gonçalves dos Santos. Teve os seguintes filhos: José Martiniano Pereira de Alencar (o futuro Senador Alencar) Tristão Gonçalves e Carlos José dos Santos. Participou com os filhos e o irmão Leonel Pereira de Alencar da Revolução de 1817 em sua terra e do levante que chegou ao Ceará em 1824, com a denominação de Confederação do Equador. Presa por ordem do Comandante das Armas do Ceará, Conrado Jacob Niemeyer, foi conduzida ao presídio subterrâneo do Forte de Nossa Senhora da Assunção (hoje o Quartel da 10ª Região Militar, em Fortaleza). Permanecendo presa por três anos, fugiu da perseguição política, homiziou-se na cidade piauiense de Fronteiras, vindo a falecer no dia 18 de agosto de 1832. Bárbara teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

A dissolução da Assembleia
Em 12 de novembro de 1823, D. Pedro I ordenou que o exército cercasse e dissolvesse a Assembleia Constituinte, que estava a redigir a primeira Constituinte do Brasil. O Imperador ficou irritado com os termos da Constituição em elaboração, que limitavam os seus poderes e valorizavam os do Legislativo. Após a dissolução da Assembleia, D. Pedro I autorizou a elaboração de uma nova Constituição, que foi outorgada em 25 de março de 1824.Esta Constituição reforçou o poder do Imperador, que se tornou o monarca absoluto.

 

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