Abismo de Trovas

José Pereira de Albuquerque é um escritor de primeira linha. Seus livros publicados demonstram a grande capacidade de dominar as letras. Além do mais, ele incorpora as qualidades de grande poeta e trovador.

A trova, como todos sabem, não é fácil de se fazer. Não bastassem as regras rígidas de metrificação, o autor deve, principalmente, dar um sentido completo às vinte e oito sílabas distribuídas em quatro versos, não deixando de obedecer à rima intercalada.

Portanto, para se fazer uma boa trova é preciso ter competência e, sobretudo, talento, além de ser um verdadeiro poeta. E Pereira de Albuquerque possui todas as qualidades de um excelente trovador, haja vista as classificações obtidas em concursos de que participou.

Abismo de Trovas, portanto não é só mais um livro de poesia; é mais uma jóia na imensa coroa do trovadorismo brasileiro.

E a sensibilidade do autor é por demais demonstrada nas trovas que o compõem. Para os que, como eu, privam da amizada de pereira, não é preciso dizer que, além de poeta, ele é também um homem simples, bom, correto, inteligente e, acima de tudo, excelente cidadão. Na modéstia de um gênio, eis o que ele mesmo escreve:

Minhas trovinhas singelas,

nascidas da solidão,

sejam feias, sejam belas,

São, de fato, o meu bordão.

As idéias, em sua cabeça, fluem sem dificuldade, pois, com palavras simples e um grande coração, consegue esboçar uma trova como esta, de inegável teor filosófico.

 

Dói-me saber que, em verdade,

Já não ocorre a ninguém

Que a maior felicidade

Consiste em fazer o bem.

Apesar de radicado na capital, não esquece o sertão principalmente Ipaumirim, sua terra natal. Não é, pois, de admirar que as lembranças de sua infância povoem-lhe ainda o pensamento:

 

Ipaumirim – das cidades

Talvez a mais pequenina,

Mas onde minhas saudades

Fazem ponto em cada esquina!

 

E por vai o seu buquê de belas trovas, em que o autor, às vezes, se revela um excelente conselheiro.

 

Quando a tristeza me inunda,

ponho-me a ler, ela passa…

Não há tristeza tão funda

que um bom livro não desfaça.

 

Isto posto, as trovas deste livro se equiparam às dos grandes trovadores brasileiros e sobre elas poderíamos discorrer por páginas e páginas, pois cada trova lida é um momento  ímpar de deleite. São exatamente mil trovas, distribuídas em 220 páginas, com grande variedade de temas, o que torna difícil escolher a melhor, já que todas são dignas da nota máxima. Quanto a você ilustre leitor, saboreie essas maravilhas e sinta a profundidade da verdadeira arte de trovar.

 

Gutemberg Liberato de Andrade

Presidente da UBT, Fortaleza.

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